No total foram 226 quilómetros – 3,8 de natação, 180 de ciclismo e 42,2 de corrida – os percorridos por Pedro Ventura naquela que foi o seu primeiro triatlo “Ironman”. O atleta de Penafiel, que há dois anos se dedica à competição em triatlo de longa distância, sofreu uma queda e ferimentos, mas persistiu e conseguiu concluir a prova, a Northwest Triman, realizada em Espanha. Dos 265 atletas que marcaram presença, 15 não chegaram à meta.
O desporto sempre marcou presença na vida deste penafidelense que representa o Clube Fluvial Vilacondense, o Futebol Clube Penafiel e a Associação Desportiva de Penafiel, em diferentes modalidades.
Passou por várias modalidades
O desporto sempre fez parte da vida de Pedro Ventura. “Sou uma pessoa bastante competitiva e o desafio da superação própria é uma constante”, assume. Nascido e criado em Penafiel o Engenheiro Mecânico, agora com 31 anos, começou pelo karaté. Passou depois pela natação e pelo basquetebol até que, quando frequentava o ensino superior, em Bragança, passou praticou kickboxing, durante cinco anos. Chegou a participar ténis, por influência da namorada, até que um amigo o desafiou a participar numa prova de atletismo de 10 quilómetros. Foi e gostou. “Na altura não sabia o que era correr quanto mais correr 10 quilómetros”, recorda. Ficou o “bichinho” que o levou a participar em mais provas.
Correr era bom, mas faltava “um desafio maior”. Por isso, há cerca de dois anos atrás aceitou um novo desafio: participar num duatlo, prova que envolve uma etapa de corrida, seguida de uma de ciclismo e outra de corrida. “Gostei bastante, mas ainda não era aquilo que procurava”, conta. Pedro Ventura optou então por começar a fazer natação para poder evoluir para as provas de triatlo. “Foi amor à primeira vista”, brinca.
Atraído pela exigência do triatlo
Atrai-o a exigência deste desporto que une três modalidades que adora. O facto de existirem três disciplinas associadas faz com que os treinos nunca sejam monótonos, garante o atleta. Treina quase todos os dias da semana, entre 12 a 14 horas semanais.
Começou por provas mais curtas e foi evoluindo, estando actualmente a competir nos triatlos mais longos. Já participou em cerca de 15 provas. Um triatlo longo envolve 1,9 quilómetros de natação, 90 de ciclismo e 21,1 de corrida. Acaba de completar o seu primeiro triatlo “Ironman”, que implica nadar 3,8 quilómetros, enfrentar uma prova de ciclismo de 180 quilómetros e terminar com uma maratona de 42 quilómetros.
É atleta federado de três clubes. No triatlo representa o Clube Fluvial Vilacondense, no Atletismo o Futebol Clube Penafiel e na Natação a Associação Desportiva de Penafiel.
O crescimento na modalidade levou-o a ir experimentando provas mais desafiantes. Recentemente rumou a Espanha para participar no Northwest Triman 2015. “Participar num Ironman é um sonho para a maioria dos triatletas, não fosse esta a distância rainha da modalidade. Fazer uma prova com estas características era algo bastante desafiante e que queria realizar”, explica Pedro Ventura. “Para tal um atleta tem que se entregar de corpo e alma”, defende o penafidelense. Durante cinco meses dedicou-se a um treino “árduo”. “Chegar a casa por volta das 19h00 e ter de ir treinar não é fácil. É preciso estar bem focado nos objectivos, ter o apoio das pessoas que te rodeiam e ter um bom treinador que te conheça bem. Privamo-nos de muita coisa”, sustenta o atleta.
Quando chegar ao fim já é uma vitória
Concluir a primeira prova de Ironman foi, por si só, já uma vitória. Pedro Ventura diz-se ainda assim “insatisfeito” porque uma queda, quando tinha percorrido apenas 25 quilómetros da prova de ciclismo, impediu-o de obter melhores resultados. “Cair ou ter algum problema numa prova destas dimensões é sempre um receio para todos os atletas”, reconhece. “Enquanto estás estendido no chão pensas que tudo acabou ali, que vais ter de desistir… não é nada fácil…”, diz. Depois de horas de treino e apesar das dores num ombro e num joelho, Pedro Ventura optou por não desistir. Voltou à bicicleta e continuou a prova, mas em esforço. Percorreu os restantes 155 quilómetros de bicicleta e os 42,2 quilómetros da corrida com dores. “Isso obrigou-me a parar a cada hora no segmento de ciclismo para poder aliviar um pouco a pressão nas costas e no pescoço. E esticar a perna por causa das dores no joelho. Correr foi bastante difícil, caminhei bastante sempre que as dores no joelho não me deixavam correr”, conta o atleta.
Chegar à meta surgiu como uma recompensa. “Por tudo o que sofremos e por tudo o que abdicámos para estar ali. Por nos levantarmos às cinco da manhã para treinar, quando chove e faz frio. Isso é ser um Ironman”, explica.
Pedro Ventura assume que não ficou satisfeito com esta prova e quer melhor o resultado no próximo ano. Entretanto quer fazer uma nova prova de distância Ironman e realizar todas as provas do campeonato Nacional Longo de Triatlo. “Este ano ainda tenho muitos quilómetros para fazer, tanto em treinos como em provas”, garante. “Ainda estou só no começo!”, acrescenta.