A CIÊNCIA RESPONDE À IDEOLOGIA

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Sem dar por resolvida a questão do que nasceu primeiro, o ovo ou a galinha, vamos começar, no que ao homem diz respeito, pelo óvulo fecundado, ou zigoto.

Indiferente às conveniências, aos desejos, aos interesses, às ideologias, a mãe natureza logo de início, confunde todos os cálculos dos sábios, ou dos que assim se julgam.

Para cada lado, homem ou mulher as probabilidades são de 50 por cento, mas nem os 50 por cento por vezes, e em sucessivos casos valem alguma coisa como a célebre lei de Fertig ou lei do azar.[1]

A mãe natureza no entanto é sábia, e em grandes números, os 50 por cento estão certos.

Mas que espécie de estatística é esta de que estou a falar?

Os dois gâmetas masculinos ou espermatozoides, resultantes da última divisão meiótica[2]   têm 23 cromossomas[3] : 22 cromossomas autosómicos[4] e um de dois cromossomas, ou um  chamado X, ou um chamado Y. Portanto 22 cromossomas autossómicos e um cromossoma Y, ou 22 autosómicos e um X. Os gâmetas femininos ou óvulos, depois da última divisão meiótica tem sempre 22 autosómicos e um X.

Normalmente um óvulo é fecundado por um espermatozoide. [5]

Se o zigoto, ou seja um óvulo fecundado, que  tem sempre o cromossoma X do óvulo, é fecundado por um espematozoide com o cromossoma X , temos o sexo feminino. Se é fecundado por um espermatozoide com o cromossoma Y , temos  o sexo masculino. Masculino XY. Feminino XX. O óvulo fecundado ou zigoto conforme o espermatozoide tem ou X ou Y, assim temos um sexo ou outro.

Não há convenções, influências, sistemas sociais, meio ambiente (à Lisenko), o que quer que seja, que possa modificar esta lei inelutável da mãe natureza, que logo nas primeiras células de um ser humano vai distribuindo homens e mulheres pela humanidade universal, humanidade dispersa nas mais variadas regiões do mundo, com os mais variados costumes e leis, mas sempre assim e em todos os tempos: seres diferentes e complementares, homem e mulher, varão e fêmea.

Há cientistas ou que assim se chamam, que para fugirem a esta escolha da natureza que ignora completamente a liberdade humana, afirmam que o sexo não é determinado pela genética dos cromossomas X e Y, mas sim pela influência da educação ou do ambiente ancestral humano. São os ideólogos do género.

Mas então, concluo eu, se não é a genética que determina o sexo físico e psicológico, também não são os 46 cromossomas da genética humana que determinam o ser humano, com as suas características físicas e psicológicas. Em vez de homem temos macaco, cão, urso ou qualquer outra espécie. Se a genética não determina o sexo físico e psicológico apesar da evidência genética dos cromossomas X e Y  e do gene SRY[6] do Y, então também não determina a espécie humana com as suas características físicas e psicológicas.

Se isto não é uma evidência não há nem evidências nem ciência.

Luis de Sena Esteves, médico

 

 

 

[1] P.ex. Quando metemos a chave à fechadura sem olhar, quantas vezes nos sai sempre o lado errado da chave? Muitas mais vezes  do que  os 50% que esperávamos.

[2] A divisão meiótica é a divisão de uma célula em duas, tendo cada uma das células filhas metade dos cromossomas da célula mãe. Chamam-se haploides as células filhas.

[3] O cromossoma é constituído por duas espirais de ADN e diversas proteínas.

[4] Que não estão ligados ao sexo, mas traduzem as caraterísticas gerais da espécie humana.

[5] Há casos em que dois óvulos são fecundados por dois espermatozoides e dão origem a gémeos bivitelinos ou falsos gémeos.

[6] Em 26/6/2000 Bill Clinton , Craig Venter da Celera Corporation e Francis Collins do Projeto Genoma Humano, anunciaram o código completo do Genoma Humano, isto é dos cromossomas e dos seus genes.

O gene SRY do cromossoma Y determina toda a evolução do embrião humano para o sexo masculino e a sua falta origina a evolução para  o sexo feminino.