Foi a 27 de Novembro do ano passado que Álvaro Faustino tentou matar a mulher com quem tinha vivido durante seis anos e que é a mãe dos seus dois filhos. Mas os gritos de socorro desta alertaram os irmãos, que logo vieram seu auxílio e enfrentaram o homem de 46 anos. Durante os confrontos que se seguiram, Joaquim Ferreira foi esfaqueado, mas sobreviveu. Já Etelvina, de 33 anos, foi atingida com seis facadas e morreu. Estes crimes valeram ao empregado de restaurante uma condenação a 23 anos de prisão e ainda ao pagamento de uma indemnização de 148 mil euros.

 

Arguido confirmou agressões, mas negou intenção de matar

Álvaro viveu maritalmente com Maria Alice durante seis anos. Mas após a morte do pai desta, o empregado de restaurantes tornou-se agressivo, ciumento e controlador. A companheira fartou-se e, em Setembro de 2013, colocou um ponto final na relação. Apesar de ter saído da casa que partilhava com a família de Maria Alice, em Nevogilde, Lousada, Álvaro nunca aceitou a separação. Com o argumento de que a mulher lhe tinha sido infiel, passou noites em frente à sua antiga habitação, atirou pedras aos ex-cunhados e insultou quem lhe fizesse frente. Por mensagens de telemóvel e pelas redes sociais, Maria Alice também era constantemente ameaçada, o que a levou a chamar várias vezes a GNR.

Apesar deste cenário dramático, tudo piorou na manhã de 27 de Novembro do ano passado. Munido com uma arma de ar comprimido, caixas de chumbo, um martelo, fita adesiva e uma faca de cozinha, Álvaro Faustino esperou que Maria Alice fosse colocar a roupa no estendal para a atacar. Agarrou-a no pescoço e começou a arrastá-la em direcção a uns anexos da casa, mas os gritos da vítima alertaram os seus irmãos. Etelvina e Joaquim Ferreira rapidamente vieram em socorro e envolveram-se em confrontos físicos com o agressor. Joaquim, 40 anos, foi esfaqueado, mas sobreviveu. Etelvina, de 33 anos, foi atingida com seis facadas e morreu. Durante o julgamento que decorreu no Tribunal de Penafiel, Álvaro Faustino admitiu os confrontos, mas negou que tivesse a intenção de matar a ex-cunhada.

 

 

Defendeu sempre a irmã

– Etelvina Ferreira tinha 33 anos quando foi esfaqueada até à morte. Vivia com a mãe, os dois irmãos e os sobrinhos na casa de Nevogilde. Era ela quem mais enfrentava e contrariava as intenções de Álvaro Faustino e, por isso, este nunca a perdoou.

 

Entregou-se à GNR

– No dia crime, Álvaro viajou de comboio do Porto até Paredes. Depois, foi a pé até Nevogilde, onde chegou pelas 4h30. Escondeu-se num campo até às 10h00 e atacou a ex-mulher. Em seguida, fugiu, mas entregou-se, horas depois, no posto da GNR de Paredes.

 

Obrigada a dormir no carro

– Numa noite de Março de 2014, Maria Alice foi obrigada a dormir no carro para evitar confrontos com o ex-companheiro, que a esperava à porta de casa. Álvaro Faustino manteve-se até às primeiras horas da manhã em vigilância, mas acabou por ir embora sem ver a mulher.