Os presidentes das câmaras municipais dos concelhos de Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Valongo, que reivindicam a futura Linha do Vale do Sousa, defenderam, hoje, que o comboio é uma forma de trazer coesão territorial, social e económica a um território que é, simultaneamente, o mais pobre e o mais jovem do país.
Também os líderes da Área Metropolitana do Porto e da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa salientaram a importância do projecto como forma de resolver um problema de mobilidade, durante a conferência em que o secretário de Estado das Infra-Estruturas prometeu incluir o estudo do traçado no Plano Nacional de Investimentos 2030.
“Estamos perante um grande desafio”
“A nossa missão é planear o território”, alegou o presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida, na conferência realizada em Rebordosa. O autarca diz acreditar que o trabalho destes municípios tem permitido dar passos consolidados para colocar a Linha do Vale do Sousa no PNI 2030. “Defender a mobilidade é defender maior igualdade de oportunidades e justiça”, sustentou, referindo a importância de um projecto que põe os municípios “a falar a uma só voz” ao invés de cada presidente “olhar para o seu umbigo”.
O presidente da Câmara de Paços de Ferreira, Humberto Brito, voltou a defender que a verdadeira coesão social e territorial da região virá com este projecto. “Estamos perante um grande desafio”, assumiu, lembrando, no entanto, a união criada em torno desta meta. “Muitas vezes temos responsabilidades quando não nos juntamos para fazer face ao centralismo de Lisboa”, lamentou, acrescentando que esta linha ferroviária iria reforçar a competitividade de sectores tradicionais como o têxtil, o calçado e o mobiliário. “A região precisa de investimento público. Este é um projecto que que promove a coesão social e territorial e combate as assimetrias, indo de encontro aos objectivos dos fundos comunitários”, defende Humberto Brito, concluindo que “300 milhões de euros com uma comparticipação nacional de 50 milhões não é impossível”.
Começando por afirmar que o que acontece nos municípios à volta afecta os municípios que cada autarca lidera, José Manuel Ribeiro criticou a lógica de decisão em torno dos investimentos. O metro (do Porto) vai gastar 180 milhões em dois quilómetros. “Há uma lógica macrocéfala que é perversa para esta região. Todos os investimentos que possamos alavancar para um desenvolvimento por igual são fundamentais”, argumentou. “Oportunidades para todos só se conseguem com a coragem de investir na ferrovia. Não podemos viver numa ditadura em que o investimento público vai sempre para os mesmos investimentos”, acrescentou ainda o presidente da Câmara de Valongo.
Já Pedro Machado aproveitou para lembrar que a região, e Lousada, já teve uma linha férrea. “Acredito que este projecto vai ser inserido no PNI e ser prioritário. Aqui nesta região com pouco investimento conseguiríamos dar um salto qualitativo”, acredita o edil de Lousada. O autarca lembrou que a região é “dinâmica” e tem “crescimento demográfico e vitalidade empresarial”. “Todos os autarcas têm uma vontade férrea de que esta linha seja uma realidade”, concluiu.
Também o presidente da Câmara de Felgueiras não esqueceu que o concelho a que preside já teve comboio. “Esta linha é extremamente importante para nós. A sustentabilidade urbana do território passa por aí”, disse. Nuno Fonseca abordou também a questão da importância da ferrovia a nível turístico. “Temos a Rota do Românico que está próxima do Porto e não é visitada”, lamentou.
“A mobilidade no território é o desejo de todos os municípios do Tâmega e Sousa”
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa defendeu também a importância de um projecto que iria beneficiar a “comunidade mais frágil da região Norte, que não tem sido vista como devia pelo poder central”. Armando Mourisco frisou que “é a coesão da comunidade que está em causa” e lembrou a luta para combater os baixos indicadores. “A mobilidade no território é o desejo de todos os municípios do Tâmega e Sousa. Unimo-nos todos em torno deste futuro e queremos fazer o Governo olhar para nós”, afirmou.
Da mesma forma, o líder da Área Metropolitana do Porto sustentou que é preciso olhar para os concelhos vizinhos e as suas preocupações. “A estratégia é unir a região e articular com as outras CIM, sem complexos de superioridade ou inferioridade”, defendeu Eduardo Vítor Rodrigues. O autarca aproveitou ainda o momento para defender a regionalização. “Não se pode falar de grandes projectos para a região quando continuam a ser decididos em Lisboa. Sem a regionalização a nossa voz é fraca. Se queremos coesão temos que gerir os nossos recursos”, argumentou. “A AMP tem muito a ganhar com este objectivo. Este objectivo é da região”, acrescentou ainda.
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