Desde Março de 2020 até agora, o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa já tratou 2278 pessoas infectadas com Covid-19. Desses, 184 necessitaram de cuidados intensivos. A maioria tinha idades avançadas e co-morbilidades associadas, confirma o CHTS. Sem concretizar o número de mortes, a mesma fonte adianta que se concentraram “particularmente nas faixas etárias acima dos 75 anos”.
Ao Verdadeiro Olhar, o presidente do conselho de administração, Carlos Alberto, adianta que, em breve, vão estar disponíveis mais 26 camas para internamento para ajudar na resposta. Desde o início da pandemia, as equipas já foram reforçadas com 280 novos colaboradores, sobretudo enfermeiros e auxiliares, que com ou sem pandemia “nunca são demais” para dar resposta à grande carga assistencial do centro hospitalar que inclui o Hospital Padre Américo, em Penafiel, e o Hospital de São Gonçalo, em Amarante.
Depois de ter estado no meio “de um tsunami”, tendo atingido um pico de 235 internados em Novembro, o CHTS vive uma situação de “estabilidade”, com 112 doentes Covid-19 internados, 18 deles em cuidados intensivos.
300 doentes transferidos
Para dar resposta à pandemia foram muitas as alterações que foram sendo adoptadas nos serviços dos dois hospitais, uma verdadeira “revolução”. “No início não tínhamos equipamentos suficientes, não sabíamos o que era a pandemia, não tínhamos material de protecção, entre outros. Construímos novos espaços, no Hospital Padre Américo e no Hospital de São Gonçalo, redefinimos novos circuitos, aumentamos imenso a resposta em cuidados intensivos, introduzimos novas formas de tratamento de doentes como oxigénio de alto fluxo… Foi uma verdadeira revolução dentro das nossas instalações”, admite Carlos Alberto.
Apesar de sujeito a uma grande pressão no final de Outubro e início de Novembro, nunca chegou a estar em causa a resposta hospitalar, garante. “Tivemos uma pressão brutal e tivemos de fazer face a uma realidade ímpar. Tínhamos, nessa altura, cerca de 10% dos doentes Covid internados em todo o país. Tínhamos 235 doentes internados no nosso hospital, com todas as limitações daí decorrentes. Nessa altura tínhamos o dobro dos doentes Covid do Hospital S. João e o triplo dos doentes Covid do Hospital Santa Maria”, dá como exemplo o responsável pelo CHTS. “Mas ninguém ficou por tratar e, mesmo tendo sido necessário transferir muitos doentes, foi um bom exemplo de colaboração entre as diferentes instituições”, acredita.
Carlos Alberto sustenta ainda que “o CHTS, assim como os outros hospitais, mostraram ao longo desta pandemia, uma grande capacidade de adaptação e muita flexibilidade, ajustando-se a cada momento às necessidades da procura de cuidados”, que para os doentes Covid-19 quer para os não Covid. “Fora daquele momento específico de autêntico tsunami de doentes em chegada simultânea, o CHTS tem conseguido dar uma resposta muito satisfatória, quer aos doentes Covid, quer a doentes não Covid”, frisa o administrador.
Ao todo, foram transferidos já cerca de 300 doentes para outras unidades públicas e privadas. O CHTS adianta que, nas últimas semanas, recebeu também “cerca de uma dezena de doentes de outros hospitais” numa altura em que tem “menor pressão”.
Nova Maternidade vai permitir criar nova ala de internamento
Ao longo de todo este período pandémico, o CHTS já contratou cerca de 280 novos colaboradores, a título definitivo ou temporário, sobretudo enfermeiros e auxiliares. “Num hospital de grande carga assistencial como o nosso e que tinha já antes da pandemia escassez de recursos, nunca são demais para garantir uma boa assistência à população”, reconhece Carlos Alberto.
E porque a adaptação se mantém, o presidente do conselho de administração do CHTS refere que, para esta terceira vaga, “além das preparações que já se vinham a desenvolver, foram sendo acrescentadas ainda outras, sobretudo ao nível de novos espaços e de contratação de mais pessoal”. “Em breve teremos mais 26 camas de internamento para nova resposta, decorrente da abertura da nova Maternidade que ocorrerá nas próximas semanas. Isso vai libertar camas para nova ala de internamento quer agora em tempo de pandemia, quer para o futuro da vida do hospital”, revela.
Questionado sobre a actividade assistencial a doentes não Covid, Carlos Alberto adianta que, em 2020, e apesar da pandemia, os resultados foram “muito satisfatórios em termos do combate às listas de espera e de garantia de acesso aos cuidados de saúde”. “Conseguimos reduzir as listas de espera, quer para consultas de especialidade, quer para cirurgias, recorrendo aos mecanismos especiais de recuperação criados pelo Governo para o efeito, com trabalho fora de horas e, muitas vezes, ao fim-de-semana”, alega, dando exemplos. “Quanto às consultas, no final de 2019, o limiar máximo era de um ano e, em 2020, o limiar máximo é de nove meses em todas as especialidades (havendo algumas em que é significativamente menor). Em termos de cirurgias, também ficaram todas abaixo dos nove meses, excepto em alguns casos de cirurgia ortopédica”, afirma. Há, admite, no entanto, ainda exames e consultas em remarcação.