O presidente da Câmara Municipal de Lousada pediu uma audiência com o ministro da Cultura, como forma de demonstrar o seu descontentamento e também a sua “preocupação” pelo facto de o grupo de Teatro Jangada te sido excluído dos subsídios atribuídos pela Direcção-Geral das Artes (DGARTES), ao abrigo do Programa de Apoio Sustentado às Artes 2023-26.
A revelação foi feita pelo autarca, na Assembleia Municipal local, que decorreu na noite de segunda-feira, depois de ter sido questionado pelo deputado João Paulo Brito, na bancada Acreditar Lousada, acerca da posição do município sobre esta matéria.
Pedro Machado frisou que a decisão da atribuição de verbas “ainda não é definitiva”, por isso, a situação “tem que ser revertida”, porque “houve um erro grosseiro de apreciação”, um argumento também sustentado pelo grupo de teatro e avançado, recentemente, pelo Verdadeiro Olhar.
No aviso de abertura do concurso, ficou assente que “nenhuma região podia ultrapassar os 40% do montante total das verbas”. Mas, contas feitas, o dinheiro previsto para a Região Metropolitana de Lisboa é de 43,9%, o que quer dizer que a DGARTES não terá cumprido as regras do concurso, explicou, na altura, a produtora da colectividade.
Apesar de reconhecer que a não atribuição de subsídios é um problema transversal a companhias de todo o país, Pedro Machado avança agora que não vai desistir de dar voz à preocupação do Jangada, porque “há impugnações judiciais”, esperando que não seja preciso chegar a este ponto. Mas se assim for, garante que esta luta irá até às últimas instâncias, nem que para isso haja necessidade de recorrer a uma “impugnação judicial”.
O edil não deixou de lamentar ainda o “desiquilíbrio regional” que existe na atribuição destas verbas. “Na área de Lisboa todas as candidaturas foram aprovadas”, excedendo até o montante total previsto.
Mas o autarca ainda acredita que “o júri terá bom senso” a analisar todo este processo, e apoiar esta companhia, porque “não podemos perder esta marca distintiva de Lousada” que é um “trunfo na área cultural” de toda a região.
Recorde-se que a DGARTES é o organismo responsável pela coordenação e execução das políticas de apoio às artes, através de atribuição de verbas, detendo assim, “um papel fulcral na garantia de condições para a estabilidade, consolidação e renovação do tecido artístico profissional em Portugal, bem como para a sua internacionalização”, como a própria estrutura refere no seu site.
O Jangada Teatro, que existe há 23 anos, e que é a única companhia profissional da região do Tâmega e Sousa, não está contemplada neste apoio.
A título de exemplo, em 2022 o Jangada fez mais de 90 espectáculos, razão pela qual o dirigentes do grupo insurgiram-se contra esta possível decisão, apelidando-a de “incompreensível”.
Sem esta verba, o futuro da colectividade pode passar por ‘fechar as portas’, tendo em conta que, e apesar de só depender em “30% dos subsídios da DGARTES”, este é um montante considerado pelo grupo como “essencial” para a sua sobrevivência, porque “permite investir na criação de espetáculos”, gerando lucros a partir daí, explicou, a produtora do grupo, ao Verdadeiro Olhar.
A organização de certames, como o Folia – Festival de Artes do Espetáculo de Lousada e Foliazinho, são da responsabilidade deste grupo que se tem vindo a destacar no panorama dos festivais tradicionais de teatro, por ter assumido, desde a primeira edição, “uma programação multidisciplinar”, uma vez que ali se juntam o teatro, a música, a dança, as marionetas e as artes plásticas.
A nível internacional tem marcado presença em Espanha, França, Lituânia, Brasil, Estados Unidos da América, México, China e Grécia.