A CESPU – Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário quer ter um Mestrado Integrado de Medicina a funcionar já em 2018. A candidatura já foi apresentada e a instituição espera que venha a ser aprovada, rompendo com o “preconceito” e abrindo o ensino de Medicina ao sector privado e cooperativo.
O curso, de modelo inovador, faz sentido como continuidade da licenciatura em Ciências Biomédicas, já leccionada pela instituição, sobretudo numa altura em que as escolas públicas estão sobrecarregadas, há 2.000 alunos portugueses a procurar o estrangeiro para estudar Medicina e o país precisa de recrutar clínicos estrangeiros para assegurar os cuidados de saúde, defendeu o presidente da CESPU, Almeida Dias, esta manhã, durante uma sessão que assinalou o 34.º aniversário da instituição.
“É preciso abrir o ensino médico ao sector privado e cooperativo e acabar com este preconceito em Portugal”
“Estamos numa fase de consolidação. Esta candidatura é natural. Temos todas as áreas na formação da área da saúde, só não temos o ensino médico pré-graduado”, referiu, defendendo que é normal que a instituição mais antiga do ensino universitário privado queira ensinar também Medicina.
Na cerimónia, que decorreu no Campus Universitário de Gandra, com a presença do Ministro da Saúde, Almeida Dias disse que a instituição está preparada para abrir um curso com 60 vagas e tem parcerias com hospitais e recursos humanos para avançar com uma “formação de qualidade”.
“Trata-se de um curso inovador e exigente, num modelo bi-etápico, de três mais quatro anos e 6.848 horas de formação. Para aceder ao curso é preciso ter formação prévia de três anos em Ciências Biomédicas e depois seguem-se quatro anos de mestrado integrado, essencialmente clínico”, explicou.
Para o presidente da CESPU, este mestrado viria dar resposta aos alunos da instituição que, terminando a licenciatura em Ciências Biomédicas, procuram, muitas vezes, fora do país continuidade na formação. “Estes alunos já acedem no estrangeiro a estes cursos de Medicina. Queremos evitar que os alunos tenham que procurar resposta fora”, disse.
“As escolas existentes estão sobre grande pressão e não há necessidade, sobretudo quando a sociedade civil se organiza e oferece uma alternativa como a nossa. É preciso abrir o ensino médico ao sector privado e cooperativo e acabar com este preconceito em Portugal. Em Espanha, em 45 cursos de Medicina, 11 são do sector privado”, deu como exemplo Almeida Dias.
“Temos a noção que temos todas as condições para que o curso seja aprovado, obviamente que vão aparecer vozes dizendo que o curso é privado e com justificações para não avançar. Não há vontade por parte de alguns sectores de abrir o ensino médico”, acrescentou, quando questionado se acreditava na abertura do curso já em 2018. “Temos a noção que seremos a única instituição privada a candidatar um curso de Medicina”, concluiu.
Ministro da Saúde diz que o importante é que a formação seja “de qualidade”
Convidado a participar na sessão, Adalberto Campos Fernandes salientou que a aprovação de cursos é competência da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior e não do Ministério da Saúde, pelo que não se iria pronunciar sobre a pertinência deste mestrado.
“A CESPU apresentou a sua candidatura e manifestou a sua ambição,agora é esperar que, com normalidade, os aspectos institucionais funcionem”, disse o ministro.
Antes, num breve discurso, Adalberto Campos Fernandes defendeu que os países pequenos têm que se concentrar na qualidade e não na quantidade. “E no domínio da Ciência a diferença entre público e privado não é nenhuma. A diferença está naquilo que se faz, como se faz, na aposta estratégica que os dirigentes têm, na visão de médio e longo prazo e na capacidade de estabelecer parcerias”, disse.
“Desejo que os próximos 34 anos consolidem esta trajectória da CESPU e que as ambições aqui enunciadas sejam bem-sucedidas. Não me devo pronunciar sobre elas”, referiu ainda o governante, concluindo: “Só é derrotado quem desiste de lutar”.
A CESPU – Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário foi criada em 1982. Conta actualmente com 1399 alunos e dispõe de ensino superior, cursos de formação continua e serviços de saúde.