Estamos na era da informação, uma informação que é tanta, e por vezes tão incomoda, que poderíamos muito bem chamar-lhe a era da distracção. Parámos para ler e responder cada vez que recebemos um email. Parámos para responder a cada comentário nas redes sociais. Parámos para ler cada mensagem que recebemos. Na verdade, tanta informação está a tornar-nos cada vez menos produtivos.
A propósito deste assunto, lembrei-me de um texto escrito Rodrigo Lynce de Faria que pode ser útil.
“Se até há uns anos atrás a dificuldade de muitas pessoas era a falta de informação, hoje em dia o problema é o seu excesso. Vivemos saturados de notícias por todos os lados.
Podemos ter oitenta canais de televisão, mas isso não nos dá a capacidade de ver de modo ponderado mais do que um por vez. Nem parece ser verdade que o zapping constante torne as pessoas mais bem informadas. A televisão é o reino dos sentimentos, não, em geral, do convite ao pensamento perspicaz.
A abundância de canais de informação também não nos permitem tirar a conclusão de que devemos dedicar mais tempo às novas tecnologias para estarmos verdadeiramente informados.
Isso significa que necessitamos cultivar com empenho uma atitude que, se sempre foi essencial, hoje em dia é imprescindível para não cair no perigo do pensamento único e politicamente correcto: a reflexão.
Foi o pensamento débil que deu à luz o pensamento único. E o pensamento débil germinou devido à falta de reflexão, regada por copiosas chuvas de superficialidade.
Como possuir, então, capacidade de reflexão?
Cultivando uns sábios hábitos que desde sempre facilitaram o seu exercício: a temperança e o estudo pessoal.
Sem temperança, uma pessoa deixa-se arrastar pelo mais prazenteiro e não consegue controlar a sua ânsia de estar informado. É a falta de temperança que explica fenómenos de anseio descontrolado e doentio por saber tudo, estar informado de tudo e não desconectar nunca.
O hábito do estudo possui uma estreita relação com a temperança. Uma pessoa não temperada não consegue estudar, ou seja, dirigir virtuosamente o afã de conhecer. Sem a superação da dispersão e da preguiça intelectual não é possível entender a realidade com um mínimo de profundidade.
Como alguém disse, não pensar torna a vida frívola. No entanto, pensar em tudo com profundidade torna-a completamente angustiante.”