Aos 75 anos de vida, a Banda Musical S. Vicente de Alfena está prestes a dar um novo passo que, possivelmente, permitirá um novo impulso e apoios que até agora nunca alcançou. A banda, integrada no Centro Social e Paroquial de Alfena, está no derradeiro momento da constituição como uma colectividade. Uma “prenda” que chega na altura em que se comemora os 75 anos.
Fundada em 1940, a Banda Musical S. Vicente de Alfena já passou por tempos bastante conturbados, muito devido a dificuldades financeiras, e chegou mesmo a estar inactiva, nos anos 70. Mas não desapareceu. Competências reconhecidas pelo padre Nuno Cardoso, então pároco de Alfena, a Banda Musical passou a integrar o Centro Social e Paroquial de Alfena. Assim foi e assim continua. Daqui para a frente, a Banda Musical S. Vicente de Alfena vai ter nome e contribuinte próprio, mas não deixará de ter a ligação com o Centro Social e Paroquial.
Criar condições para que a banda sobreviva
O actual presidente da Banda Musical, o padre Manuel Fernando, explicou ao VERDADEIRO OLHAR que “estamos a entrar numa nova era daquilo que será a maioridade. E a maioridade chega aos 75”. Há cerca de um ano na paróquia de Alfena, o padre Manuel Fernando rapidamente ficou a par da história da banda e dos seus problemas, sendo o principal impulsionador da autonomização da banda. Considerando que um dos problemas da banda “são os apoios que nunca teve”, não obstante o seu pontencial e qualidade, o pároco considera que a banda “com mais um bocadinho consegue ir mais além”. Por isso, decidiu avançar para a constituição de uma colectividade “criando instrumentos e condições para que possa fazer uma gestão muito mais ajustada à sua realidade”. Isto é, a Banda Musical “deixará de estar integrada na contabilidade da grande instituição que é o Centro Social e constituir-se-á como colectividade”. O caminho já está feito, disse, acrescentando que está a ser ultimado. Neste momento, falta fazer a aprovação dos estatutos e em breve terão autonomia fiscal. Autonomia não significa, porém, separação total do Centro Social e Paroquial. Pelo contrário, este deverá ter sempre um representante na direcção da nova colectividade. “Há o respeito pela história, por aqueles que na altura em que desistiu lhe insuflaram vida. Não se pode matar o pai e alcançar a herança”, ressalvou. No fundo o objectivo passa por “criar condições para que a banda sobreviva e continue a ser referência de Alfena e marca de qualidade que nos orgulhamos de ter”, podendo “a partir de aqui recorrer a toda uma série de instrumentos financeiros que mesmo sendo pequenos e curtos são sempre uma mais valia para quem nunca teve nada”. O responsável frisa que a Banda Musical S. Vicente de Alfena “nunca teve nada, nunca teve subsídios, nem qualquer tipo de apoio”.
Antonieta Moreira, a maestrina
A dirigir a Banda Musical S. Vicente de Alfena, ao contrário de grande parte destas formações musicais, está uma mulher. A maestrina Antonieta Moreira começou a sua formação musical precisamente na escola de música da Banda de Alfena, com 12 anos. Há 40 anos na banda, é maestrina há já 31 anos. Antonieta Moreira conta, orgulhosamente, que é a única maestrina do concelho de Valongo “e arredores”. Apesar da raridade, explica, a função “não é de homem. Há senhoras a fazê-lo e prova que têm competência para fazê-lo”, acrescentando que “era uma actividade mais direccionada para homens”, tendo em conta que a raiz das bandas musicais são as bandas militares e talvez aí se encontre a explicação”. A nível nacional, conta, haverá oito ou nove maestrinas em centenas de bandas.
O gosto pela música, que rapidamente desenvolveu para paixão, diz não saber explicar de onde vem. Mas tem a certeza que não vive sem a música. “Gosto muito de música, não poderia passar sem música, não só ouvir, mas tocar”, diz, acrescentando que não tem influências familiares e que o gostinho pela música começou aos 10 anos quando começou a assistir aos ensaios da banda. Tudo começou “por iniciativa própria e até hoje é uma paixão”. Ingressou na escolinha da banda aos 12 e aí passou por todos os instrumentos. Aos 24 anos, depois de passar por várias formações musicais, por incentivo e convite do pároco Nuno Cardoso passou a dirigir a Banda Musical S. Vicente de Alfena que tem actualmente 55 músicos, dos 12 aos 70 anos. Os ensaios da banda decorrem todas as sextas-feiras, das 21h00 às 24h00, preparando actuações de fim-de-semana em festividades. Um esforço grande, diz, tendo em conta que todos têm profissões paralelas, mas que é compensado pelo convívio e pelos laços familiares
Comemorações dos 75 anos
O aniversário marcado para 17 e 18 deste mês terá toda a pompa e circunstância que o momento merece. Com o apoio da Junta de Freguesia de Alfena, será lançado o livro comemorativo dos 75 Anos e haverá a benção do novo fardamento (oferecido epela junta de freguesia). No domingo, dia 18, haverá uma eucaristia na Igreja Matriz de Alfena, animada pela Banda de Música e um desfile desde a Junta de Freguesia até à Avenida Padre Nuno Cardoso, com a presença da Banda Musical de São Martinho do Campo e Filarmónica do Centro Social e Paroquial de Vila Nova de Anha e concerto pelas Bandas de Música. Haverá também a interpretação da marcha “À Banda S. Vicente de Alfena e seus Fundadores”, composta e dirigida pelo Maestro Alberto Madureira.
