Sérgio Caldas gozava o primeiro dia de folga desde o início do mês. Aproveitou para ir com a família até Bragança e estava na Albufeira do Azibo, numa praia fluvial, no domingo passado, quando tudo aconteceu. O bombeiro da corporação de Ermesinde estava, acredita, “no local certo, na hora certa”, mas só fez “o que toda a gente faria”.
Era ele o mais próximo dos dois jovens que deram um alerta para um corpo que estava na água sem se mexer. Foi ele quem se lançou à água para retirar o homem, já inconsciente e sem pulso.
“Ouvi o alerta e de imediato entrei na água, agarrei então no corpo e puxei. Já na margem, e com ajuda dos nadadores-salvadores, retiramos o corpo e iniciamos suporte básico de vida, pois a vítima encontrava-se em paragem cardio-respiratória”, conta. A par disso foram accionados os meios de socorro diferenciados. O homem “estava roxo e não tinha pulso”.
Seguiram-se quatro ciclos de manobras de reanimação até a vítima começar a apresentar sinais de respiração. Foi depois “colocada em posição lateral de segurança até chegarem os meios de socorro”, nomeadamente uma ambulância dos Bombeiros Voluntários de Macedo de Cavaleiros e a viatura médica de emergência e reanimação. A vítima foi avaliada pela equipa médica na ambulância e transportada ao hospital. Ao que a corporação de Ermesinde apurou esteve em observação e teve alta no dia seguinte.
Um trabalho de equipa
“Acho que toda a gente faria o que eu fiz”, garante Sérgio Caldas. “Isto foi um trabalho de equipa, meu, dos nadadores salvadores, bombeiros, equipa da VMER, GNR e até dos populares. Todos trabalhamos em prol da vítima”, afirma o bombeiro que acha que só estava “no local certo, na hora certa”. “Qualquer colega faria igual, é para isto que trabalhamos”, afirma. “Vim para bombeiro porque sempre quis ajudar os outros. Isto para mim é uma segunda casa, uma segunda família, às vezes até a primeira”, assume.
O bombeiro vai receber um louvor do comando dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde. Ainda assim, define o último domingo como “um dia normal”. Depois de ajudar a salvar o homem, aproveitou o resto do dia de praia e jantou antes de regressar a casa.
Sérgio Caldas tem 47 anos e é natural do Porto, mas vive em Ermesinde desde os oito anos. Ingressou na Marinha aos 19 anos e fez o curso de Fuzileiro. É ainda mergulhador com curso de busca e salvamento e federado em pesca sub-aquática.
Passou por várias profissões e foi socorrista voluntário da Cruz Vermelha Portuguesa antes de chegar aos bombeiros. Integrou a corporação de Ermesinde em 2010 e fez formação, sendo bombeiro de terceira desde 2012. Tem formação de socorrista do INEM e trabalha a tempo inteiro na instituição, onde também faz inúmeras horas de voluntariado. Tem uma filha de 18 anos.