A construção de uma residência universitária em Gandra, Paredes, rés-do-chão mais cinco, cuja declaração de interesse municipal foi aprovada, esta sexta-feira, em Assembleia Municipal com 22 votos a favor da bancada do PS, 16 contra do PSD e as abstenções da CDU e do CDS-PP, suscitou dúvidas entre os deputados municipais e gerou controvérsia.
O assunto já tinha sido abordado pelo vereador social-democrata Rui Moutinho, em reunião do executivo, e foi novamente tratado e discutido pela bancada da CDU e do PSD.
A bancada laranja, pela voz de Soares Carneiro sugeriu mesmo que processo é “pouco transparente” carece de fundamentação, tendo o mesmo sido despachado em tempo recorde.
Falando da construção da dita residência universitária, o líder da bancada do PSD defendeu que faltam documentos e informação ao dossier, defendeu que este processo exige do requerente a obrigatoriedade deste provar a legitimidade com que faz o requerimento.
Nesta questão, Soares Carneiro foi mais longe e quis saber onde está o protocolo com a Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, CRL – CESPU, onde está demonstrado a necessidade de se construir mais alojamento universitário em Gandra, tendo inquirido o presidente da autarquia, Alexandre Almeida, em que qualidade se terá deslocado a Gandra com o promotor do projecto.
Pela bancada do PS, Rui Silva, justificou que a CESPU tem registado um aumento de alunos estrangeiros a fazer mestrados e doutoramentos, por contraste com diminuição verificada de alunos nacionais.
Segundo o deputado municipal, os alunos de nacionalidade estrangeiros que se têm fixado na cidade de Gandra faz com que estes procurem um tipo de alojamento com qualidade que lhes permita ter alguma qualidade de vida enquanto aqui prosseguem os seus estudos.
Rui Silva confirmou que o chefe do executivo reuniu com a CESPU e apesar de reconhecer que o processo carece de falta informação, existe da parte da autarquia interesse em manter uma cooperação estreita com a cooperativa de ensino superior, que, desta forma, quer responder às solicitações da comunidade discente.
Quando ao eventual ou eventuais interesses do promotor do projecto, Rui Silva admitiu que todos os promotores têm um objectivo, que é ganhar dinheiro, garantindo, no entanto, que o promotor fez vários estudos de mercado, articulou esforços com a CESPU e auscultou a instituição de ensino, manifestando que o que está a ser feito não é nada que não tivesse sido feito no passado, nomeadamente em 2013, quando se avançou com a possibilidade de se construir uma residência universitária.Já Alexandre Almeida explicou que Paredes quer manter a cooperativa de ensino superior no concelho e vai fazer tudo para não perder a instituição para Penafiel ou Famalicão.
O autarca defendeu, também, que existe claramente uma necessidade de habitações para estudantes, confirmando que a criação de uma nova licenciatura na CESPU, o curso de medicina, vai fazer disparar a necessidade de alojamento.
Quanto ao promotor interessado na construção da dita residência universitária, o chefe do executivo realçou que se trata de uma empresa do concelho, está à vontade para falar do tema e que esteve em articulação com a cooperativa de ensino superior.
O autarca precisou, ainda, que os interesses de Gandra serão sempre salvaguardados.
Na sua intervenção, Alexandre Almeida esclareceu, ainda, que há um outro promotor que já deu conhecimento ao executivo que quer avançar com a construção de mais uma residência universitária em Gandra.
Pela CDU, Cristiano Ribeiro manifestou que, neste processo, o interesse público terá de ser acautelado.
Refira-se que a actual residência universitária da CESPU, construída em 2015, situa-se a cerca de 50 metros do campus universitário, albergando o seu edifício, de cinco pisos, cerca de 111 quartos, duplos e individuais.
Já no final da Assembleia Municipal, o líder da Comissão Concelhia do PSD Paredes, Ricardo Sousa, convocou os jornalistas para uma visita, este domingo, à cidade Gandra, prometendo prestar mais declarações e esclarecimentos sobre o assunto.