No ano passado, 944 pessoas com mais de 65 anos vítimas de crime pediram ajuda à APAV, em média três por dia e 18 por semana; 810 crianças e jovens precisaram do apoio da instituição, em média duas por dia e 16 por semana; 5.036 mulheres adultas foram vítimas, em média 14 por dia e 97 por semana; e 775 homens adultos também pediram ajuda, em média dois por dia e 15 por semana.
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) divulgou, esta terça-feira, o Relatório Anual de Estatísticas da instituição relativo a 2017.
Aquela que se assume como a maior organização nacional sem fins lucrativos de apoio às vítimas de todos os crimes, e ainda familiares e amigos, registou um total de 40.928 atendimentos no ano passado, firmados em 12.086 processos de apoio, onde foi possível identificar 9.176 vítimas e 21.161 crimes e outras formas de violência.
Entre 2015 e 2017, diz a APAV, houve um aumento do número total de atendimentos na ordem dos 19%.
Total de vítimas apoiadas pela APAV por concelho em 2017 * | |
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Área Metropolitana do Porto (17 concelhos) | 993 |
Tâmega e Sousa (11 concelhos) | 145 |
Lousada | 11 |
Paços de Ferreira | 61 |
Paredes | 32 |
Penafiel | 18 |
Valongo | 55 |
* A nível nacional há 2.382 casos em que não é indicada a proveniência das vítimas |
A APAV apoiou vítimas oriundas de um total de 270 concelhos nacionais. Na região, houve 177 vítimas que pediram ajuda à instituição no ano passado: 61 eram de Paços de Ferreira, 55 de Valongo, 32 de Paredes, 18 de Penafiel e 11 de Lousada.
No total dos 11 concelhos do Tâmega e Sousa foram 145 as pessoas que recorreram ao apoio da APAV, com Paços de Ferreira e Penafiel a registarem a maioria dos casos. Já na Área Metropolitana do Porto, onde se integram 17 concelhos, houve 993 pedidos de ajuda, com os concelhos do Porto (270), Vila Nova de Gaia (217) e Gondomar (101) a concentrarem o maior número de apelos.
Vítimas são sobretudo mulheres e agressores são na maioria homens
O relatório da APAV que compila os dados de 2017 mostra que a maioria dos crimes são contra pessoas, sendo quase 76% deles relativos a violência doméstica.
O perfil geral das vítimas mantém-se. A maioria era do sexo feminino (82,5%) e tinha idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos. Cerca de 28% das vítimas eram casadas e 23% solteiras, pertencendo a famílias com filhos em 33,4% dos casos. “Em termos académicos e profissionais, o ensino superior apresentou-se como o grau de ensino mais referenciado (8,4%) e mais de 30% das vítimas encontravam-se profissionalmente activas”, diz a APAV.
A organização sem fins lucrativos adianta ainda que as relações de cônjuge, companheiro/a, ex-cônjuge, ex-companheiro/a, ex-namorado/a e namorado/a no seu conjunto totalizam 59,7% das relações existentes entre vítima e autor/a do crime.
De acordo com a APAV, o mais de 80% dos agressores eram do sexo masculino e tinham idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos (23,3%). Cerca de 30% eram casados e possuíam uma ocupação profissional (32,1%).
O tipo de vitimação continuada foi o mais registado em 2017, representando 75% dos casos, e os locais do crime mais referenciados foram a residência comum, a residência da vítima e a via pública, revela ainda o relatório.
Na maioria dos casos, a vítima ou o familiar/amigo da vítima entrou em contacto via telefone ou de forma presencial (88%), mas, diz a APAV, tem havido um aumento dos contactos via e-mail ou redes sociais.
Gabinete de Apoio à Vítima de Paços de Ferreira apoiou 73 vítimas
Em 2017, o Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) de Paços de Ferreira registou um total de 82 processos de apoio à vítima e 73 vítimas directas de crimes e outras formas de violência, refere um outro relatório da APAV.
De entre os 210 crimes e outras formas de violência registados o destaque vai para os crimes de maus-tratos físicos e de maus-tratos psíquicos, diz a instituição. Houve ainda registo de casos de ofensa à integridade física, maus-tratos, ameaça/coacção, perseguição (stalking), difamação/injúrias, furto ou dano.
“Os contactos efectuados para o GAV de Paços de Ferreira foram, maioritariamente, efectuados pelos/as próprios/as utentes (68,1%), seguindo-se os contactos de familiares (13,2%). No que diz respeito à forma como os/as utentes chegam ao Gabinete, os encaminhamentos obtidos através da CPCJ (22,6%) e da autarquia (22,6%) foram os mais significativos”, diz o documento.
Em 89% das situações sinalizadas verificava-se a existência de crime, salienta a instituição de apoio à vítima.
Como acontece a nível nacional, em cerca de 86% dos casos, as vítimas eram do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 35 e os 64 anos (46,6%), e cerca de 80% dos 79 autores de crime registados eram do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 45 e os 54 anos (13,9%).
A maioria das vítimas apoiadas era de Paços de Ferreira, tendo recorrido ainda a este gabinete pessoas de Paredes, Penafiel, Marco de Canaveses, Felgueiras, Santo Tirso e Trofa (entre outras que preferiram não identificar o lugar de residência).
Das situações que chegaram ao gabinete de apoio à vítima de Paços de Ferreira em 2017, 48% foram alvo de queixa numa entidade policial.
Segundo a APAV, os dados estatísticos presentes no relatório anual reportam-se aos processos de apoio desenvolvidos presencialmente, por telefone e online em 2017 pelos serviços de proximidade da APAV, onde se inclui o Sistema Integrado de Apoio à Distância (Linha de Apoio à Vítima), a rede nacional de 18 Gabinetes de Apoio à Vítima presentes em 26 concelhos, a rede nacional de Casas Abrigo e as redes especializadas: rede de apoio a vítimas migrantes; rede de apoio a familiares e amigos de vítimas de homicídio; e rede de apoio a crianças e jovens vítimas de violência sexual.