A Polícia Judiciária está a investigar um caso de homicídio em Aguiar de Sousa, Paredes, depois do corpo de um homem ter sido encontrado, na noite de quinta-feira da semana passada, a boiar no rio Sousa. O cadáver de Leandro Rocha, de 31 anos, natural da Sobreira, Paredes, mas a residir em Campo, Valongo, estava já em evidente estado de decomposição, tinha os braços e pernas amarrados e apresentava ferimentos no peito e costas provocados por facadas.
Cadáver apresentava vários ferimentos provocados por facadas
Eram 16h00 da última quinta-feira, quando uma agricultora de Aguiar de Sousa viu aquilo que lhe pareceu ser um corpo a boiar no rio Sousa. Sem possibilidade de confirmar as suspeitas, esperou pela chegada a casa do marido, já ao início da noite, a quem contou o que tinha visto. E foi este quem se deslocou ao local e esclareceu as dúvidas. Foi, então, chamada a GNR e accionados os Bombeiros de Melres que, nas imediações do Parque Natural da Senhora do Salto, confirmaram que se tratava de um cadáver. Nesta altura, bombeiros e militares da Guarda perceberam que as pernas e braços do corpo tinham sido presos com fita adesiva. Também a boca estava amordaçada. Mas foi só quando a equipa de mergulho dos Bombeiros de Cete retirou o corpo da água que se viu que este tinha vários ferimentos nas costas e peito. Ao que o VERDADEIRO OLHAR apurou, as autoridades, nomeadamente a Polícia Judiciária que deslocou vários inspectores para Aguiar de Sousa, acreditam que estes ferimentos tenham sido provocados por sucessivas facadas. Acreditam ainda que o corpo, devido à decomposição que apresentava, estivesse há vários dias na água.
A corroborar esta tese está ainda o facto de Leandro Rocha ter deixado de ser visto pelas pessoas mais próximas no sábado da semana passada. O jovem, que deixou a Sobreira para residir em Campo, desapareceu depois de ter dito a amigos que iria passar pela casa da ex-companheira, situada em Santa Comba, também na Sobreira. A PJ investiga a possibilidade de se tratar de um crime passional, mas também não excluiu a hipótese de o homicídio estar relacionado com crimes – furto e tráfico de droga – pelos quais Leandro Rocha já havia sido condenado.
“Nunca vi tal coisa”
Madalena Moreira ainda tenta recuperar do susto que apanhou quando, na tarde de quinta-feira, viu um corpo a boiar no rio que passa junto a sua casa, em Aguiar de Sousa, Paredes. “Moro aqui há 20 anos e nunca vi tal coisa. Quando olhei para a levada vi uma cabeça a boiar. Chamei pelo vizinho, mas ninguém respondeu”, conta.
Madalena Moreira ainda suspeitou que se tratasse de um espantalho e, por isso, esperou pela chegada do marido. “Eram 18h30 e eu disse-lhe o que tinha visto. Ele foi ao rio e confirmou que se tratava de um homem morto”, recorda.
Segundo esta testemunha, a vítima estava com “as pernas e os braços amarrados com fita adesiva”. Também tinha “a boca tapada” e dois “golpes nas costas e outros dois no peito”.
Ao VERDADEIRO OLHAR, Madalena Moreira assegura que não se apercebeu de qualquer movimentação estranha naquela tarde, nem nos dias anteriores. O mesmo dizem Amélia Dias e Maria Luz Sousa. Residentes no mesmo lugar, estas mulheres defendem que o corpo foi largado no rio “por alguém que conhecia bem o sítio”. “O corpo não foi deitado à água da ponte [situada a cerca de 300 metros], porque o rio não tem água suficiente para o levar até à queda de água”, explica Amélia.