A Câmara de Penafiel começou hoje a vedar o edifício onde funcionava a Universidade Sénior, para instalar serviços do município. Uma decisão que vai contra a vontade de dirigentes e alunos que alegam que havia um contrato, celebrado há 10 anos, que autorizava a instituição a utilizar as antigas escolas.
Segundo o município, a vedação do espaço prende-se com a necessidade de realizar obras no edifício e decorreu de uma autorização do tribunal, a partir de um pedido realizado, onde se alegava urgência na intervenção.
Cerca de meia centena de pessoas, que incluiam dirigentes e alunos da instituição, já se tinham concentrado, esta smeana, junto ao edifício para tentar impedir a ocupação pela câmara.
Aliás, em junho deste ano, a ADISCREP, a Associação para o Desenvolvimento Integrado, Sócio-Cultural, Recreativo e Económico de Penafiel, acusou publicamente o município de “despejar” a Universidade Sénior”, tendo anunciado ainda um pedido de a “intervenção da justiça”, para pôr cobro a esta pretensão, tal como o VERDADEIRO OLHAR noticiou.
O diferendo não é em novo, começou em 2023, e, em comunicado, a coletividade relembrou que “as atuais instalações da ADISCREP, que integram a universidade sénior, foram cedidas em 2014 pela Câmara Municipal de Penafiel que, curiosamente, 10 anos depois, se lembrou agora que as mesmas foram emprestadas a título “precário” tendo ordenado o despejo”.
“Num primeiro momento o sr. Presidente não deu qualquer explicação ou alternativa, depois face aos protestos desta comunidade informou que pretende transferir os alunos para um edifício em Novelas, (a cerca de sete quilómetros do atual local), fora do centro urbano de Penafiel o que coloca em risco o acesso dos alunos e dos professores”. A ADISCREP elencava que “a deslocação para a periferia revela desrespeito pelos 80 seniores e equipas de trabalho, pois os acessos obrigam a deslocação em carro próprio que muitos não têm”. Anunciavam ainda que existia uma providência cautelar, interposta na justiça, que validava esta posição.
Por seu lado, a autarquia alegou estar a atuar dentro da legalidade e sustenta que o edifício é necessário para reforçar a capacidade de resposta na área social, tendo sido disponibilizada uma alternativa para o funcionamento da USP, na freguesia de Novelas, o que não foi aceite pelos dirigentes da ADISCREP que viu nesta mudança um “desrespeito” pelas utentes e equipas de trabalho. “A equipa docente é voluntária e alguns dos professores ainda estão na vida ativa, pelo que deslocar a Universidade Sénior para os arrabaldes da cidade, com acesso difícil desmotiva e anula a boa vontade que tem sido até agora o motor deste trabalho”.
Os dirigentes da associação regressaram esta manhã ao local e sustentam que ali se vão manter até que haja uma decisão final do tribunal, porque têm as chaves do imóvel.