O Vale do Sousa vai acolher um projecto pioneiro do Banco Europeu de Investimento (BEI) para apoio financeiro a empresas de pequena e média dimensão. Na última terça-feira, responsáveis desta entidade bancária detida pelos estados da União Europeia, acompanhados pelo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), Emídio Gomes, explicaram que as empresas da região passarão a ter um acesso muito mais facilitado a linhas de crédito. O financiamento terá, como habitualmente acontece neste banco de investimento, condições muito mais vantajosas que as encontradas nas tradicionais entidades bancárias.
Para o presidente da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa (CIMTS), Gonçalo Rocha, a instalação do BEI em Penafiel trata-se “de um marco histórico para a região”.
Responsáveis estudam mecanismos de apoio
Ainda há muito para concretizar, mas para os agentes políticos e económicos que, na última terça-feira, marcaram presença na conferência de imprensa realizada na sede da CIMTS o projecto que o BEI quer materializar no Sousa e Tâmega poderá revolucionar o tecido empresarial regional. “Não será a galinha dos ovos de ouro, mas será um grande projecto para a região”, sustentou Gonçalo Rocha. “O Luxemburgo está mais perto de nós”, acrescentou o presidente da CIMTS, numa clara referência às instituições europeias sedeadas neste país.
“Trazer uma instituição desta dimensão para o nosso território é ajudar a fazer grandes os projectos de cá. É uma iniciativa pioneira”, sustentou, por sua vez, Emídio Gomes.
Já Francisco Coelho, um dos representantes do BEI que visitou a região durante dois dias, explicou a presença do banco no Tâmega e Sousa. “O BEI procurou zonas da Europa para apoiar projectos sociais”, disse. Quando falou em “projectos sociais”, Francisco Coelho referiu-se a empresas de pequena e média dimensão que, normalmente, não têm acesso a linhas de crédito para alavancar os seus negócios. Por isso, a grande novidade do “projecto pioneiro” que o BEI quer consolidar na região passa por permitir que os empresários dos concelhos da CIMTS tenham acesso a dinheiro emprestado em condições muito vantajosas e, desta forma, desenvolvam as suas empresas. “Vamos procurar identificar onde estão as dificuldades dos empresários no acesso às linhas de crédito e resolvê-las. O modelo ainda não está definido”, frisou.
Também o presidente da CCDRN lembrou que, neste momento, “o caderno de encargos está em branco”. Ou seja, que ainda não está definido quem, nem como poderá aceder ao dinheiro do BEI. Mas alegou que, em 2016, já haverá empresas a beneficiar desse financiamento. “Os valores disponibilizados pelo BEI serão os que forem precisos”, assegurou. Emídio Gomes defendeu ainda que a presença do BEI no Tâmega e Sousa ajudará, igualmente, a “exponenciar os fundos europeus do programa 2020”. Quis com isto dizer que os empresários da região poderão recorrer ao BEI para assegurar as verbas que têm de apresentar sempre que beneficiarem de fundos europeus.
Banco criado para desenvolver a Europa
O BEI foi criado em 1958, é detido pelos países da União Europeia (UE) e tem sede no Luxemburgo. Entre os seus principais objectivos está “melhorar o potencial da Europa em termos de emprego e crescimento, apoiar acções para atenuar as alterações climáticas e promover as políticas europeias no exterior da UE”.
Segundo o próprio BEI, esta entidade bancária “levanta dinheiro nos mercados de capitais e empresta-o em condições favoráveis a projectos que apoiem os objectivos da UE”. “Cerca de 90 por cento dos empréstimos são concedidos para investimentos dentro da UE. Nenhum do dinheiro emprestado pelo BEI provém do orçamento da UE”, lê-se no site do banco. No mesmo local, informa-se que “os empréstimos de valor superior a 25 milhões de euros são concedidos directamente pelo BEI” e, quando se tratam de empréstimos mais pequenos, “o BEI abre linhas de crédito para instituições financeiras que, por sua vez, emprestam o dinheiro aos interessados”.