Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

“Tenham cuidado com as pessoas estranhas”. É esse o conselho de Maria Olinda Neves, de 81 anos, que foi, recentemente, alvo de tentativa de burla.

A sénior foi abordada na casa onde vive sozinha, no concelho de Valongo, por um homem e duas mulheres. “Ele disse que era amigo de um irmão que está em França e que ia montar uma ourivesaria e queria ver as minhas alianças. Depois uma delas pediu para ir à casa de banho e às tantas já vinha a outra atrás. Eu desconfiei e só disse ‘vocês não entram que vem aí o meu filho’ e fugi. Não chegaram a levar nada”, conta. Chamou a GNR, mas o susto ficou.

“Agora passa um carro e para e eu fecho a porta. Sinto-me mais segura com eles aqui”, diz, referindo-se às visitas de uma equipa da GNR, da Secção de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário de Santo Tirso, que tem recebido nas últimas semanas.

É para prevenir estes casos que estes militares têm realizado, além destas visitas ao domicílio, sessões de prevenção para alertar os seniores contra furtos, burlas e contos do vigário.

A última foi realizada esta terça-feira, em Alfena, inserida na Operação Censos Sénior que decorre a nível nacional, e juntou 250 idosos no Centro Social de Alfena.

Só este mês, o Destacamento já realizou palestras para 600 seniores.

“Bastam dois a três minutos para um ladrão entrar”

Os conselhos do cabo Henrique Vicêncio, do Destacamento de Santo Tirso da GNR não são novos. Alguns idosos reconhecem mesmo já conhecê-los. Mas é sempre boa altura para os relembrar para prevenir situações de risco.

Publicidade

Coube a ele apontá-los um a um e interagir com os seniores. Deixar portas e janelas fechadas e nunca deixar a chave na porta ou debaixo de um vaso está fora de questão, alerta. “Quantas vezes vamos só ao pão ou ao lixo e deixamos a porta encostada? Bastam dois a três minutos para um ladrão entrar”, explica. Nunca facilitar e muito menos deixar entrar em casa pessoas suspeitas ou desconhecidas é outra regra de ouro. “Desconfiar é a palavra de ordem. Quem burla são pessoas bem vestidas e bem-falantes”, lembrou Henrique Vicêncio.

Ter sempre à mão contactos de emergência, nunca andar sozinhos à noite, avisar a GNR quando vão estar ausentes de casa vários dias, transportar apenas o dinheiro essencial e não ostentar jóias, ter cuidado no uso do multibanco e não acreditar que é preciso trocar notas, foram algumas das dicas deixadas. Caso alguém se apresente como elemento da Segurança Social ou de alguma empresa de serviços pedir identificação e confirmar.

“Para mim estes conselhos não são novidade. Mas todo o cuidado é pouco”, reconheceu António Pereira, de Ermesinde. “Quando vou ao multibanco ponho sempre a mão por cima a tapar”, dá como exemplo o sénior que assistiu à sessão.

Cândida Teixeira concorda. “É importante relembrar estas coisas porque hoje em dia é habitual haver burlas”, refere. “Nunca deixo a porta encostada ou dou conversa a desconhecidos”, garante a residente em Ermesinde.

“Sou um bocado descuidada. Penso sempre que ninguém me vai roubar”, admite Conceição Prudêncio. “Já entrei na casa dela porque tinha só a porta encostada e a carteira aberta em cima da mesa da cozinha”, brinca a amiga, Laura Soares.

“São conselhos básicos, mas que fazem toda a diferença”

Além destas sessões, o Destacamento de Santo Tirso da GNR faz visitas regulares aos idosos referenciados nos concelhos de Valongo, Trofa e Santo Tirso, num reforço de policiamento.

“Fazemos as acções de sensibilização e depois o acompanhamento domiciliário aos idosos sinalizados. O Destacamento Territorial de Santo Tirso tem três concelhos e 130 idosos sinalizados. Tentamos semanalmente fazer visitas a estas pessoas sem rectaguarda familiar. Precisam de nós para falar, desabafar e sentir-se mais seguros”, explica a tenente Joana Alves.

“Vem muita gente assistir às nossas acções, as pessoas gostam e percebem que é útil o que dizemos e têm aderido. São conselhos básicos, mas que fazem toda a diferença”, garante.