Faz precisamente dois anos que o actual governo está em funções, fruto de uma solução governativa que ficará para os anais da história da política portuguesa.
Isto porque, até ao momento tal solução era inédita, e por outro lado, porque constituiu governo, quem não venceu as eleições através do voto popular.
Confesso, que fui daqueles que entendia e mantenho ideologicamente a posição, que deve formar governo, quem foi mandatado através do voto popular, porquanto a legitimidade do voto é vital para os eleitos exercerem o mandato em nome do povo.
Contudo, e agora que esse tempo passou, devemos friamente analisar os resultados da política governativa.
É comummente aceite, que os governos liderados pelo PS, além de outras metas, são apologistas de algumas medidas mais expansionistas, apostando no apoio às pequenas e médias empresas, e fomentando o consumo.
Na verdade, e diferentemente do conceito da direita mais conservadora, onde as políticas de austeridade foram levadas ao extremo, tendo ficado célebre a frase que “…os cofres do estado estavam cheios…”, ao invés dos rendimentos dos portugueses, que atingiram há uns anos atrás, mínimos históricos, o actual governo desde o início, optou por uma política de devolução ainda que gradual de rendimentos, e evidentemente numa aposta em obras públicas, que por via disso criassem emprego.
Assistimos nos últimos dois anos, que os portugueses beneficiaram em larga medida da reposição dos seus rendimentos, assim como da reposição de diversos direitos que se encontravam suspensos, prestações de combate à pobreza ou redução e eliminação de sobretaxa, o que nos leva a concluir, que era não só possível viver melhor em teoria, como na prática tal se materializou.
Paralelamente a esta circunstância factual, o governo da república está a cumprir o défice orçamental, bem como a cumprir o programa eleitoral que apresentou aos portugueses, que não obstante não ter sido esse o mais votado nas legislativas de 2015, é esse programa que está naturalmente a ser cumprido.
A tudo isto não pode nem deve ser ignorado o facto de se ter cumprido (até agora), os projectos e parcerias europeias.
Assim, e quando os factos falam por si, por muitas divergências ideológicas que possamos ter, é difícil contrariar a dureza e objectividade dos números, e a direita portuguesa confronta-se com esse imbróglio, que coarta evidentemente uma alternativa credível e sólida ao actual governo.
Esta situação, tem naturalmente paralelismo (ressalvadas as naturais proporções), nos governos autárquicos, onde se discute e bem, as opções políticas, mas com seriedade e racionalidade não se pode nem deve criticar ausência de investimento, quando ele existe.
Aconteceu isso, por exemplo, em Penafiel, no último mandato autárquico, onde independentemente do timing escolhido (criticável), vimos obra em quantidade e muita dela de qualidade, que os diferentes agentes políticos devem aplaudir, mas que tornam os caminhos alternativos mais sinuosos.
Ignorar isto, era ser incauto, irresponsável, bem como sinal de leviandade e incapacidade.
Digo isto, porque muitas das vezes, sem paternalismos bacocos, independentemente das boas candidaturas, da qualidade dos seus intervenientes, tornear a realidade fáctica é tarefa manifestamente difícil para não dizer impossível, e o demais são “peanuts”, ou, em bom português, amendoins…
Daí que, as alternativas que se vislumbram na direita portuguesa, mormente no seio do PSD, terão grandes dificuldades na sua afirmação a curto prazo em Portugal do meu ponto de vista, caso este governo, mantenha esta estabilidade e este rumo.
Todos sabemos que em politica um mês é muito tempo, e por conseguinte, tantas vezes, as improbabilidades tornam-se realidades, as certezas incertezas, as amizades politicas de ocasião transformam-se quantas vezes em ódios de estimação, o que tudo junto dá, quer queiramos ou não, um carácter enigmático, e até quantas vezes, encanto à politica e à arte de “navegar ou surfar” na mesma, ora na crista da onda, ora mais resguardado, mas sempre com um denominador comum: Estar e marcar Posição.
Atendendo à sua génese, a política mais não é “…que a ciência da governança de um Estado ou Nação…”, mas acima de tudo “… também uma arte de negociação para compatibilizar interesses”.
E que esses interesses, sejam sempre os dos nossos concidadãos, é o que mais deve ser relevado, a bem de Portugal e dos Portugueses.