Pode dizer-se que ‘nasceu’ num quartel dos bombeiros, por isso, não se imagina a fazer outra coisa que não a vestir a farda e servir a comunidade onde está inserido. É assim Bruno Oliveira que aos 45 anos assumiu o comando dos Bombeiros Voluntários de Valongo. O novo comandante não é do Norte, veio de Sesimbra, onde começou a frequentar o quartel daquela cidade em criança. Foi pela mão do pai, que também era bombeiro, que em 1990 entrou oficialmente para aquela corporação. O espírito de missão corre-lhe no sangue e nunca sonhou em ser mais nada que não bombeiro.
Em entrevista ao Verdadeiro Olhar diz sentir-se honrado com esta nova função, se bem que já estava à frente do comando desde Novembro do ano passado.
Por isso, revela que o trabalho vai ser de continuidade, destacando uma aposta na “formação” dos soldados da paz e na “renovação de equipamentos e materiais”. É importante dotaremos a corporação de melhores condições humanas e físicas, mas, para isso, temos que ter a “ajuda dos poderes central e municipal” que tem que se posicionar ao lado das corporações.
O poder central tem-se esquecido das corporações do Norte
Em relação à autarquia, esse trabalho tem sido feito, mas já o poder central “esquece-se de dar apoio a estas instituições”, sobretudo as que estão no Norte têm sido “esquecidas”. E a propósito lembra que no último concurso de distribuição de viaturas, esta zona do país recebeu “apenas uma”, o que não se compreende tendo em conta que o Porto “é o distrito com mais ignições a nível nacional”.
Para além disso, e apesar de reconhecer que a corporação de Valongo está “estável do ponto de vista financeiro”, é preciso não esquecer que os “últimos dois anos foram muito complicados” para este tipo de estructuras. “Primeiro tivemos a pandemia”, que ainda não foi debelada, e agora “o aumento exorbitante dos combustíveis”, por isso, urge apoiar as corporações, sustentou.
Mas para além da formação e do investimento que o Governo tem que fazer nos bombeiros, Bruno Oliveira também defende que os quartéis têm que “estar cada vez mais abertos à sociedade”.
Há mais de 30 anos, quando pela primeira vez vestiu a farda dos bombeiros de Sesimbra, a “sociedade e até o clima eram bem diferentes”. Hoje, as corporações “têm que ter meios para agirem mais rápido e coim mais eficácia”. Mas isso, como é evidente, implica que “haja uma maior abertura à sociedade”. Actualmente, os bombeiros “vão às escolas” para se darem a conhecer. É importante que a sociedade tenha a percepção, “desde muito cedo, do nosso trabalho e de como é feito”. Por isso, a corporação de Valongo tem realizado essas dinâmicas junto da comunidade escolar.
Os bombeiros têm que trabalhar cada vez mais a sua imagem junto da sociedade
Captar novo voluntários é uma das intenções desta corporação. “Antigamente os jovens não tinham para onde ir ou o que fazer”. Mas, hoje, “há muitas ofertas e solicitações, desde a internet, a televisão, os computadores, entre outros”. Razão pela qual, aliciar os mais novos “não é fácil”, frisou. Bruno Oliveira que defende que as corporações “têm que trabalhar, cada vez mais, a imagem”.
A propósito, o comandante destaca a ‘Escola de Cadetes e de Infantis’ que está sempre pronta a receber aspirantes a bombeiros. Podem inscrever-se miúdos entre os oito e os 16 anos. “Não prometemos fazer de ti um anjo ou um super-herói, mas prometemos fazer de ti um bombeiro, pronto a socorrer quem precisa”, pode ler-se numa das publicações da corporação que faz alusão a esta academia.
“Não é fácil vivermos uma vida dedicada aos outros”
Apesar de ser um trabalho aliciante, Bruno Oliveira reconhece que “não é fácil vivermos uma vida dedicada aos outros. Temos que abdicar de saídas, de festas, do Verão e de, muitas vezes, estarmos com a família”. Para além de “explicarmos como é feito o nosso trabalho”, também “temos que cativar os mais novos” para que queiram estar com os bombeiros a operar em prol da comunidade, explicou.
Com um corpo activo constituído por 75 homens, a corporação actua nas freguesias de Valongo, Campo e Sobrado. Mas, explicou o dirigente, “também operamos em freguesias adjacentes, porque cada vez mais os bombeiros saem da sua área de influência e acorrem a situações fora dos seus concelhos”. O que sustenta que estas estructuras “têm que ter também “um corpo interno profissional, para que consigamos dar uma melhor resposta e servir ainda melhor a população”.
O comandante, que já passou por vários cargos dentro dos bombeiros, desde sub-chefe, a chefe adjunto e 2º comandante, começou a sua vida profissional em Sesimbra, mas “por questões pessoais” veio para o Norte, mais concretamente para Valongo onde se sente “em casa”, porque as pessoas “são muito afáveis e acolhedoras”. Bruno Oliveira enfatiza o “excelente ambiente de trabalho”. Aliás, só assim faz sentido, porque o “quartel é o prolongamento da nossa casa e todos aqui somos como família”.
Por isso, o comandante, agora empossado, promete continuar a dedicar-se a esta causa e a trabalhar para que a corporação de Valongo consiga fazer sempre mais e melhor.