O CDS-PP Paredes anunciou, esta segunda-feira, em comunicado, que retirou a confiança política ao elemento do CDS na Assembleia de Freguesia de Vilela, Carlos Moura.
No comunicado, a Comissão Política acusa o autarca de “comportamentos anti-democráticos” e justificou a tomada de decisão com o facto de Carlos Moura “desrespeitar os compromissos assumidos com o CDS e com a população de Vilela”.
“Ainda não tinha decorrido metade do mandato e já Carlos Moura agia como agem todos aqueles que, uma vez eleitos, só querem saber de si próprios esquecendo quem o elegeu. Deixou de respeitar os seus eleitores, deixou de respeitar o partido pelo qual quis ser candidato e deixou de se respeitar a si próprio pela ambição política cega, com a qual o nosso partido nunca pactuou nem pactuará”, lê-se no comunicado do CDS-PP que acusou Carlos Moura de “falta de comunicação e de honestidade intelectual com os seus dirigentes e colegas partidários”.
“Carlos Moura pautou o seu mandato pela não comparência nas reuniões convocadas para dar seguimento e acompanhamento ao exercício do mesmo, pela ausência em eventos do partido, a nível local e concelhio, pela falta de comunicação e de honestidade intelectual com os seus dirigentes e colegas partidários, mentindo-lhes e ludibriando-os consecutivamente com um argumentário próprio de quem joga nos bastidores tendo em vista, exclusivamente, o seu interesse pessoal. Considerando os comportamentos anti-democráticos evidenciados e que Carlos Moura desrespeita os compromissos assumidos com o CDS e com a população de Vilela, o CDS decidiu, por unanimidade, em reunião da CPC, retirar a confiança política a Carlos Pereira Moura Machado, candidato eleito nas listas do nosso partido”, aludem os centristas que referem, também, que Carlos Moura deixou de representar o CDS, partido que o elegeu, e passa a “representar-se apenas a si próprio”.
Na mesma nota, a Comissão Política Concelhia do CDS-PP avançou que decidiu reforçar o seu apoio ao eleito Célio Martins.
“Na altura, depois de várias reuniões e votações na sede do partido, e apesar da oposição apresentada por alguns elementos da Comissão Política Concelhia do CDS Paredes, decidiu a Comissão Política aceitar a proposta apresentada por Carlos Moura”
No comunicado, a Comissão Política do CDS-PP Paredes recordou, também, que foi Carlos Moura que se “ofereceu”, nas últimas eleições autárquicas, ao partido para se apresentar como candidato independente nas listas do partido à Assembleia de Freguesia de Vilela.
“Na altura, depois de várias reuniões e votações na sede do partido, e apesar da oposição apresentada por alguns elementos da Comissão Política Concelhia do CDS Paredes, decidiu a Comissão Política aceitar a proposta apresentada por Carlos Moura. Para tal, a CPC do CDS/Paredes considerou o facto de o candidato já ter concorrido pelo CDS em eleições anteriores. Contudo, alguns elementos da Comissão Política entendiam dever rejeitar-se o nome de um candidato que em eleições anteriores se candidatara por outras forças partidárias. Ao que acrescia o clima de suspeição em que o eleitor Carlos Moura se apresentou ao CDS, considerando que a sua reputação enquanto eleito por outros partidos e responsável por iniciativas locais não evidenciava a transparência que o CDS exige aos seus candidatos”, avançaram os centristas.
Na mesma nota, a Comissão Política do CDS-PP esclareceu que apesar de alguns elementos da Comissão Política entenderem dever rejeitar-se o nome de um candidato que em eleições anteriores se candidatara por outras forças partidárias, a estrutura concelhia decidiu aceitar a candidatura.
“Como ‘in dubio pro reo’, isto é, na falta de provas concretas da falta de seriedade, honestidade, e idoneidade que lhe eram apontadas, o CDS, como partido democrático que é, aceitou a candidatura de Carlos Moura, sujeitando-a duas condições: em primeiro lugar, o candidato, sendo eleito, agiria sempre de acordo com as directivas do partido e as promessas eleitorais que o próprio fizera, e em segundo lugar, renunciaria ao mandato no caso de algumas das acusações que sobre ele pendiam se viessem a comprovar”, avançou o CDS-PP que manifestou “inteira disponibilidade para continuar a trabalhar pela freguesia de Vilela com todos os cidadãos que, também fora dos períodos eleitorais, aspirem à defesa da sua terra”.
Contactado pelo Verdadeiro Olhar, Carlos Moura refutou todas as acusações de que diz ser alvo por parte da direcção do CDS-PP e afirmou que em momento algum traiu ou deixou de dialogar com o partido.
Carlos Moura mostrou-se admirado pelo facto da actual Comissão Política ter tornado pública a situação e lembrou que existem elementos na Comissão Política, não na actual estrutura, que estão solidários consigo.
O autarca do CDS na Assembleia de Freguesia de Vilela afirmou estar “magoado” com toda esta situação e acusou o líder do CDS-PP Paredes, José Miguel Garcez de nas últimas eleições ter organizado as listas “nas suas costas”, sem lhe “dizer nada”.
“Andou mais de um mês sem ter qualquer contacto comigo”, acrescentou, sublinhando que sempre manteve um relacionamento cordial com o líder da Comissão Política Concelhia, e sempre trabalhou em prol do partido.
Carlos Moura esclareceu, também, que não entende esta decisão, dado que teve inclusive um papel determinante nas eleições intercalares, na sequência da indefinição política criada pelas eleições de Outubro de 2017.
O autarca do CDS na Assembleia de Freguesia de Vilela manifestou, ainda, que no final do ano transacto, teve oportunidade de transmitir a sua posição à Comissão Política Concelhia assim como tudo o que sentia em relação ao líder do partido, anunciando, também, que a partir dessa data deixava de ser do CDS-PP e passaria a ser candidato independente.
Carlos Moura afirmou não querer para já “lavar roupa suja”, mas prometeu reagir após análise de toda esta situação.