Francisco Coelho da RochaPor estes dias, dei comigo a pensar em vários acontecimentos recentes que me mostraram as prioridades do país a ponto de eu as não conseguir compreender. Alguns exemplos:

O Governo decidiu cortar financiamento aos colégios privados na mesma semana em que Ministério da Saúde transferiu os abortos pagos com o dinheiro do Estado para as clínicas privadas;

O mesmo Estado que não financia os tratamentos de fertilidade a um casal com mais de 35 anos tem dinheiro para pagar o tratamento das “barrigas de aluguer”;

Os deputados que pretendem aprovar a proibição de abate de cães nos canis municipais são os mesmos que estão empenhados na legalização da eutanásia;

O director de uma delegação do IPO afirma que não tem dinheiro para tratar todos os doentes com cancro que recebe, mas dá-se ao luxo de recusar um donativo angariado através de uma tourada.

Entre estas perturbadoras contradições, matutei na intenção de se dar tanto valor à vida de um animal como à vida de uma pessoa, se não mesmo mais. E depois de ter lido um artigo no jornal “The New York Times” em que o cientista norte-americano Jonathan Balcomb conta que descobriu que os peixes têm sentimentos, à cautela, decidi comprar dois quarteirões de sardinhas das grandes, não vá um qualquer deputado ler o tal artigo e lembrar-se de me estragar o arraial são-joanino, que é já no próximo mês…