Balanço ambiental 2015

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QuercusO ano de 2015 foi marcado pela continuação da crise financeira e económica dos últimos anos, ainda que se tenha assistido a uma pequena recuperação económica do país. A crise que temos vindo a atravessar, para além de ter como consequência a diminuição do bem-estar da maior parte da população, tem acabado também por desviar a atenção da opinião pública dos graves problemas ambientais que continuamos a viver, tanto a nível local, como global. Tem-se vindo a assistir, também no plano ambiental, a várias decisões pautadas por objetivos imediatistas, ao invés de privilegiar ações com implicações positivas a médio e longo prazo.

Este ano foi marcado por factos ambientais reprováveis e bastante mediáticos, como os recorrentes episódios de poluição e ameaça ao Rio Tejo e o escândalo das emissões do grupo Volkswagen. Os incêndios florestais voltaram a constituir um dos maiores problemas ambientais no nosso país, sendo que se verificou um aumento de 120% da área ardida, relativamente a 2014. O adiamento do encerramento da central nuclear de Almaraz na Extremadura Espanhola mereceu redobrada atenção. Esta central obsoleta, representa um risco real de acidente nuclear e já foi palco de diversos incidentes que originaram a libertação de água radioativa que, após tratamento, foi depositada no Rio Tejo. A contaminação das culturas geneticamente modificadas em culturas convencionais e biológicas ganhou bastante relevância, dado que põe em causa o direito de escolha dos consumidores e reacende a discussão da escassez de informação e controlo sobre o que constitui a nossa cadeia alimentar.

No final de 2015 tornou-se mediática a escassez de alimentos que estava a afetar as aves necrófagas, causada pela obrigação da recolha obrigatória das carcaças dos animais mortos dos campos.

Mas nem tudo foi tudo negativo para o ambiente, houve momentos que merecem ser relembrados, como o lançamento da Encíclica do Papa Francisco “Laudato Si“. Esta foi uma excelente iniciativa precedendo, no mesmo ano, a conferência do Clima de Paris – COP21, que ficou marcada pela positiva, com a assinatura do primeiro acordo universal de luta contra as alterações climáticas. Em Portugal, é de louvar a união dos cidadãos, em torno das causas ambientais (como é o caso do movimento “Vamos salvar o rio Almonda”, dedicado à luta pela despoluição do Rio Almonda), e a criação de três equipas com militares do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) e sete cães que vão trabalhar em conjunto na deteção de venenos. A recuperação de algumas populações de fauna ameaçada, como é o caso do abutre-preto a águia-imperial-ibérica e o lince ibérico que, após extintos em Portugal durante várias décadas, voltaram a ter populações em território nacional foram uma grande conquista.

Para 2016, a Quercus considera que é urgente haver um melhor e maior investimento na conservação da natureza. Seria importante, em prol da sustentabilidade e conservação do meio ambiente, uma maior aposta na energia solar e na eficiência energética. Deveria existir uma aposta no crescimento e desenvolvimento da Educação Ambiental, que seria um passo essencial para a moldagem de comportamentos e atitudes relacionados com o ambiente.