Há mais defensores da instalação de uma segunda viatura médica de emergência e reanimação (VMER) para servir a região do Tâmega e Sousa, com quase 500 mil habitantes.
Recorde-se que a VMER do Vale do Sousa, instalada no Hospital Padre Américo, em Penafiel, tem um rácio acima da média nacional, admite o próprio INEM. O tem já foi levado à Assembleia da República, com a proposta de que haja uma segunda viatura no Hospital de Amarante.
“A região tem locais tão distantes e geograficamente complicadas, que a VMER chega mais depressa a Aveiro do que a algumas zonas da nossa área de intervenção”, comenta Filipe Serralva, médico de emergência médica na VMER do Vale do Sousa há vários anos e ex-diretor do Serviço de Urgência do Hospital Padre Américo.
Aquele que é considerado um dos médicos com maior número de horas de emergência médica no país é claro: “Uma nova VMER é fundamental para salvar vidas. Fará a diferença sobretudo nos concelhos mais distantes, sobretudo numa zona com população jovem e muitas urgências pediátricas e em que há muitos casos de AVC e enfarte, patologias que implicam uma acção rápida”.
Filipe Serralva já defende uma segunda VMER em Amarante desde 2015. Quando foi director do Serviço de Urgência fez mesmo uma proposta formal para a sua criação (em 2019/2020), mas a ideia não avançou. Garante que há médicos e enfermeiros suficientes na escala da actual VMER para criar uma segunda equipa.
“A área de influência é muito vasta e estamos no canto, em Penafiel. Amarante precisava de uma VMER. Há zonas a que demoramos 50 minutos a uma hora a chegar. Entre ir e voltar são duas horas e meia ou mais que estamos fora”, dá como exemplo, explicando que as ambulâncias SIV (suporte imediato de vida), não fazem o mesmo que uma VMER.
“É necessária uma segunda VMER para aproximar a região da média nacional, para termos mais saídas e dar resposta a mais gente”, sustenta.
Também Humberto Brito, contactado, concorda que uma nova VMER é uma “medida necessária” para colocar a região na média do país. “Sendo uma das 10 viaturas rápidas com mais saídas no país, verificamos que é aquela que, de todas, responde a uma área de intervenção maior. Não é raro assistir a episódios que nos indicam que é claramente insuficiente para servir toda a população que tem para servir”, afirma o presidente da Câmara de Paços de Ferreira.
Questionado sobre se a região está a ser discriminada, o autarca fala nas dificuldades de um território vasto e responde afirmativamente: “Se tivéssemos uma VMER concentrada apenas na região do Vale do Sousa, já assim estaríamos acima da média nacional em termos de população abrangida. Imagine-se agora que a mesma viatura cobre também todos os nossos vizinhos da região do Tâmega. Os tempos de deslocação entre as duas regiões são impraticáveis em contexto de emergência. Por isso, e para concluir, se olharmos friamente para os números, facilmente constatámos que sim”.
Humberto Brito diz que já abordou a questão junto do secretário de Estado da Saúde, “transmitindo claramente que o Município de Paços de Ferreira concorda com a necessidade de atribuição de uma segunda viatura de emergência e reanimação para servir a região do Tâmega e Sousa”.
O socorro está em causa? “Não é preciso fazer contas muito complicadas para percebermos que a distância é um factor crítico na velocidade da resposta do socorro. Ora, se existe a distância, quer dizer que a própria viatura tem muitos tempos de não resposta pelo facto ter saídas longas. Acrescentando à distância o número de pessoas abrangidas, percebemos que estamos numa situação crítica, e que em muitas situações onde a intervenção do meio era fundamental, pode o mesmo não estar disponível”, responde o edil, dizendo que mais importante do que a localização, em Amarante ou noutro local, é a existência de uma segunda VMER para “duplicar” a resposta.