Mais de 20 anos depois de ser definido como uma obra “prioritária”, o IC35, nomeadamente o primeiro troço, a ligação entre Penafiel e Rans, já pode começar a ser construído. O auto de consignação da empreitada, que tem prazo de execução de 450 dias e custará cerca de 5,5 milhões de euros, foi assinado hoje, com a presença do ministro das Infra-Estruturas, Pedro Nuno Santos.
O governante afirmou que se trata de um acto “de justiça e de respeito” para com a população de Penafiel e da região do Tâmega e Sousa.
Já o presidente da Câmara de Penafiel definiu o dia como “histórico” e sustentou que este é mais um passo importante para que se avance com a segunda fase da obra, a ligação a Entre-os-Rios.
90 vidas perdidas
O momento “importante” justificou a presença de vários autarcas dos concelhos do Tâmega e Sousa na cerimónia.
“É um dia histórico para Penafiel e para a região”, determinou o presidente da Câmara de Penafiel, lembrando que passaram 21 anos da queda da ponte de Entre-os-Rios e de uma resolução da Assembleia da República que atribuía urgência e prioridade à obra.
Entretanto, lamentou, mais de 90 vidas foram perdidas na Estrada Nacional 106 ao longo das últimas duas décadas.
A obra, salientou Antonino de Sousa, que, para já, ligará Penafiel a Rans, é desde logo importante para a segurança das populações, já que a estrada nacional que liga Penafiel a Entre-os-Rios tem um grande volume de trânsito, é percorrida por cerca de 16 mil veículos dia, sendo 10% viaturas pesadas de transporte de granitos e derivados. Trata-se de uma via urbana, que atravessa várias localidades do concelho, havendo muitos cruzamentos e ligações, pelo que é local de muitos acidentes. A par disso, é a via de acesso de muitos concelhos ao Hospital Padre Américo, sendo que em alguns momentos do dia, chegar de Entre-os-Rios ao hospital pode demorar quase uma hora, o que pode ser “a diferença entre a vida e a morte”, afirmou o autarca. A isso acresce ainda a questão económica, porque é uma via usada para escoar os produtos e isso faz as empresas perder competitividade.
Por tudo isso, mas não só, o IC35, como via alternativa é reivindicado há muito. Satisfeito com este troço, o presidente da autarquia de Penafiel diz que agora é preciso avançar com a segunda fase, até Entre-os-Rios, cumprindo assim os anseios da população. “Este é um passo determinante para que outros se sigam”, sustentou aos jornalistas. “Esta intervenção é muito importante, ainda que não tenha a dimensão que nós gostávamos que tivesse já. Vai permitir desafogar a pressão na entrada da cidade e permitir uma melhoria na acessibilidade à cidade de Penafiel”, acrescentou.
“Ninguém acredita que esta obra se vá ficar pela ligação a Rans. Esta empreitada é determinante para que avance a segunda fase até Entre-os-Rios”, sentenciou, até porque a obra, apoiada por fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, tem de estar totalmente concluída até 2026, sob pena de as verbas se perderem.
“Esta obra é conquista de um povo que está à espera há demasiado tempo”
“O IC35 é justiça que se faz ao povo desta região”, afirmou o ministro, no salão nobre da autarquia. “Aquilo que nós estamos a fazer é respeitar o povo, é respeitar quem trabalha, é respeitar quem merece”, acrescentou Pedro Nuno Santos, assinalando o contributo do Tâmega e Sousa para a riqueza nacional, “uma região de gente de trabalho”.
“É sobretudo de respeito o que estamos a fazer. Estamos a cumprir a nossa obrigação”, frisou ainda, não deixando de reconhecer que a espera da região foi longa.
“Estes são investimentos que fazem justiça ao povo”, com a “consciência de que ninguém pode ficar para depois, que nós somos todos iguais, que o povo do Tâmega e Sousa desta vez ganhou”, disse o governante. “Esta obra é conquista de um povo que está à espera há demasiado tempo”, reiterou ainda, dizendo-se orgulhoso por “poder fazer parte de uma história que começa finalmente a concretizar o IC35” e avançando que a seguir há uma grande tarefa a fazer, levar a ligação até Entre-os-Rios.
Faltam os 12 quilómetros até Entre-os-Rios
A construção do troço do IC35 entre Penafiel e Rans será desenvolvida no âmbito do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, na dimensão de Investimentos “Missing links e Aumento da capacidade da Rede”. Vai passar pelas freguesias de Guilhufe e Urrô, de Penafiel e de Rans.
O troço de 1,5 quilómetros vai começar, segundo a Infra-Estruturas de Portugal, numa rotunda a construir na da EN15 e terá final numa outra rotunda localizada em Marecos, que assegurará a ligação à rede viária local e ficará preparada para, posteriormente, ser executada a continuidade do IC35 para Sul.
“A obra contempla também a construção de um viaduto sobre o vale do Rio Cavalum, com uma extensão de 244 metros, e de três passagens superiores: uma associada à obra de reconstrução da actual rotunda de ligação da EN106 com a Rua 3 de Março, e duas de criação de restabelecimentos rodoviários, que irão garantir a reposição das vias que serão afectadas pela construção do IC35”, descreve a entidade.
José Serrano Gordo, vice-presidente da IP, adiantou que em finais de 2023 e princípio de 2024 terá de estar elaborado o projecto dos outros 12 quilómetros do IC35.