A Câmara de Lousada distinguiu, esta sexta-feira, no Auditório Municipal, com a medalha de prata de mérito municipal dois cidadãos, Jaime de Oliveira Ferreira e António Peixoto de Magalhães, quatro associações desportivas e uma empresa de conservação e restauro.
Jaime de Oliveira Ferreira, a título póstumo, foi agraciado pelo trabalho desenvolvido no fomento e desenvolvimento da modalidade de hóquei no concelho, no ano em que se assinalam 50 anos da fundação da Secção de Hóquei em Campo da Associação Desportiva de Lousada.
António Peixoto de Magalhães foi galardoado por ser o mais antigo artesão do concelho e um dos mais antigos do país, sendo uma das figuras que dedicou a sua vida ao artesanato.
Quanto às associações, a Câmara de Lousada deliberou homenagear a Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Romariz e o Caíde de Rei Sport Clube pelo trabalho desenvolvido ao longo dos 40 anos na promoção do desporto.
Também o Aparecida Futebol Clube foi homenageado pelo trabalho desenvolvido junto da comunidade.
A AFAL – Associação de Futebol Amador de Lousada, fundada em 2011, tem desempenhado uma missão notável na promoção do futebol interfreguesias, bem como na captação de novos praticantes, no envolvimento das gerações mais jovens e na organização de actividades recreativas e culturais.
A autarquia distinguiu, também, a empresa Dalmática – Conservação e Restauro, que assinala 10 anos de existência na área da conservação e restauro de arte sacra a nível nacional e internacional.
O presidente da Câmara de Lousada, Pedro Machado, na sua intervenção, realçou o trabalho e o papel de todos os homenageados em prol do desenvolvimento do município.
“Ao fim de duas décadas de cerimónias do género, em teoria podíamos pensar que não era fácil termos, todos os anos, pessoas para agraciar, mas é relativamente fácil porque o mérito abunda em Lousada”, disse.
Citando Álvaro Rebelo de Carvalho, da Casa das Pereiras, Vilar de Torno e Alentém, ex-presidente da Câmara de Lousada entre 1939-1941, o chefe do executivo leu um texto do ex-autarca que, já à data, caracterizava município como “acolhedor” e que cruzava a ruralidade com o dinamismo das suas gentes.
“Dizia haver qualquer coisa superiormente inefável neste ar leve que aqui se respira, nesta boa gente que ao passar nos saúda, naqueles horizontes azulados que se afastam sem fim porque Lousada a todos encanta e a muitos prende e cativa”.
“Lousada continua a prender e a cativar, a combinar o respeito pela matriz identitária com as interpelações dos novos tempos”
A propósito desta descrição, Pedro Machado afirmou que o escrito de Álvaro Rebelo de Carvalho muito mais que uma caracterização do concelho remete para a “alma lousadense”.
“Embora publicado há mais de 80 anos, o texto apresenta surpreendente actualidade. Lousada continua a prender e a cativar, a combinar o respeito pela matriz identitária com as interpelações dos novos tempos, a salvaguardar a memória e a acelerar a história”, expressou, lembrando que o mês de Julho e a Festa em Honra do Senhor dos Aflitos marca o início das festividades no território, sendo a Festa Grande uma referência dessa matriz identitária de que falava o ex-autarca.
“Multiplicam-se os encontros e as festividades e regressam os conterrâneos da Diáspora convocados pela Festa Grande e o Senhor dos Aflitos, o halo provedor colectivo que a todos protege, mobiliza e emociona”, adiantou.
“Ser lousadense é um estado de espírito, que nos irmana num ideal comum, que nos torna cúmplices nos mesmos valores”
Falando do ideal lousadense, Pedro Machado destacou que “ser lousadense é um estado de espírito, que nos irmana num ideal comum, que nos torna cúmplices nos mesmos valores e nas mesmas referências comprometidos com o progresso da terra”, avançou, salientando que compete ao município apontar singularidades e virtualidades e reconhecer as suas gentes é manter as tradições, elevar a perseverança como valor numa “sociedade insegura, num mundo marcado pelo relativismo e a incerteza”.
Pedro Machado manifestou, ainda, que as sete distinções entregues pelo município visam, igualmente premiar o espírito de serviço dado em prol do concelho, disponibilidade e partilha de capacidades para o bem comum e contributos para a valorização do território.
“Esta palavra perseverança parece ter sido banida da linguagem comum, substituída por flexibilidade, mobilidade e negociação como observa o Padre Tolentino Mendonça, salientando que durante muitas gerações a perseverança indicou uma prática de vida, um estilo moral de quem se mantém fiel ao seu caminho e às suas convicções”, acrescentou.
O chefe do executivo realçou, também, que só com a colaboração de todos será possível consolidar uma comunidade “forte, coesa e desenvolvida” sedimentada nos valores da solidariedade, compromisso e dedicação aos outros.
“Ao distinguimos o seu trabalho e o seu mérito, estamos publicamente a testemunhar em nome do município o orgulho e o reconhecimento que perante um itinerário comum de serviço à causa colectiva importa sobrelevar e enaltecer”, asseverou, adiantando que as condecorações são extensíveis às famílias dos homenageados.
Agraciados relevam gesto da autarquia
Agostinho Armindo, presidente da Associação Cultural, Recreativa e Desportiva de Romariz relevou o gesto do município pela atribuição conferida, salientando que a condecoração faz justiça ao trabalho desenvolvido pela colectividade em prol da formação.
“É o reconhecimento do trabalho de seis anos, de muitas horas perdidas em prol da instituição, mas que nos deixa satisfeitos”, disse, sustentando que a Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Romariz é uma colectividade que está direccionada, sobretudo, para a formação.
Agostinho Armindo assegurou, ainda, que a constituição de uma formação sénior é para já uma incógnita que está dependente do suporte financeiro e de outros contributos.
“Só avançaremos com uma equipa sénior se tivermos suporte financeiro para isso”, referiu.
A Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Romariz integra um total de 110 atletas.
O presidente da Junta de Freguesia de Caíde de Rei e ex-presidente do Caíde de Rei Sport Clube, Adão Moreira, referiu que o prémio atribuído à colectividade é extensivo a toda a freguesia.
“Toda a população colabora com o Caíde de Rei Sport Clube pelo que a distinção conferida deve ser entendida como um prémio para a freguesia, os dirigentes e associados que sempre deram o seu melhor”, anuiu, lembrando que o clube está a comemorar os 40 anos de existência e é o emblema com mais anos de permanência na Associação de Futebol do Porto.
O presidente do Aparecida Futebol Clube afinou, também, pelo mesmo diapasão dos restantes homenageados e prometeu continuar a trabalhar em prol do clube.
O responsável pelo Aparecida Futebol Clube defendeu, ainda, que a construção de um piso sintético é testemunho de um crescimento coerente e sustentado do clube.
O presidente da Associação de Futebol Amador de Lousada (AFAL), Bruno Silva, relevou, igualmente, a distinção atribuída à colectividade, recordando que esta representa o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido em prol do futebol amador.
O responsável da AFAL avançou, ainda, que vai recandidatar-se às eleições agendadas para Setembro, tendo como prioridades continuar a apostar no campeonato de futebol amador, que este ano não irá contar com o Lustosa que vai para a Associação de Futebol do Porto, promover um campeonato de masters e continuar a projectar a iniciativa AFAL Kids.
António Peixoto de Magalhães, de 90 anos de idade, não escondeu a emoção pela atribuição desta distinção.
“É um orgulho receber esta condecoração. É um reconhecimento pelo meu trabalho”, confessou.