Inicio com um convite aos leitores, para que venham a Lousada, onde a primeira prova da 59.ª edição do Campeonato Nacional de Ralicross se realiza já nos dias 1 e 2 de abril. E já em maio passará por cá a maior prova do país neste âmbito, o Rali de Portugal. O concelho será mais uma vez invadido por aficionados do desporto automóvel e o evento será certamente uma festa, à semelhança do que tem acontecido no passado.
Será uma oportunidade de, não só, viver as emoções relacionadas com a adrenalina do desporto automóvel, mas também de promover o nosso concelho, mostrando que Lousada sabe receber e proporcionar excelentes momentos de lazer.
Falar em promover o concelho leva-me inevitavelmente à BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa), onde, recentemente, foi divulgado pela autarquia lousadense aquilo que Lousada tem de melhor. E o rali não está entre o que tem de melhor! Pelo menos, não encontrei qualquer destaque ao assunto nos diversos meios de comunicação. Li destaques à Rota Gourmet, ao Complexo Desportivo, ao Festival da Juventude… mas sobre o desporto automóvel nem uma palavra. Nada a que, infelizmente, não esteja acostumada.
É provavelmente a pouca atenção a este desporto, que tanto elevou o nome do concelho, que vai deixando escapar oportunidades de crescer neste âmbito. Esta falta de visão por parte da autarquia durante estes vinte anos deu oportunidade a outros concelhos de ganharem economicamente com este desporto. Ficamos a saber há pouco que o Mundial de Ralicross nos fugiu por mais cinco anos para o Montalegre, o que implica um investimento avultado por parte da autarquia transmontana, mas certamente rentável. A isto se chama visão estratégica.
Lousada procurou dinamizar modalidades desportivas que não têm dimensão no concelho. Tê-lo-ia feito bem se, ao mesmo tempo, não tivesse desvalorizado um ativo com potencial de crescimento, apostando, por exemplo, na construção de uma pista, onde as provas-rainhas do desporto automóvel se pudessem realizar. De certeza que ao longo do ano seriam inúmeras as provas com milhares de espectadores. Aí, sim, Lousada seria uma referência turística.
Talvez possamos ter boas notícias em breve, agora que estamos em época pré-eleitoral, propícia a grandes promessas, que ficam no ouvido, mas as perdas das últimas décadas poderão ser irreparáveis.