Gosto muito do Norte e da cidade do Porto em particular. Defendo uma descentralização de serviços públicos por todo o país. No entanto, preferiria que essa descentralização fosse feita de forma racional e planeada. Vem isto a propósito do anúncio da transferência do Infarmed de Lisboa para o Porto.
Pouco depois de ser conhecido que a Agência Europeia do Medicamento não viria para o Porto, o primeiro-ministro anunciou que, então, virá o Infarmed, numa espécie de prémio de consolação para a cidade.
Ora, como a escolha da nova localização da Agência Europeia do Medicamento não foi da responsabilidade do Governo, Costa não teria que dar nenhuma compensação. Para além disso, as quase 400 pessoas que trabalham no Infarmed ficaram a saber pela Comunicação Social que o seu local de trabalho e vai mudar para mais de 300 quilómetros de distância, sem nunca terem sido ouvidos. Esta decisão do Governo foi feita sem que tenha havido qualquer estudo prévio, vai custar muito dinheiro aos cofres do Estado, que somos todos nós, e vai baralhar a vida às quase 400 famílias dos funcionários do Infarmed.
Ora, isto não é descentralizar nem tão-pouco foi essa a ideia do primeiro-ministro. António Costa quis apenas agradar (achava ele) às pessoas do Porto, dando-lhes uma pequeno prémio de consolação. Mas com isto apenas perdeu o norte.
O presidente da Câmara Municipal de Porto reagiu a este anúncio do Governo com um entusiasmo e uma vanglória incompreensíveis perante a transferência de quase 400 funcionários públicos. Para além disso, reagiu nas redes sociais afirmando “adorar o ressabiamento de alguns. Assim vale a pena”, referindo-se aos que não compreenderam a medida do Governo. Não terá sido uma demonstração do mesmo provincianismo que costuma assinalar em outros?