Pela primeira vez vai haver um executivo socialista na Câmara Municipal de Paredes. Se há quatro anos o PS ficou muito próximo de vencer as eleições, com uma diferença de apenas 73 votos para a candidatura do PSD, desta vez não houve margem para dúvidas.

Alexandre Almeida conseguiu 50,35% dos votos (25.885) contra 36,18% (18.601) do candidato do PSD, Rui Moutinho. Para o PS isso representou uma subida de 10% e de quase 7.000 votos em relação às eleições de 2013.

CDS-PP e CDU inverteram papéis. A candidatura liderada por José Miguel Garcez foi a terceira com maior votação, 3,66%, com o CDS a mostrar um crescimento quando comparado com o último sufrágio. Em quarto surge a CDU que baixou para metade a sua votação, ficando-se pelos 2,87%.

O Movimento Positivo por Paredes, liderado pela ex-vereadora Raquel Moreira da Silva, não foi além dos 2,19%. E o Bloco de Esquerda foi a candidatura menos votada, com 1,25%.

Infografia: MAI

Neste cenário, invertem-se os números no executivo municipal, passando o PS a ficar com cinco vereadores e a governar com maioria absoluta. O PSD elegeu quatro representantes.

O PS também venceu a eleição para a Assembleia Municipal mas ainda não é certo que seja José Baptista Pereira o presidente do órgão, já que com a soma dos representantes da oposição e dos presidentes de junta com assento na assembleia o PS fica com 22 eleitos e as outras forças políticas com 23. A candidatura socialista elegeu 14 representantes para a Assembleia, o PSD 11 e o CDS e a CDU um representante cada. Para a CDU isso representou a perda de um lugar na Assembleia.

Infografia: MAI

Quanto às Assembleias de Freguesia, o PSD venceu em nove freguesias – Beire, Cete, Cristelos, Duas Igrejas, Gandra, Lordelo, Louredo, Sobrosa e Vilela – enquanto os candidatos do PS foram os mais votados pela população em Aguiar de Sousa, Astromil, Baltar, Paredes, Rebordosa, Recarei, Sobreira e Vandoma. Destaque para as freguesias de Baltar e Paredes, até agora social-democratas, em que o PS venceu com margem. A CDU continua a liderar a freguesia de Parada de Todeia.

A abstenção em Paredes rondou os 30%.

Conheça os resultados de todas as freguesias aqui.

As reacções dos candidatos

“Foi uma vitória inequívoca e histórica em Paredes. Estes resultados eleitorais são demonstrativos  da vontade de mudança que os paredenses já ansiavam há algum tempo. As pessoas deram-nos essa confiança e agora nós temos essa responsabilidade de demonstrar que estamos à altura de corresponder às expectativas. Não é em vésperas de eleições que se fazem as obras. Não estamos em altura de estar três anos e meio sem fazer obras e depois desatar a fazer obras à pressa, sem planeamento e que ficam mais caras. As pessoas querem nova forma de governar a câmara. Penso que o nosso bom resultado deve-se a um projecto que está mais focado nas pessoas e nas freguesias. Temos de apostar nas freguesias do sul do concelho, nas suas potencialidades mais focadas no turismo que temos de valorizar, e, evidentemente, nas freguesias do norte do concelho, mais vocacionadas para a indústria. Temos também de ser capazes de dar mais vida à cidade de Paredes.
As pessoas querem mais representatividade e mais afirmação de Paredes no Vale do Sousa e na Área Metropolitana do Porto. Para já, temos de fazer uma auditoria para avaliar como estão as contas da câmara. Teremos também a questão da devolução dos dinheiro dos manuais escolares e de preparar o orçamento para 2018”, Alexandre Almeida, eleito presidente da Câmara Municipal de Paredes

 

“Os paredenses foram claros na expressão da sua vontade, quanto aos destinos do concelho. Felicitei o Dr. Alexandre Almeida assim que os resultados foram conhecidos. Pela mobilização popular e envolvimento do eleitorado, admito que não era este o resultado que eu esperava, mas a vontade das pessoas é soberana. Estou sereno e tranquilo! Não virei as costas ao apelo do meu partido e de milhares de cidadãos. Fiz uma campanha honesta, pela positiva! Se voltasse atrás não mudaria nada, porque entendo que deve ser assim, e só assim, a política. Não mudei nada em mim, enquanto fui candidato. O Rui, que muitas pessoas ficaram a conhecer melhor com este projecto, continuará a ser o mesmo. As quase 19 mil pessoas que confiaram o seu voto no PSD estarão representadas por mim e por outros elementos da minha lista, no executivo municipal. Ocuparei o meu lugar na vereação, construtivamente. Porei o interesse público acima de questões político-partidárias”, Rui Moutinho, candidato do PSD

 

“O CDS começa aqui o caminho para ganhar as próximas eleições. Um dos grandes objectivos foi cumprido, que era ser a terceira força política do concelho. Triplicamos o número de representantes nas assembleias de freguesia, o que mostra a implantação do partido. O objectivo de eleger um vereador não foi conseguido e isso contribui para a bipolarização partidária em Paredes. Foi bom ver que a abstenção tem diminuído o que pode significar uma maior proximidade das pessoas à vida política. Temos um partido revitalizado, com sangue novo e organizado. Tivemos 18 candidatos às juntas, o que já não acontecia há algum tempo”, José Miguel Garcez, candidato do CDS-PP

 

“As pessoas queriam a mudança e funcionou o voto útil no PS, uma tendência que se verificou a nível nacional. Também temos que ter em conta a abstenção. Houve mais de 21 mil pessoas que não votaram e isso influenciou os resultados. Também houve muitos votos brancos e nulos o que penalizou o Bloco que é relativamente novo em termos de implantação no concelho. Temos muito trabalho a fazer, mas nestas eleições já tivemos candidaturas em mais freguesias. Temos que chegar às pessoas”, Paulo Teles, candidato do Bloco de Esquerda

 

* O Verdadeiro Olhar não conseguiu obter reacção de Álvaro Pinto, candidato da CDU, e Raquel Moreira da Silva, candidata do Movimento Positivo por Paredes