Pedalar 1200 quilómetros pelos Bombeiros Voluntários de Valongo é o que propõe fazer André Carvalho, de 36 anos, designer na Câmara Municipal de Valongo.
Segundo André Carvalho, o brevet oficial na “distância rainha” de 1200 quilómetros, denominado “Portugal Além-Tejo 1200” (PAT1200), realiza-se pela primeira vez no nosso país e é organizado pelos Randonneurs Portugal, entidade reconhecida pelo Audax Club Parisien, autoridade mundial no que respeita a Brevets Randonneurs Mondiaux.
Além de constituir um desafio pessoal, a iniciativa tem um cunho solidário e pretende ajudar a corporação dos Bombeiros de Valongo que carece de equipamentos de protecção individual.
“Quis associar a minha paixão pelas longas distâncias com a necessidade de apoiar uma instituição. Optei pelos Bombeiros Voluntários de Valongo porque apesar de ser uma associação bem equipada debate-se com a falta de equipamentos de protecção individual”, disse.
Ao Verdadeiro Olhar, o designer salientou, ainda, que esta aventura que inicia em Lisboa e que entra pelo Alentejo, tem, também, como finalidade chamar a atenção para os incêndios, para a salvaguarda da floresta e o ordenamento da mesma.
“Todos os anos somos confrontados com o problema dos incêndios, em especial este ano, com consequências graves para a vidas das pessoas, e pareceu-me oportuno participar neste evento, também, como forma de sensibilizar as pessoas”, acrescentou.
Falando da prova, André Carvalho salientou que esta é uma iniciativa organizada pelo Randonneurs Portugal, que conta com a presença de 30 participantes, 10 portugueses e 20 atletas de outros países.
O designer da Câmara de Valongo destacou que está habituado a fazer tiradas de longa distância por iniciativa própria, participa nos brevets organizados pelos Randonneurs Portugal, mas é primeira vez que vai fazer um percurso com 1200 quilómetros.
“Esta iniciativa solidária surge associada ao actual momento no meu percurso pessoal nas longas distâncias em bicicleta, a vertente deste desporto que assumidamente prefiro”, disse, salientando que estes brevets surgiram em França há mais de 100 anos e são eventos não competitivos, realizados numa única etapa, em autonomia total e obedecendo a um conjunto de regras bem definidas.
No final de um brevet não existe qualquer tipo de classificação nem distinção entre os participantes que terminam. O prémio maior é mesmo completar o desafio.
Referindo-se ainda à prova, André Carvalho esclareceu que os participantes não têm qualquer estrutura de apoio ou planeamento.
“Quando surge algum problema ou adversidade temos de ser nós a ultrapassá-la”, disse, confirmando tratar-se uma prova individual, que além do treino físico implica uma disposição mental para a fazer.
Sobre o desafio de pedalar 1200 quilómetros, André Carvalho manifestou que vai dar tudo para cumprir com os objectivos traçados, ajudar os bombeiros e não defraudar as expectativas das empresas que contribuíram já para esta causa.
A participação no PAT1200 é limitada a um grupo restrito e a inscrição só é possível após cumprir uma série completa de brevets de qualificação durante este ano. Esses brevets de qualificação compreendem as distâncias de 200, 300, 400 e 600 quilómetros.
André Carvalho ao longo do primeiro semestre deste ano assegurou a homologação nas distâncias menores, realizando vários brevets em Portugal. O ciclo ficou completo no final de Maio, com uma visita a Espanha, tendo percorrido 600 quilómetros a pedalar nos arredores de Salamanca.
Quanto ao percurso, o designer da Câmara de Valongo esclareceu que a prova irá decorrer maioritariamente no Sul do país, com o brevet a iniciar na cidade de Lisboa às 6h30 do dia 21 de Setembro.
O percurso irá percorrer a costa Alentejana até terras Algarvias onde se fará a travessia horizontal do país.
Ao Verdadeiro Olhar, André Carvalho manifestou que o segmento mais difícil deverá acontecer entre Vila Real de Santo António e Castelo de Vide.
“As pessoas têm a ideia de que o Alentejo é plano, mas a realidade diz-nos o contrário”, avançou, salientando que a prova passa por Évora, Castelo de Vide, regressando novamente a Évora, regressando posteriormente a Lisboa, onde terminará o brevet.
O tempo limite para a conclusão dos 1200 quilómetros é de 90 horas. Cabe a cada participante gerir da melhor forma o seu tempo a pedalar e a descansar, por forma a conseguir completar a distância dentro do tempo regulamentar.
“Cada participante tem o seu plano, pedalando e descansando consoante as suas capacidades”, afiançou André Carvalho, afirmando estar expectante que irá conseguir fazer segmentos diários de cerca de 300 a 350 quilómetros.
QUER Chegar às 10 empresas
O funcionário da autarquia de Valongo confessou, também, que são várias as empresas que manifestaram vontade de se associar à iniciativa.
“Para já existem sete empresas dispostas a colaborar, mas o objectivo é chegar às dez. Acredito no efeito contágio e que mais empresas se irão associar a esta causa”, asseverou, salientando que a ideia passa por converter cada quilómetro pedalado num donativo para os bombeiros.
“Espero, obviamente, no final conseguir que sejam os 1200 programados”, garantiu, relembrando que não será possível transformar um mero desafio pessoal numa causa solidária sem o apoio das empresas e entidades que se disponibilizaram a ajudar os Bombeiros Voluntários de Valongo.
O designer garantiu, também, que não pretende nem procura qualquer compensação para si próprio, uma vez que assumirá a totalidade dos custos logísticos e de participação nesta prova.
“A totalidade do valor angariado será efectivamente entregue aos Bombeiros de Valongo, sendo essa verba especificamente encaminhada para a compra de novos equipamentos de protecção individual (EPI’s), uma das necessidades mais urgentes da corporação”, concretizou.