Ricardo Fonseca tem 25 anos, é de Lousada, e é um dos atletas que vai representar Portugal no Campeonato Mundial de Kempo, a realizar em Antalya, na Turquia, de 26 a 31 de Outubro.
O lousadense faz parte da elite portuguesa da modalidade e, em entrevista ao Verdadeiro Olhar, falou um pouco do seu amor ao Kempo e daquilo que espera no Campeonato do Mundo.
O atleta confessa que “conseguiu realizar um dos seus objectivos de vida”, que passava por ser escolhido para esta competição. É evidente que uma participação como esta requere uma “elevada preparação”, mas, e a menos de um mês de partir para a Turquia, Ricardo Fonseca avança que está a “ficar preparado”.
O amor ao Kempo começou quando já era adolescente, mas iniciou-se na modalidade “muito antes disso”, quando tinha apenas quatro anos.
A ideia partiu do pai que “sempre foi um apaixonado pelas artes marciais”, contou.
Um dia, bastante mais tarde, quando começou a assistir a competições, pensou que “era capaz de fazer aquilo”. Então, foi falar com o mestre e não tardou a apaixonar-se pela modalidade, tanto mais que, aos poucos, começou a “ganhar competições”. Daí até começar a viver para este desporto, foi rápido.
Mas afinal o que é o Kempo? É uma arte marcial que chegou a Portugal nos anos 90 e que, na sua forma tradicional, tem a sua origem em sistemas de lutas, onde se “simula um combate com um adversário imaginário”, explicou Ricardo Fonseca. Em causa, estão “o equilíbrio, a força e a flexibilidade”.
Nascida na China há quase 2.500 anos, este sistema de defesa de artes marciais, desenvolveu-se, primeiro, no Havai e, depois, expandiu-se pelos quatro cantos do mundo.
Caracteriza-se então pelo uso de movimentos rápidos e sucessivos, destinados a neutralizar o adversário, combinando quatro diferentes estilos de artes marciais: kempo chinês, kajukenbo, wun hop kuen do e military division.
Portugal tem tomado a dianteira do sport kempo, a área de combate de Ricardo Fonseca. Com milhões de praticantes em todo o mundo, assenta os seus princípios no “respeito, honra e família e cumpre os desígnios do espírito, da mente e do corpo”.
No nosso país há já 156 treinadores credenciados pela Federação Portuguesa de Lohan Tao.
“Era um miúdo tímido, envergonhado e com falta de auto-estima. O Kempo ajudou-me a encarar a vida de outra forma”
O Kempo movimento milhares de pessoas, das mais variadas áreas e profissões, que encontram nesta arte marcial “um escape à rotina do dia-o-dia”. No caso de Ricardo Fonseca, ajudou-o a ter “auto-estima e a perder o medo”.
Ao Verdadeiro Olhar recordou que era uma criança “muito tímida, tinha medo de tudo” e vivia com uma “grande falta de confiança”. Quando abriu esta possibilidade na sua vida, começou a perceber que “conseguia ganhar” e, quantos mais pódios subia, mais percebia que “era bom” naquilo que fazia”. E, assim, começou a acreditar nas suas capacidades.
“O Kempo para os miúdos é quase como uma mini-tropa”
Hoje, Ricardo Fonseca é bem diferente da criança tímida de outros tempos e nada teme. Por outro lado, o Kempo também ajuda aqueles “miúdos distraídos e até hiper-activos, porque lhe dá mais disciplina e rigor. É quase uma mini-tropa”, explicou o também treinador.
E hoje em dia, em que as crianças vivem fixadas no computador e nos jogos, por exemplo, o Kempo “ajuda à concentração e à disciplina dos mais novos”. Já em relação aos adultos, “conseguem libertar energias”, evitando acumular stress. Acaba por ser “terapêutico”, porque combate o sedentarismo e “liberta o corpo e a mente”.
Além dos treinos diários, Ricardo Fonseca conta que tem também que ter “muito cuidado com a saúde e com a alimentação”, sobretudo nesta fase que se prepara para participar no Campeonato do Mundo.
É que para competir terá que pesar menos de 65 quilos, por isso, está a fazer uma dieta “rigorosa e bem estruturada”, porque não pode perder “energia”.
Quase de malas feitas para a viagem competitiva que o espera, o lousadense lamenta apenas que o Kempo tenha “poucas ajudas em Portugal, ao contrário do que acontece em outros países”. Aliás, para participar neste campeonato, contou, “felizmente”, com os apoios, não só da “Câmara Municipal de Lousada, como da Federação de Lohan Tao, assim como de outros parceiros”, caso contrário, talvez tivesse que adiar este sonho.
Apesar de a sua dedicação à modalidade, nesta altura, ser “quase total”, Ricardo Fonseca, que além de treinador de kempo é Personal Trainer, gosta de “estar com a namorada, sair para ambientes calmos e ouvir boa música”.
Para além disso, também é um apaixonado por cinema, tendo já participado em filmes amadores, como “O Estrondo II”, que contou com “mais de seis milhões de visualizações, e “Em Nome da Lei II”, contou ao Verdadeiro Olhar.
E aproveita este lado mais artístico também “para dar a conhecer a modalidade”, porque é bom “captar cada vez mais praticantes”.
Para já, e nos próximos dias, o foco de Ricardo Fonseca está no Kempo, porque, é certo, que pretende trazer o ouro para Lousada.