“Mulheres Móveis” vão até ao Centro Cultural de Carregal do Sal, este sábado, dia 17 de Fevereiro, pela mão da companhia Astro Fingido, de Paredes.
A peça fala das histórias e memórias das carreteiras (ou cadeireiras), mulheres que desde muito novas, em pleno Estado Novo, tinham como tarefa levar móveis à cabeça desde a região de Paredes até ao Porto, Guimarães ou à Póvoa de Varzim, por exemplo.
Maria, Letinha, Justa e Sãozinha serão as últimas carreteiras, aquelas que nos trazem o testemunho de um tempo de miséria e trabalho duro, sem prémio. Mas as palavras de Tonino Guerra não nos permitiram pintar de cinzento o seu tempo, porque “a pobreza ajuda à fantasia. Na pobreza vive-se sob uma chuva de desejos suspensos”, conta a companhia, em comunicado.
“Foi esse caminho de dor e sacrifício, pontuado por momentos de alegria e forte solidariedade, que quisemos trilhar.
Trata-se de um espectáculo construído no âmbito da metodologia artística da Astro Fingido, um teatro de vozes, que, recorrendo a testemunhos vivos da comunidade, pretende dar voz a determinadas temáticas sociais, fundamentais para uma determinada região, mas que procura uma leitura universal pelos paralelos que se podem estabelecer com outras comunidades”.
Estas Mulheres Móveis fizeram já “caminharam” de Paredes ao Porto, Maia, Coimbra, Beja, Póvoa de Varzim, Bragança, Fundão, Lousada, Faro, Felgueiras, Setúbal, Idanha-a-Nova, Ílhavo e Castro Daire, Madrid.
O espectáculo corresponde à Parte I do Ciclo da Invisibilidade, que apresenta profissões “invisíveis”, mas fundamentais para a prosperidade de uma indústria – a indústria do mobiliário na região de Paredes.
A Parte II deste ciclo, o espectáculo Moço da Cola, tem sido também apresentado em diversos Teatros de Norte a Sul de Portugal.
Mulheres Móveis conta com direcção e encenação de Fernando Moreira, interpretação de Ângela Marques, Filomena Gigante, Luísa Calado e Patrícia Queirós, cenografia e adereços de Ana Pinto, figurinos de Xana Miranda, coreografia de Andrea Gabilondo, música ao vivo de Carlos Adolfo e desenho de luz de Cláudia Valente