Ao som de bombos e pandeiretas, elementos da Associação Jornada Principal, que pede o fim do aterro de resíduos não perigosos da ReciValongo, em Sobrado, voltaram a exigir explicações ao ministro do Ambiente e da Acção Climática, que inaugurou, hoje, a sede do Parque das Serras do Porto, em Valongo.
“João não tenhas medo, encerra o aterro” gritaram os manifestantes.
“O senhor ministro esteve há três semanas connosco em Ermesinde e disse que se ia inteirar do que se passava e do que poderia melhorar. Queremos saber o que foi feito”, adiantou ao Verdadeiro Olhar Marisol Marques, presidente da Jornada Principal, ainda antes da chegada do governante.
“Tanto quanto sabemos, a CCDR-N e a Agência Portuguesa do Ambiente não deixaram que elementos da Jornada Principal integrassem a comissão de acompanhamento que está agora em cima da mesa em projecto. Queremos saber porquê, já que temos técnicos da área do ambiente”, apontou.
Segundo Marisol Marques, os maus cheiros que incomodam a população de Sobrado, que se preocupa também com futuros efeitos na saúde causados pela presença do aterro, têm-se intensificado nas últimas semanas. “Nos últimos dias o cheiro tem sido horrível. E nas últimas semanas é impossível viver em Sobrado sem ter vómitos. Agora não é só o cheiro a químicos, é podridão mesmo”, atesta a presidente da associação.
“Não queremos que levem este aterro daqui para o meio de outra população, queremos que tratem o lixo. O nosso objectivo continua a ser o encerramento do aterro. Mas enquanto não encerra queremos que tomem medidas para minimizar o impacto que sentimos”, defende, explicando que agora, das casas mais próximas, a 300 metros, já se vê o lixo a céu aberto.
Praticamente pronta a entregar está uma petição com mais de 4.000 assinaturas que pede o encerramento do aterro em Sobrado.
À chegada, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, não fugiu ao protesto, afirmando aos populares o que depois repetiu aos jornalistas: “Os habitantes que moram nas proximidades da ReciValongo sempre que venho a Valongo têm-se manifestado desta forma. O que lhes disse é que, não a pensar necessariamente neste aterro, mas também, até aos Reis, a secretária de Estado do Ambiente, Inês Costa, irá assinar e publicar um despacho que vai condicionar bastante a importação de resíduos”.
“Portugal cumpre as regras comunitárias de comércio de resíduos e cumprirá, mas há um conjunto de exigências suplementares que Portugal pode colocar e vai colocá-las. E com isso não só este aterro, mas todos, vão ver o seu problema minimizado”, acredita ao governante.
Confrontado com as queixas da população, Matos Fernandes alegou que tem havido inspecções”, não sendo “encontradas desconformidades na gestão do próprio aterro”.
“Boa parte dos problemas que existe neste aterro e não só provêm de resíduos importados, nós temos que ser muito mais exigentes nessa importação de resíduos e é isso que vamos fazer”, concluiu.