Curioso e observador, Joaquim Meneses Carvalho Costa, residente em Boim, concelho de Lousada, ex-árbitro e ex-presidente da Fanfarra de Boim, assume-se como um coleccionador insatisfeito sempre à procura de novos objectos e de novas preciosidades para juntar ao vasto espólio que guarda em casa.
A sua residência está transformada numa verdadeira babel de objectos, distribuídos por duas salas e uma repartição, que se encontra no exterior da habitação, numa parafernália de elementos, alguns já devidamente catalogados, outros arrumados em vitrinas.
“Cada peça tem um significado diferente, uma história e um simbolismo próprios”
“Não sou um coleccionador que me dedique a coleccionar apenas determinado objecto ou peça. Colecciono de tudo, a minha colecção é extremamente variada, embora haja peças que me dizem mais do que outras. Recordo-me que comecei a fazer uma colecção de moedas e depois acabei por não lhe dar continuidade”, expressou, salientando que cada peça é única, tem uma história por detrás e não existem dois objectos iguais.
“Cada peça tem um significado diferente, uma história e um simbolismo próprios”, atalhou, salientando que a paixão pelo coleccionismo começou a ganhar expressão tinha apenas 14 anos de idade.
Na sua vasta colecção é possível encontrar desde garrafas, esferográficas, canetas, chávenas de café, cachecóis, galhardetes, dedais, livros, rolhas de cortiça, medalhas, santos, jornais, entre outros objectos.
“Por exemplo, a paixão pelas garrafas tem uma história. Recordo-me que tinha 14 anos quando a minha mãe me mandou ao Porto, à Rua das 12 Casas, para comprar alguns produtos. A minha mãe tinha-me dado dinheiro para almoçar, mas vi uma garrafa de vinho do Porto ‘Três Velhotes e acabei por comprá-la. Decorridos 47 anos, ainda a guardo na minha colecção de garrafas”, adiantou, salientando que só garrafas tem mais de 600, a maioria oferecidas por altura do Natal, tendo, também, 150 garrafas de whisky Chivas.
Ao Verdadeiro Olhar, Joaquim Meneses destacou também que, mais tarde, com o início da actividade de árbitro ao serviço da Associação de Futebol do Porto, que desenvolveu desde 1983, durante 35 anos, a paixão pelo coleccionismo foi crescendo.
“Onde quer que fizesse um jogo, os clubes ofereciam-me galhardetes, cachecóis, porta-chaves com o símbolo do clube e isso fez crescer em mim a paixão pelas colecções e por tudo o que são objectos ligados ao desporto. Tenho centenas de livros de desporto e uma vasta colecção de camisolas de clubes algumas adquiridas por mim numa fábrica em Vizela”, frisou, sustentando que fez 1.200 jogos oficiais em cerca de 11 anos, tendo mais de 800 galhardetes, mais de 350 cachecóis e outros objectos ligados ao fenómeno desportivo.
Além dos artefactos ligados ao desporto, Joaquim Meneses dispõe de uma réplica da cadeira do Papa Bento de XVI, quanto este esteve em Portugal, uma fotografia com o presidente do FC Porto, o seu clube de eleição, assim como uma colecção de 30 canetas Parker, que estão devidamente catalogadas.
O coleccionador de Boim salientou que uma grande parte dos seus objectos está catalogada com a data e o nome da pessoa que as ofereceu, admitindo que existem outros que, apesar de estarem arrumados e distribuídos, ainda não estão devidamente identificados.
“Tenho uma uma colecção vastíssima. Há peças que estão devidamente identificadas, mas outras é-me difícil catalogá-las porque a actividade profissional também não me permite fazê-lo. Dentro do possível e das limitações de espaço procuro arrumar todos os objectos da melhor forma, conferindo-lhe uma ordem e o reconhecimento que merecem”, sublinhou, acrescentando que já pensou inclusive comprar uns gavetões para guardar os objectos.
“Mas não é igual. As peças ficavam escondidas. Tenho uma relação única com estas peças e todos os dias tenho de estar em contactos com elas”, confessou.
De entre a parafernália de objectos que mantém na sua residência, Joaquim Meneses ressalvou que os que lhe dizem mais são uma medalha dos 25 anos da EDP que lhe foi atribuída pela empresa pela sua entrega e dedicação, uma medalha de mérito desportivo dada pela Câmara de Lousada, uma medalha que lhe foi conferida pela Associação de Futebol do Porto, assim como duas placas que lhe foram atribuídas, uma na qualidade de presidente da Fanfarra de Boim entre 2009/2010 e outra pela sua passagem pela direção na União Cultural e Desportiva de Boim.
Falando da sua paixão pelo colecionismo, Joaquim Meneses admitiu que este é um “hobby” que além da entrega e paixão exige disponibilidade financeira.
“Tenho muitas peças que me foram oferecidas, mas outras tive que as adquirir ou recuperar e isso implica ter algum dinheiro”, manifestou, declarando que a falta de espaço é, neste momento, a sua maior preocupação.
“Tenho coisas que só consigo trazer às escondidas da minha esposa. Trago-as escondidas na mala do carro”, declarou.
“Já expus em vários concelhos. Paços de Ferreira, na cidade de Freamunde e noutros locais”
Joaquim Meneses esclareceu, também, que o seu espólio tem sido objecto de várias exposições no concelho de Lousada, Paços de Ferreira e noutros municípios.
“Já expus em vários concelhos, Paços de Ferreira, na cidade de Freamunde e noutros locais, mas tenho sempre algum receio em fazê-lo porque estamos a falar de peças únicas, algumas que requerem uma especial atenção no seu transporte. Tenho a colecção inteira do jornal Terras do Vale do Sousa. Há pessoas que me procuram porque sabem que tenho esse acervo e querem consultar determinado assunto ou inteirar-se de determinada notícia que saiu no jornal em tal ano”, avançou, admitindo que gostaria de ver este acervo devidamente preservado e salvaguardado pela família.
