Ana Sofia Ribeiro tem 25 anos, reside em Valongo há muitos anos, e recebeu o prémio “‘Viana de Lima’, atribuído pela Câmara Municipal de Esposende, por ter sido a melhor aluna do mestrado de Pintura, na Faculdade de Belas Artes, no Porto. Esta distinção, traduz uma homenagem a este reconhecido arquiteto esposendense e contribui para a valorização e divulgação do seu trabalho, que deixou marca na arquitetura em Portugal.
Em entrevista ao Verdadeiro Olhar, a jovem artista, que participou na Bienal de Ardósia de Valongo, um município que é uma “grande fonte de inspiração”, confessou que recebeu esta distinção com “muita satisfação”, porque é prova do “reconhecimento e do esforço” que fez ao longo de todo o seu percurso académico.
Mas o gosto pelas artes começou muito cedo. Em criança, todas as pessoas sublinhavam a aptidão da futura artista por esta área. E quando terminou o nono ano, entrou para a Escola Soares dos Reis, onde seguiu este caminho, na vertente do têxtil.
Três anos passaram, e carimbou a entrada na Faculdade de Belas Artes, no Porto, onde se licenciou em Pintura, tendo, depois, feito o metrado em Artes Plásticas. Ana Sofia começou a desenvolver a sua tese em tempos de pandemia. “Não foi nada fácil, tornando-se mesmo um grande desafio”. É que nesse período, teve que “estudar, fazer investigação e trabalhar”, o que se torna mais complexo numa situação de restrições e de confinamento em casa. “Apesar de me ter impedido de produzir, acabei por me focar mais na parte da investigação”, contou.
Quando terminou o mestrado, conseguiu realizar um dos seus sonhos, ao “fazer uma exposição de final de tese no Museu dos Jardim Botânico, mais concretamente, na Galeria da Biodiversidade, no Centro de Ciência Viva, no Porto. A mostra, designada “From, with and by nature”, incidiu sobre a pintura, desenho e escultura, com uma obra assente numa “trajetória que desconstrói a matéria artística enquanto agente social e que funde o espaço natural com o tecnológico”, como se refere na página do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.
A jovem artista opera nas relações simbióticas entre o humano e a natureza. E no seu trabalho tenta promover “uma consciência ética ecológica no mundo da arte”. Porque a sua fonte de inspiração gira em torno das “alterações climáticas” e do ecocentrismo, como referiu ao Verdadeiro olhar.
Os seus traços ‘pronunciam-se’ através de uma linha onde impera a filosofia ecológica, onde transporta para os seus trabalhos “a noção de belo que há na natureza” e, aí, “aplica-o”. Porque o homem faz parte da natureza e as obras de Ana Sofia transmitem essa mensagem subliminar, porque “a arte é transformadora”.
A tinta que usa para dar cor às suas obras “vêm da natureza”, sendo feita através de “materiais ou pigmentos naturais”. Elementos recolhidos em tudo aquilo que a rodeia ou então produzidos por si.
“Valongo é para mim uma grande fonte de inspiração”
E é precisamente a natureza um dos pontos que a fascinam em Valongo, onde gosta muito de viver. É neste município que consegue “liberdade ao passear pela natureza” e é ali que encontra “uma fonte de inspiração. Por isso, quando não está em casa, sente “uma grande nostalgia”, confessou.
Ana Sofia Ribeiro ainda tem “muitos sonhos por concretizar”, sendo que um deles passa por “expor na Culturgest”, em Lisboa. Para além disso, quer “continuar a produzir e um dia poder viver disso”, da sua arte. Mas enquanto esse dia não chega, a pintora trabalha num atelier partilhado, o colectivo “terra australis”, em Vila Nova de Gaia, e é docente no Programa das Atividades de Enriquecimento Curricular.
Para os jovens que estejam indecisos em seguirem um percurso profissional, Ana Sofia Ribeiro faz questão de lhes transmitir que “tenham paciência, mas não deixem de sonhar e lutar por aquilo que querem” e “escolham aquilo que realmente gostam, não o que está na moda ou o que os outros esperam”. E foi isso que esta jovem fez, seguiu o coração que a tem levado a construir um presente que sonhou.