A empregabilidade e as questões sociais, sobretudo a pobreza, estarão no foco de Cristina Mendes da Silva, lousadense que acaba de ser reeleita deputada à Assembleia da República pelo Partido Socialista. De realçar que ocupava o nono lugar da lista do círculo eleitoral do Porto, em lugar elegível.
Cristina Mendes da Silva, que se estreou como deputada em 2019, não esconde que foi um trabalho difícil, sobretudo pela pandemia vivida, mas salienta que encarou esta como mais uma “missão”, desta vez de um âmbito maior.
Bateu-se por temas ligados à região, como a Linha do Vale do Sousa, e promete continuar a fazê-lo. Quer também ajudar o Tâmega e Sousa em tudo o que possa, nomeadamente no uso dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Somos deputados do país, mas não podemos esquecer de onde vamos. Representamos as pessoas que votaram em nós e os territórios onde temos a nossa origem, o Tâmega e Sousa”, admite, referindo-se não só a si própria como a outros eleitos da região.
“Custa-me abandonar a minha terra, mas Lousada e os restantes concelhos são uma prioridade. Estou muito grata por fazer novamente parte deste projecto. Todos estão à espera que possamos fazer mais pelo território e é o que vou procurar fazer, accionando todos os mecanismos possíveis”, garante a deputada.
“Acho que consegui evidenciar o Tâmega e Sousa. As pessoas quando me viam já viam o território”
Na legislatura anterior, Cristina Mendes da Silva destaca o destaca o facto de ser a primeira subscritora de dois projectos de resolução, o de reestruturação do “Programa Rede Social” e da “Monitorização da resposta económica e social ao ecossistema do Vestuário, Têxtil, Calçado e Moda, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência”, este último um sector importante para o Tâmega e Sousa. “O meu enfoque foi nas pessoas, tentar que os trabalhadores desse sector possam ter uma atenção especial no que toca à formação e empreendedorismo. Vão ser necessárias mudanças nestes sectores tradicionais para fazer face aos desafios de reindustrialização da Europa”, defende a lousadense.
Participou ainda em comissões, como a dos Assuntos Europeus e acompanhou a Presidência Portuguesa da União Europeia. Esteve ainda em momentos chave como a Cimeira Social do Porto. Por várias vezes, relata, questionou o Governo sobre a construção da Linha Vale do Sousa. “É um projecto que está no seu caminho e que não perdi de vista”, afirma.
Ainda na área da ferrovia, diz que tentou dar enfoque à grande aposta na formação do Centro de Competências Ferroviário. “É muito importante para nós, pode ser o início de uma nova indústria que pode criar empregos no Vale do Sousa pela proximidade”, acredita. “A empregabilidade é um tema que me é muito caro e que quero explorar mais nestes quatro anos”, diz ainda.
Outro dos focos será a área social. “A minha experiência na autarquia fez-me ver que podemos diminuir a pobreza e tornar a vida das pessoas melhor, através de boas políticas públicas”, assegura a ex-vice-presidente da Câmara de Lousada. “Vou-me focar muito nas questões sociais, sobretudo na luta contra a pobreza e nas questões do género”, promete.
Cristina Mendes da Silva quer ainda ajudar os autarcas da região, mas também instituições e empresas, a aproveitar todos os incentivos possíveis, sobretudo os do PRR, para implementar projectos estratégicos. Quer ser uma ponte entre a região e a Assembleia da República, à semelhança dos outros deputados eleitos pelo Tâmega e Sousa. O PRR pode dar um impulso a uma região com baixos indicadores, desde que todos se unam em torno de projectos “de coesão territorial e social”, acredita a deputada de Lousada. “Para que haja menos pobreza e mais oportunidades, sobretudo para as crianças e jovens. A pior pandemia que temos é a da pobreza e se puder fazer algo para diminuir a pobreza no país já me sinto satisfeita”, argumenta.
Com raízes em Meinedo e aos 55 anos, Cristina Mendes da Silva assume-se como “uma mulher de causas”, que tem aceitado diferentes missões, primeiro na escola pública, depois na Câmara de Lousada e agora na Assembleia da República.
“No Parlamento há deputados com características muito diferentes e achei que a minha experiência profissional e de vida era um acrescento, até para se verem os problemas de outro prisma, o que pode ser benéfico para as políticas públicas. Acho que consegui evidenciar o Tâmega e Sousa. As pessoas quando me viam já viam o território”, conclui.
Cristina Mendes da Silva tem formação superior como educadora de infância, concluiu o bacharelato pela Escola do Magistério Primário de Penafiel e licenciou-se na Escola Superior de Educação de Fafe, com especialização em Educação Especial e Apoios Educativos. É doutoranda em Geografia Humana na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Teve um percurso profissional que passou por diversas instituições no Funchal, em Lousada e em Amarante. Foi vereadora (e vice-presidente) na Câmara Municipal de Lousada e é deputada desde 2019, tendo sido membro efectivo nas Comissões Parlamentares de Educação, Ciência, Juventude e Desporto, Comissão do Trabalho e Segurança Social e Comissão dos Assuntos Europeus.