Um homem de 29 anos, residente em Rebordosa, Paredes, está acusado de invadir a casa dos vizinhos, copiar os dados das suas contas bancárias e, em seguida, efectuar transferências para casas de apostas online, contas bancárias de amigos e para uma outra conta em seu próprio nome. Segundo o Ministério Público, terá sido desta forma que Nelson Castro furtou cerca de cem mil euros ao casal que mora ao seu lado.
Na passada sexta-feira, este indivíduo foi detido pela GNR por, alegadamente, estar envolvido em diversas burlas juntamente com dois familiares. Nelson Castro é irmão de Valdemar Castro, o homem conhecido por “Burlão das notas de 50 euros”, que também foi detido no mesmo dia.
Depois de detido, voltou para casa
O julgamento está marcado para Fevereiro e nele Nelson Castro irá enfrentar as acusações de furto qualificado e burla informática. Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o caso remonta a Junho de 2012. Nessa altura, sustenta a acusação consultada pelo VERDADEIRO OLHAR, Nelson Castro terá ficado com um cartão multibanco de um casal vizinho e transferiu os primeiros milhares de euros para contas da Tradefair e Betfair. Em seguida, usou o dinheiro para realizar apostas online.
Já em Agosto, e após as vítimas terem fechado a conta bancária que estava a ser usada na burla, Nelson Castro terá invadido a casa dos mesmos vizinhos, situada em Rebordosa, Paredes, e copiou o código PIN de um cartão associado a uma outra conta que havia sido aberta recentemente. Na posse dessa informação, terá activado o serviço online e voltado a efectuar diversas transferências para as mesmas casas de apostas virtuais. O mesmo jovem também é acusado de fazer compras online e transferir milhares de euros para diferentes contas bancárias. Uma estava em seu nome e as restantes pertenciam a amigos. Neste último caso, o dinheiro era rapidamente levantado pelos comparsas e entregue, em mão, ao mentor de todo o esquema. O MP calcula que, no total, o dinheiro furtado ronde os cem mil euros.
Devido a este processo, Nelson Castro foi constituído arguido, mas nunca foi notificado da acusação porque, entretanto, rumou ao Brasil. Segundo os vizinhos que foram vítimas do furto, Nelson regressou a Rebordosa no final do ano passado, mas, para as autoridades, continuava com paradeiro incerto. “Descobri que ele estava novamente na casa dos pais e fui avisar a Polícia Judiciária, o Departamento de Investigação e Acção Penal e o Tribunal, mas ninguém fez nada”, lamenta a vítima, que voltará a ter Nelson como vizinho. É que, tal como o irmão Valdemar, Nelson foi libertado e sujeito a apresentações diárias no posto da GNR mais próximo da residência. “Sinto-me em perigo”, revela uma das muitas vítimas dos Castro.
Vida de luxo retratada no Facebook
Após ter, alegadamente, furtado cem mil euros ao casal vizinho, Nelson Castro rumou ao Brasil. Neste país, o homem de 29 anos publicou, no Facebook, várias fotografias em festas, à mesa de restaurantes, deitado na praia e em hotéis de luxo. Antes de regressar a Portugal, Nelson ainda passou pela Alemanha, onde voltou a actualizar a conta da rede social e a queixar-se do frio típico da Europa.
E, já a morar em casa dos pais, o homem que continuava a ser procurado pelas autoridades e iria ser julgado à revelia continuou a publicar fotografias de jantares em marisqueiras na companhia do irmão, em bares e casas de fado.
A passagem de ano foi passada na Avenida dos Aliados, no Porto.
Comerciantes denunciam diversas burlas
As burlas de Valdemar Castro têm sido notícia nas últimas edições de vários jornais. Com 41 anos, este homem usava um esquema através do qual simulava o pagamento, em cafés, cafetarias e quiosques, com uma nota de 50 euros, mas, rapidamente, fugia sem pagar e ainda com o troco. Segundo as autoridades, Valdemar Castro terá efectuado centenas de burlas semelhantes.
Entretanto, diversos comerciantes têm vindo a público denunciar outros casos em que Nelson também terá participado. Um dos últimos aconteceu em Fânzeres, Gondomar, quando o mais novo dos irmãos Castro e o pai tentaram carregar com 250 euros um cartão de pagamentos online. O caso acabou no posto da GNR.
Na última sexta-feira, Valdemar e Nelson foram detidos pela GNR depois de uma perseguição que se estendeu por sete horas. Os irmãos tentaram burlar o dono de um café de Lourosa e foram reconhecidos. Ainda fugiram, mas foram apanhados ao início da noite.