“Promover o aumento da competitividade do tecido empresarial de Paredes através da sua difusão, estímulo e partilha de boas práticas de inovação” é o objectivo da nova associação empresarial de Paredes. A Associação Para a Competitividade (APC) de Paredes foi apresentada esta quarta-feira, na Casa da Cultura de Paredes, diz que quer ser a voz dos empresários do concelho e dar apoio a todos os sectores, em especial ao comércio.

Apesar dos inúmeros elementos do PSD presentes, os responsáveis negam que a associação tenha carácter partidário e dizem-se abertos a sinergias com a recém-criada ASEP – Associação de Empresas de Paredes.

Presidente da Câmara diz que há verbas para apoiar as duas, desde que apresentem bons projectos, e que está cansado de ser o município o único “a puxar pelo território” já que a Associação Empresarial de Paredes nunca teve “pedalada” para acompanhar o trabalho desenvolvido pela autarquia.

 

“O comércio é motor de desenvolvimento de uma região”. Caixa de Crédito Agrícola com linha de crédito especial para associados da APCP

Em Abril, Paredes ficou sem associação empresarial, quando foi decretada a insolvência da Associação Empresarial de Paredes. No mesmo mês, nasceu a Associação de Empresas de Paredes (ASEP) que veio para preencher o “vazio” que existia no concelho e para defender “os interesses dos empresários”.

Agora, surge uma outra associação de carácter empresarial, a Associação Para a Competitividade de Paredes, e, dizem os responsáveis, há espaço para as duas e até para sinergias.

Apresentação da Associação para a Competitividade de ParedesSegundo a presidente da direcção da APC Paredes, Carla Rocha, este projecto pretende ser uma plataforma de apoio aos empresários de um concelho bem localizado, em que os jovens abaixo dos 25 anos são um terço dos habitantes e em que existem 10 áreas de acolhimento empresarial e 7220 empresas. Muitas delas são da indústria, e a dirigente promete não descurar essa vertente, mas defende que é preciso apoiar as cerca de 2000 empresas vocacionadas para o comércio. “O comércio é motor de desenvolvimento de uma região e é fulcral para o nosso concelho. Temos que estar atentos”, referiu.

Defendendo sinergias com empresas, com o poder público e outras associações, Carla Rocha sustentou também que uma associação deste cariz deve ter voz activa e “isenta” na defesa dos interesses dos empresários. “Queremos ser essa voz”, garantiu. Por outro lado, diz que esta associação será gerida como uma empresa: “O nosso objectivo é gerirmo-nos como uma empresa e vivermos de fundos próprios”.

Entre os muitos serviços que a APC Paredes quer prestar estão as candidaturas a sistemas de incentivo e a projectos de modernização e revitalização; o apoio no licenciamento e propriedade intelectual, à internacionalização, ao empreendedorismo e à criação de empresas, assim como à elaboração de projectos de marketing digital e redes sociais; e ainda a prestação de serviços de consultoria jurídica e formação, entre outros. A dirigente anunciou ainda que já estabeleceram algumas parcerias, uma delas com a Caixa de Crédito Agrícola que dá, aos comerciantes que sejam associados uma linha de crédito com condições especiais.

Questionada sobre a existência da ASEP, a presidente da direcção da APCP diz que é possível que sejam criadas sinergias entre as duas associações. “Não estamos muito preocupados com os projectos de incentivos, estamos mais preocupados em como é que os empresários vão vender e facturar ao final do dia. Do que conheço, parece-me que a ASEP é diferente”, explicou. “O presidente da outra associação veio falar comigo e reforçamos o interesse em ver projectos comuns e juntarmos força para que as empresas saiam do marasmo em que estão”, acrescentou.

Apresentação da Associação para a Competitividade de Paredes

“Nunca tivemos uma associação [empresarial] com pedalada para o que íamos fazendo”, lamentou Celso Ferreira

“Até que enfim. Não é fácil ser presidente de câmara e querer puxar por um concelho e não ter ninguém ao lado com quem correr”, afirmou Celso Ferreira que marcou presença na apresentação pública desta nova associação. “Estou satisfeito por ver que a sociedade civil e empresarial se organizou e desenvolveu um projecto para puxar pela economia. Nunca tivemos uma associação com pedalada para o que íamos fazendo”, argumentou o autarca.

Dizendo que não pretendia “fazer acusações”, o presidente da Câmara de Paredes sustentou que a Associação Empresarial de Paredes foi por um caminho que matou muitas associações, a formação, tornando-se dependente dos fundos comunitários. “Nunca se deixem enredar na teia dos fundos comunitários”, aconselhou aos responsáveis da APCP. Segundo o edil, os dirigentes da AE Paredes deixaram de ter tempo para criar novos projectos “porque estavam demasiado preocupados em resolver os problemas internos da associação, e isso prejudicou o território”. A associação empresarial também não morreu por falta de apoio já que a autarquia transferiu para a AE Paredes mais de 400 mil euros, referiu.

“Tragam ideias e sugestões para dinamizar o comércio tradicional que a Câmara financia. A AE Paredes nunca nos apresentou desafios”, lamentou Celso Ferreira. “Arrumamos as contas, a Câmara tem dinheiro para vos apoiar. Não tenham medo de nos fazer propostas e de ser arrojados”, disse ainda.

Apresentação da Associação para a Competitividade de Paredes

“Em Paredes, faz-se depender muitas vezes as dinâmicas associativas dos interesses político partidários e, não tenhamos ilusões, pode estar a acontecer o mesmo”

Perante uma assembleia em que marcaram presença vários elementos do PSD, incluindo presidentes de junta, tanto os responsáveis da Associação para a Competitividade de Paredes como o presidente da Câmara Municipal negaram que haja qualquer conotação partidária na nova associação.

“Sou apartidária. Não voto em partidos, voto em projectos e ideias e farei tudo o que estiver ao meu alcance para que sejamos isentos de conotação política. A Câmara apoia-nos como pode apoiar a outra associação”, sustentou Carla Rocha. Ainda assim, a dirigente confirmou que um dos principais mentores da nova associação foi Luciano Gomes, membro da Assembleia Municipal pelo PSD, “enquanto cidadão”.

Também Celso Ferreira negou que este fosse um projecto “nascido na Câmara Municipal”. “Mas é um projecto que tem o nosso apoio, como outros que têm aparecido”, disse. “Em Paredes, faz-se depender muitas vezes as dinâmicas associativas dos interesses político partidários e, não tenhamos ilusões, pode estar a acontecer o mesmo. Querem fazer uma associação façam, mas mostrem serviço. Eu não vou deixar de os apoiar se os projectos forem bons”, afirmou o autarca.

“O candidato do PSD não é dirigente de nenhuma destas associações. Ninguém pode acusar o PSD de estar a instrumentalizar o que quer que seja”, acrescentou o presidente da Câmara, numa clara alusão à presença de Alexandre Almeida, vereador socialista e possível candidato à Câmara nos órgãos sociais da ASEP, associação da qual também é fundador. Recorde-se que, na altura da apresentação desta associação empresarial, também os responsáveis negaram haver qualquer intuito partidário.

Celso Ferreira garantiu ainda que o apoio prometido é para ambas as associações empresariais, basta que apresentem bons projectos. “Recebi a outra associação esta semana e disse-lhes o mesmo que disse hoje aqui”, referiu aos jornalistas, defendendo que há espaço em Paredes para duas ou até mais associações. “Para mim quem dera que houvesse 10, que concorressem todas entre si e que fizessem muito pelo território”, argumentou.

Apresentação da Associação para a Competitividade de Paredes