“Ver do Bago no Sangue – um Brinde entre Deus e os Homens” é a terceira e última de uma trindade de exposições realizadas tendo como foco “a vinha, o vinho, o território, o divino e as pessoas”, para ver “devagar e com todos os sentidos”.
Foi inaugurada, esta sexta-feira, pelo Bispo do Porto, D. Manuel Linda, e estará patente no Centro de Interpretação do Românico, em Lousada, até 26 de Junho.
Quem visita a mostra é recebido por dois anjos e estão patentes várias peças de igrejas da região. Podem também ser vistas, por exemplo, as três cruzes mais antigas da Diocese do Porto. Além disso, as primeiras duas exposições – Ver do Bago nos Mosteiros (Baião) e Ver do Bago nos Santos (Penafiel) – podem ser revisitadas através de óculos 3D.
“Nesta apresentação final — além de podermos revisitar as duas exposições anteriores numa experiência imersiva proporcionada por óculos 3D, do ‘vídeo mapping’ que vivifica figuras do além e do livro digital que nos permite ser leitores e autores de iconografias de sempre — desaguaremos na metáfora do vinho como sangue que nos conduz à representação artística de escultura, de pintura e de ourivesaria, presente no mobiliário, nas alfaias e objectos litúrgicos, desde os sacrários sempre resguardados nos retábulos das nossas igrejas às cruzes que alteiam as nossas procissões, passando pelos cálices que comungam a nossa humanidade”, descreve a Rota do Românico, que lidera este projecto co-financiado por fundos comunitários e por 12 municípios e que conta com o apoio da Diocese do Porto, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, da Direcção Regional de Cultura do Norte e do Turismo do Porto e Norte de Portugal, entre outras entidades.
Este ciclo de três exposições uniu o território em torno de um denominador comum: o vinho.
Durante a inauguração da mostra, Pedro Machado, presidente da Câmara de Lousada, destacou que este tipo de iniciativa só fortalece a identidade da região. Referindo-se ao Centro de Interpretação do Românico, o autarca referiu que através de uma obra contemporânea é possível “perpetuar a memória e o património”. Anunciou ainda que, depois de ultrapassados “obstáculos”, iniciou há dias a obra da Praça do Românico, que vai permitir ampliar o espaço deste centro, criando uma para as reservas visitáveis, um espólio que actualmente está guardado. Nuno Fonseca, actual líder da Valsousa – Associação de Municípios do Vale do Sousa elogiou o percurso da Rota do Românico e defendeu que “a cultura e a arte são difíceis de explicar”, mas que é com “um trabalho paulatino” que se chega a comunidade, neste caso numa acção “de mãos dadas com uma actividade económica importante na região, a do vinho verde”.
Luís Pedro Martins, presidente do Entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal, não deixou de frisar a importância da Rota do Românico na promoção do território do Norte. “Nesta exposição aliamos vários elementos diferenciadores no Porto e Norte, a Rota do Românico, a arte sacra e o vinho”, afirmou.
Já o Bispo do Porto, D. Manuel Linda, lembrou que o vinho está presente desde a antiguidade e faz parte da cultura e dos momentos celebrativos. Nesta mostra “junta-se a arte, a história e a tradição cristã”, resultando num “produto histórico, de cultura popular e de afirmação de identidade”.
De fora das intervenções não ficou a ofensiva da Rússia à Ucrânia. O Bispo frisou que “o sofrimento da Ucrânia é o sofrimento de todos” e que esta “é uma situação de violência extrema que mostra que o mundo ainda está instável e que a qualquer altura está apto a produzir um ditador que a todos arruína”.
“Que a unidade cultural dos povos do Ocidente seja uma barreira ao mal e uma afirmação do bem. Que possamos brindar pela paz”, concluiu.