O Centro Hospitalar Tâmega e Sousa em sua casa

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O conceito de hospitalização domiciliária surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos da América, no ano de 1947, através de uma experiência denominada de “home care” com o objetivo de descongestionar hospitais bem como de proporcionar um ambiente mais favorável para a pessoa doente.

Na europa, no ano de 1957, num hospital francês é dado o pontapé de saída do “home care”.

Em Portugal, a hospitalização domiciliária surge no ano de 2015, com a primeira experiência a ser realizada no hospital García de Orta.

No Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, (CHTS), esta unidade de internamento admitiu o seu primeiro doente a 5 de abril de 2019. Por enquanto, possui uma lotação de 5 camas e até ao presente já tratou 248 pessoas. Efetuou um total de 3243 visitas domiciliárias, das quais 1667 foram conjuntas, com médico e enfermeiro, e 1576 realizadas exclusivamente por enfermeiro, tendo sio percorridos um total de 58445 km.

Ainda no hospital, quando uma proposta para internamento domiciliário é feita, é também realizada uma avaliação por uma equipa multidisciplinar, onde obrigatoriamente existem critérios clínicos, sociais e geográficos que têm de ser cumpridos a par da expressa aceitação por parte da pessoa e/ou familiar cuidador através da assinatura de um consentimento informado.

Após o internamento em hospitalização domiciliária e de acordo com a norma da Direção Geral Saúde de 21 de dezembro de 2018, esta unidade é responsável por toda a gestão do processo assistencial, funcionando 24 horas por dia e 365 dias por ano.

A unidade é constituída por uma equipa multidisciplinar de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionista, assistente social e outros técnicos que se consideram necessários, dotada de meios técnicos e logísticos adequados ao desempenho da atividade assistencial, fornece e gere toda a terapêutica aguda e crónica, garante o acesso direto ao internamento hospitalar em situações de agravamento clínico ou quando as condições socio estruturais ponham em causa a segurança da pessoa doente ou ainda quando a pessoa doente e/ou o seu representante legal assim o desejar, articula-se com os serviços assistenciais do hospital, garante o acesso aos meios complementares de diagnóstico e terapêutico e consultas de outras especialidades e articula-se com as outras unidades prestadoras de cuidados de saúde de modo a efetuar uma transição para os cuidados de saúde primários e/ou rede nacional de cuidados integrados.

Relativamente aos resultados deste modelo, o que se tem verificado no Serviço Nacional de Saúde e de acordo com a literatura internacional, há uma redução de 24% da taxa de mortalidade, uma redução de 30% das taxas de reinternamento, cerca de 95% a 100% de grau de satisfação da pessoa doente e família, ausência de infeção hospitalar e uma maior agregação com as equipas de saúde.

Enquanto modelo de prestação de cuidados, a hospitalização domiciliária do CHTS constitui-se como uma alternativa ao internamento convencional, em que proporciona uma assistência permanente, coordenada e com a garantia de qualidade de cuidados integradas no seu próprio lar e dentro do seu contexto familiar.

Nuno Pinho, Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação na Unidade Hospitalização Domiciliaria do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa