A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa quer incrementar a utilização dos transportes públicos e da bicicleta nos 11 concelhos que a integram, ao mesmo tempo que promove um ambiente mais saudável e eficiente através da redução da emissão de gases com efeito de estufa.

Foi apresentado, esta terça-feira, em Penafiel, o Plano de Acção de Mobilidade Urbana Sustentável do Tâmega e Sousa, que a CIM acredita ser uma oportunidade para revolucionar a forma como as pessoas se movimentam na região.

Entre as prioridades, que vão ser apoiadas por um investimento com apoios comunitários a rondar os oito milhões de euros, estão a criação de ciclovias e vias pedonais nos centros urbanos das cidades e vilas; a criação de um bilhete único para todos os transportes do Tâmega e Sousa; a implementação de um transporte público a pedido; a criação de sistemas de informação de transportes em tempo real; e a criação de uma rede intermunicipal mobi.e.

 

“A rede de transportes públicos existentes não se coaduna com as necessidades da população”

O Plano de Acção de Mobilidade Urbana Sustentável do Tâmega e Sousa integra um conjunto de acções a executar para melhorar a mobilidade na região.

Em curso está também a criação da Autoridade Intermunicipal de Transportes do Tâmega e Sousa que vai fazer a gestão das questões ligadas aos transportes, desde os contratos e as obrigações de serviço público, até ao sistema tarifário, a fiscalização, a divulgação e a operacionalização do transporte flexível previsto.

Alírio Costa, 1.º secretário da CIM, traçou um retrato há muito conhecido. Um território “dual”, com população e emprego, assim como outros polos de atracção, distribuídos de forma assimétrica, deixando por resolver necessidades básicas, “como a deslocação para escola e trabalho”. Na região há também muitos movimentos pendulares, com fluxos de entrada e saída de população significativo, mas com mais gente a sair do que a entrar no território. Lousada, Felgueiras, Paços de Ferreira e Penafiel são os quatro municípios que mais recebem pessoas, sobretudo pelas indústrias. Já a saída é sobretudo em direcção à Área Metropolitana do Porto.

A maioria das pessoas escolhe transporte próprio para se deslocar e há uma baixa utilização de modos alternativos de deslocação, como a bicicleta, revela o plano apresentado. “Temos ciclovias apenas destinadas ao lazer”, referiu Alírio Costa.  “E a rede de transportes públicos existentes não se coaduna com as necessidades da população”, sustentou. A taxa de cobertura do transporte público até é relativamente elevada, mas a frequência é reduzida e a rede de interfaces de transporte público é “bastante débil”.

Para incrementar o uso de transportes públicos e de bicicletas, assim como reduzir as emissões de CO2, a CIM do Tâmega e Sousa vai avançar com um investimento (para já) de oito milhões de euros, apoiado por fundos comunitários, com o objectivo de melhorar os interfaces dos transportes públicos colectivos; criar um bilhete único de transportes na região; criar sistemas que vão informar os utilizadores de transportes públicos, em tempo real, das opções disponíveis para chegar ao destino; e ainda criar soluções flexíveis de transporte, com transporte a pedido. Mas 83% deste investimento será destinado à criação de ciclovias e vias pedonais nos centros das cidades e vilas dos 11 municípios. Lousada e Paços de Ferreira estão entre os concelhos que pretendem investir nesta matéria.

 

“Este é um documento essencial para a coesão do território”

Presente na abertura do evento, que decorreu no INATEL, em Penafiel, Antonino de Sousa realçou que o plano “tem por objectivo responder às necessidades de deslocação da população residente e também de turistas”. O presidente da Câmara Municipal de Penafiel destacou a importância que isso tem sobretudo para grupos mais vulneráveis, com falta de rendimentos, com deficiência ou no caso dos idosos.

“Este é um documento essencial para a coesão de um território com 1.800 quilómetros quadrados e mais de 430 mil habitantes. Um território sem STCP, Carris e Metro, onde não há transportes pagos com o dinheiro de todos os contribuintes como acontece nas grandes cidades”, sustentou o autarca, para logo depois lembrar que há infra-estruturas urgentes na região como o IC35; a ligação Baião/Ponte de Ermida; a ligação Marco de Canaveses/Cinfães; e ligações a polos urbanos envolventes à CIM do Tâmega e Sousa como a conclusão da variante à actual N222 e a ligação à A7.

“Quando o debate na capital é em torno da criação ou não de mais 20 estações de metro aqui na região ficamos a pensar que país é este e a quantas velocidades anda”, criticou Antonino de Sousa.

Armando Mourisco, presidente da Câmara Municipal de Cinfães e um dos vice-presidentes do Conselho Intermunicipal da CIM, aproveitou para lembrar que este plano é pensado para territórios urbanos. No caso dos de baixa densidade, como é o caso de Cinfães, com aldeias espalhadas, os problemas são outros, disse o autarca. “Há muito trabalho a fazer. É difícil colocar este plano no terreno e concretizá-lo”, disse. Além disso, destacou, por exemplo no caso do transporte a pedido, o mais certo é que as despesas acabem por ser imputadas aos municípios, que já estão sobrecarregados.