A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penafiel (AHBVP) está a assinalar 140 anos de existência, mas, e em semana de celebrações, há a destacar uma quebra de receitas da instituição na ordem dos 45%.
O número foi avançado pelo presidente da associação, que explicou que o facto de o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa “não pagar aos bombeiros desde Dezembro último”, tem contribuído para esta situação. Eduardo Nunes lamenta a situação, mas acrescenta que os Bombeiros de Penafiel “não são caso único”, uma vez que este incumprimento também acontece “com as outras corporações do distrito do Porto”.
Contas feitas, esta situação tem “posto em causa a estabilidade” da associação que dirige, tanto mais que “vivemos num período conturbado, devido ao vírus que se instalou no mundo”.
E sobre a situação da pandemia, Eduardo Nunes reconhece que “os bombeiros não estavam preparados para isto”. No entanto, houve uma adaptação às novas circunstâncias, não só do ponto de vista humano, mas, sobretudo, “de meios”. Foi muito difícil, mas o objectivo “foi alcançado”.
Ainda assim, a associação e a corporação, com um “grande espírito de sacrifício”, aliado a uma extrema “vontade de trabalhar”, “minimizou as consequências da falta de recursos”, realçou Eduardo Nunes, que se congratula com o facto de “não terem existido falhas com a população, nem com os assalariados”.
Apesar destas contrariedades, que trouxeram “um acréscimo nas despesas”, o presidente faz um balanço positivo, não só da actual actividade da instituição, mas destes 140 anos. Até porque está posicionada como uma “das melhores do distrito do Porto e a nível nacional”.
“Recursos são limitados, mas bombeiros cumprem a sua missão”
Pelo lado operacional da instituição, o comandante do corpo activo, assegura que o trabalho “tem sido exemplar”, embora aborde também a necessidade de “um reforço dos equipamentos”. Os recursos, “são limitados, mas os bombeiros não deixam de cumprir a sua missão”, assegurou.
Alexandre Alves também aponta o dedo à distribuição de meios para as corporações, por parte do Governo. “Os critérios não são os melhores”, acusou. E esclarece que, e no que respeita a equipamentos para fogos florestais, os Bombeiros de Penafiel foram os que “receberam menos fatos de combate a incêndios”, quando estão na lista daqueles que “contabilizam mais intervenções”.
Mas, e à semelhança do presidente da associação, Alexandre Alves também destaca a “força de vontade de todos”, que trabalham em prol da comunidade.
E num período de celebração, o comandante não esquece quem, ao longo destes 140 anos, passou pela instituição: “Bombeiros e bombeiras, comandantes e corpos sociais”, todos os que “trabalharam e deram tudo pelo bem estar da população”.
Alexandre Alves tem 50 anos e, apesar de só estar há dois a comandar o corpo activo, já tem cerca de “25 anos nos bombeiros”. Neste percurso, muitas histórias o marcaram, mas não deixa de sublinhar o acidente, ocorrido em 2009, que vitimou “sete meninas”, com idades compreendidas entre os 17 e 20 anos, naturais de Lousada, Paredes e Penafiel. Assegura que, aquele dia, vai ficar “para sempre marcado” na sua memória. “São marcas duras que ficam, mas que fazem parte do nosso trabalho”, concluiu.
As comemorações dos 140 anos, que começaram na passada terça feira, incluem uma homenagem, a título póstumo, ao antigo presidente Júlio Mesquita. Vão ainda ser benzidas duas viaturas, adquiridas pela instituição, uma de transporte e outra de emergência médica.
Devido ao contexto de pandemia, as celebrações serão restritas aos elementos da associação e corporação e representantes de entidades convidadas.
Os Bombeiros Voluntários de Penafiel nasceram no dia 6 de Julho de 1881. Actualmente, contabilizam 90 elementos no corpo activo, e mais 25 que frequentam a escola de bombeiros.