Cândida Novais já não é a directora do Centro de Emprego de Penafiel. A professora de Lousada, ligada ao PSD, foi chamada, na semana passada, à Delegação Regional do Norte do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) para ser informada de que a sua comissão de serviço cessava a 21 de Fevereiro.
Depois de prestar provas, em Maio de 2015, num concurso público que a escolheu para ocupar o cargo durante três anos, Cândida Novais diz estranhar a forma como decorreu este processo. “Se é por nomeação política que não se faça concursos. Se é por concurso público então que sejam respeitados”, sustenta.
Ao cargo de director do Centro de Emprego de Penafiel vai regressar António Sousa Pinto. A confirmação foi dada pelo socialista ao VERDADEIRO OLHAR, que não quis no entanto responder a mais questões. António Sousa Pinto já dirigiu este centro de emprego durante vários anos e saiu para dar lugar a Cândida Novais, em 2012.
Cessou funções no dia 21
A agora ex-directora do Centro de Emprego de Penafiel faz um balanço positivo do trabalho realizado nos últimos anos. Depois de, em 2012, ter sido convidada a ocupar o cargo, durante o Governo liderado por Pedro Passos Coelho, em Maio de 2015, já depois de alterada a lei, participou no concurso público que dava acesso ao cargo, juntamente com vários outros candidatos. “Prestei provas e fui avaliada por um júri. À entrevista foram cerca de 10 pessoas”, lembra. Foi novamente a escolhida para dirigir o Centro de Emprego de Penafiel. E devia manter-se no cargo até 2018.
Quando foi chamada à Delegação Regional do Norte do IEFP, no passado dia 18, Cândida Novais afirma que esperava que lhe falassem de alterações e de novas políticas – agora alicerçadas na estratégia do Governo de António Costa –, e que lhe dessem a escolha de continuar nos novos moldes, se concordasse, mas garante que não esperava a situação com que se deparou.
Foi confrontada com um documento de cessação da comissão de serviço a partir de 21 de Fevereiro. Na acta, o delegado regional António Leite sublinha “que não está em causa uma avaliação de desempenho pessoal, mas a necessidade de imprimir uma nova dinâmica à prossecução de prioridades consideradas para esta área”.
“Desde que o novo governo tomou posse não tínhamos recebido quaisquer orientações políticas”, clarifica Cândida Novais, que não contava regressar tão cedo à Escola Secundária de Lousada, onde é professora.
“Deixei a casa arrumada”
A militante do PSD estranha a forma como decorreu o processo, sobretudo porque diz ter trabalhado de forma “isenta e imparcial”. “O único concelho a que foi retirado um Gabinete de Inserção Profissional (GIP) foi Penafiel, que é da minha cor partidária, e abri dois GIP em câmaras do PS, Paços de Ferreira e Cinfães”, dá como exemplo. Durante o tempo em que liderou o Centro de Emprego de Penafiel diz que abriram vários postos de atendimento, diminuíram o tempo de espera e apoiaram muitos projectos de criação do próprio emprego. “Prova do trabalho em colaboração com autarquias, empresas, instituições é que o desemprego baixou em todos os concelhos”, salienta. “Mas tudo isto era aquilo que era suposto ser feito”, acrescenta.
Diz que não está “ressentida” mas “sentida” com esta forma de actuar. “Vesti a camisola do IEFP. Espero que quem vier atrás de mim que faça um bom trabalho porque deixei a casa arrumada”, conclui.