As nossas quintas?

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Como se não bastasse a ignomínia do lápis atrás da orelha, do PS/Paredes, a fazer as contas de um resgate à Be Water, concessionária da água e saneamento no concelho de Paredes,  cujos custos são  incomportáveis para as finanças municipais – as palavras são do próprio Alexandre Almeida –  eis-nos perante a solução inqualificável da oposição do PSD/Paredes: uma rescisão por justa causa.

A ideia do resgate, saído da iluminada cabeça de Almeida, é em si própria uma contradição que para além de nos tentar “embrulhar” com números, esconde uma crua realidade: a ser, como o presidente da câmara de Paredes diz, seriam os mesmos contribuintes, que pagaram, a peso de ouro, para terem as suas habitações com água e saneamento, que teriam de pagar de novo para alargar a rede se saneamento para o sul do concelho. Como já se ouve dizer “serão os do norte do concelho que vão pagar do seu bolso o saneamento do sul do concelho”. O endividamento da autarquia não se divide pelas freguesias. É de todos os habitantes do concelho.

Para nós, que, como já afirmamos, não acreditamos que Alexandre Almeida, embora afirme o contrário, nunca se atreverá a dar à comunidade de etnia cigana apartamentos  de 150.000 (cento e cinquenta mil) euros, também não acreditamos que o nunca anunciado e agora propagandeado saneamento de parte da Sobreira e Recarei se vá fazer às custas dos munícipes que já pagam este serviço. Reafirmamos que o PS de Almeida anuncia como “obras de saneamento do sul do concelho” mais não é do que uma forma de esconder que o sul do concelho vai continuar a ser o vazadouro de toda a porcaria que se faz nesta terra. Vai nascer lá o futuro aterro sanitário e para isso é preciso que, pelo menos entre a Sobreira e Recarei, haja um condutor dos lixiviados para o depauperado rio Sousa. Pergunte-se ao seu correligionário de Lousada onde vai ser implantado o novo aterro sanitário que terá de nascer nos próximos três ou quatro anos. Em Paredes, já ele disse. Só não disse onde. Talvez porque não saiba nem tenha de saber.

Voltemos à inominável “solução” apresentada pelo PSD/Paredes: a rescisão do contrato por incumprimento da parte da Be Water. Se quem concessionou o serviço de água e saneamento foi o PSD/Paredes, se o incumprimento já foi assumido por ambas as partes, com a desvantagem para o município, de a Be Water ter incumprido em parte e a autarquia nunca ter cumprido nada desde o princípio da concessão como é que o PSD- autor da concessão- quer rescindir o contrato? Só em tribunal e aí, não temos dúvidas: é muito pior o não acordo proposto pelo PSD que é, nunca se esqueça, o promotor e autor da “privatização”, do que seria o não acordo que o PS de Almeida diz que vai fazer.

Aquele senhor que fala do concelho de Paredes como se fossem “as nossas quintas” temos de lembrar que, se o concelho já foi a quinta de um outro PSD, agora, Paredes, é muito mais do que a sua horta de Rebordosa.

Por outras palavras, com Ricardo Sousa, fotocópia do mau PSD, nunca os social-democratas voltarão a ser alternativa de poder no concelho de Paredes.

É uma pena, pelo menos, por duas razões:

– porque o PS de Almeida não se tem mostrado uma boa solução para o concelho, nem é um PS de verdadeiros socialistas. Basta ver quantos deles são militantes e, se são, quantos o são há mais de quatro anos, altura em que todos adivinhávamos que qualquer boneco pintado de rosa ganhava as eleições pelo PS.

– porque o PSD tem, historicamente, um eleitorado grande no concelho, mas se não recorrer às novas gerações, à ousadia dos seus quadros novos, alguns com provas dadas, em vez de se constituir como alternativa, irá inaugurar, a breve prazo, a autoestrada dos novos donos do poder. E muitos deles até já foram militantes do PSD.