Os concursos de broa de milho e pão-de-ló, que decorreram esta tarde, no âmbito da 39.ª edição da Feira Agrícola do Vale do Sousa (Agrival), premiaram dois concorrentes do concelho de Penafiel.
Maria Margarida Ferreira da Cunha, das Termas de S. Vicente, a vencedora do concurso da boroa de milho, mostrou-se agradecida pela distinção e realçou que este prémio é um incentivo para continuar a aprimorar a sua técnica de confecção da broa.
“Estou muito agradecida ao júri. Esta é a segunda vez que participo. A primeira vez foi há seis anos e este ano uma amiga motivou-me e acabei por me inscrever”, disse, salientando que aprendeu a fazer boroa com a idade de 13 anos.
Ao Verdadeiro Olhar, a vencedora realçou que a sua boroa só tem centeio e trigo e é confecionada em forno a lenha.
“Faço boroa para consumo próprio, não faço para fora. Se vou visitar alguém ofereço uma boroa”, adiantou.
O segundo prémio foi atribuído a Maria Fernanda Gomes, Baltar, Paredes e o terceiro lugar foi para a Abel Ferreira, da Padaria Real de S. Martinho de Recesinhos.
Já no concurso do pão-de-ló, Ricardo Filipe Alves Ferraz foi o vencedor, tendo o segundo lugar sido atribuído a Laura Rosa e o terceiro a Abel Ferreira, da Padaria Real de S. Martinho de Recesinhos.
Ricardo Filipe Alves Ferraz, 26 anos, padeiro de profissão, de S. Martinho de Recesinhos, manifestou estar igualmente agradado com a distinção que lhe foi conferira e pelo prmio de melhor pão-de-ló do concurso.
“É sempre um orgulho obter um prémio como este, num concurso tão prestigiado que conta com a colaboração dos melhores produtores da região”, avançou, assumindo que a arte de confecionar esta iguaria já é conhecida e praticada na sua família.
“A arte de fazer o pão-de-ló vem já família. A minha avó já fazia pão-de-ló, mas tenho outros elementos na família que sabem confeccionar”, expressou, sustentando que além dos ovos a qualidade do pão-de-ló advém da arte e do saber acumulado.
“Estes concursos têm o propósito de chamar a atenção para o meio rural, os seus recursos e para a necessidade de valorizar os recursos endógenos”
José Rocha, da direcção-geral da Agricultura, defendeu que os dois concursos contaram com participantes de toda a região, com diferentes receitas e ingredientes.
“Estes concursos têm o propósito de chamar a atenção para o meio rural, os seus recursos e para a necessidade de valorizar os recursos endógenos. Quando se fala no abandono do meio rural e nos incêndios é bom lembrar que para o valorizar é necessário incrementar os produtos locais, o turismo rural. Tudo faz parte do mesmo envelope e é preciso fixar pessoas no mundo rural e chamar os urbanos para estes meios”, disse.
Falando das boroas de milho, José Rocha admitiu que as broas a concurso foram de excelente qualidade, sem defeitos, com mais e menos cozedura.
Quanto ao pão-de-ló, José Rocha avançou que as regueifas primaram pelos ingredientes usados e pelas cozeduras diferentes.
“São gostos e paladares diferentes. Trata-se de uma mescla de saberes e sabores . É bom que os investidores estejam atentos a estes produtos”, acrescentou.
Edição deste ano contou com a presença de uma vereadora de uma autarquia da Galiza.
Já a vice-presidente da Câmara de Penafiel, Susana Oliveira, relevou a importância dos recursos endógenos como potenciadores do turismo e da economia da região.
“Esta é apenas uma das muitas iniciativas para promover os produtos locais seja a nível municipal seja a nível supra-municipal. A boroa de milho é um dos exemplos, o melão casca de carvalho e a cebola garrafal. É importante acarinhar os nossos produtores, os vários saberes acumulados cruzando-os com pratos típicos da região”, sublinhou, reconhecendo que estes concursos ajudam a valorizar os produtos e a comercializá-los e que município tem a responsabilidade de preservar esses saberes acumulados e passá-los aos mais novos para que essas tradições não se percam.