Foto: José Sarmento Matos | APAV

De 2018 para 2019, houve um crescimento de 25% no número de vítimas apoiadas pela APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – de 9.344 vítimas em 2018 para 11.676 vítimas em 2019 – e um aumento de 45% no número de crimes e outras formas de violência reportados – de 20.589, em 2018, para 29.816, em 2019.

Segundo o Relatório Anual 2019 das Estatísticas APAV, no ano passado houve um total de 54.403 atendimentos. Trata-se de um aumento de 18%  face ao ano anterior (46.371).

A APAV apoiou vítimas oriundas de 273 concelhos, dos 304 existentes. Só nesta região, nos concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo, a APAV apoiou 386 vítimas, um aumento de 119 pessoas apoiadas em relação a 2018 (267 vítimas).

Paços de Ferreira, onde existe um gabinete de apoio à vítima da APAV, foi o concelho que registou mais casos: 178. De Valongo foram apoiadas 84 pessoas e de Paredes 72. Já em Penafiel e Lousada a APAV ajudou 29 e 23 vítimas, respectivamente. Em todos os concelhos, houve crescimento de vítimas em relação a 2018.

Procuraram ajuda 23 mulheres por dia

Os dados estatísticos disponibilizados pela APAV reportam-se aos processos de apoio desenvolvidos presencialmente, por telefone e online, no ano transacto, pelos 64 serviços de proximidade da instituição. Desde que foi criada, há 30 anos, a APAV já deu apoio a mais de 330.000 mil pessoas.

Além de registar um aumento de casos, a APAV mostra a tipologia das vítimas ajudadas. As mulheres adultas continuam a ser as que mais recorrem à ajuda da associação, mantendo a tendência. Elas representam 81% dos casos.

“Em 2019, a APAV apoiou 1.350 pessoas idosas (+65 anos) vítimas de crime (em média, quatro por dia e 26 por semana); 1.473 crianças e jovens (em média, quatro por dia e 28 por semana); 1.617 homens adultos (em média, quatro por dia e 31 por semana) e 8.394 mulheres adultas (em média, 23 por dia e 161 por semana).

Das 11.676 vítimas apoiadas pela APAV no ano passado, 79% foram vítimas de violência doméstica, reporta o documento.

Além da própria vítima, a maioria das queixas chegaram através das forças policias ou de amigos e vizinhos. o contacto telefónico foi usado em 57,4% das vezes.

“A maioria das vítimas continua a ser do sexo feminino (80,5%), com idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos de idade (36,6%). Já em termos académicos, e tendo em conta os dados que foi possível recolher, o ensino superior (6,3%) apresentou-se como o grau de ensino mais referenciado, seguindo-se o ensino secundário (4,6%)”, refere a APAV.

Já os autores dos crimes eram em 66% dos casos do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos (18,2%).

Quanto à relação entre o autor e a vítima de crime, em 45% dos casos eram de cônjuge, companheiro/a, ex-cônjuge, ex-companheiro/a, ex-namorado/a e namorado/a. “Porém, também as relações de consanguinidade se mostraram significativas, tendo como disso exemplo os casos em que o autor/a é filho/a da vítima (7,4%) ou ainda, os casos em que o autor/a é pai/mãe da vítima (6,8%)”, descreve a APAV.

Governo antecipa aumento da violência doméstica devido à pandemia

Dados divulgados pela União Europeia, citados pelo Jornal Expresso, mostram que após a primeira semana de isolamento, os casos de violência doméstica aumentaram um terço “de forma generalizada e em alguns países da UE”. Em quarentena torna-se muito difícil para as vítimas pedirem ajuda, já que o “agressor está sempre por perto”, estando “fechadas em casa e mais expostas aos abusos”.

Por isso, o Governo e várias organizações de apoio à vítima de violência doméstica avançaram com o aumento do número de vagas nos centros de acolhimento da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica especificamente para esta época de combate à COVID-19. Foi também lançado um sistema de SMS gratuito (3060) para pedir ajuda, além de reforçadas as linhas habituais.

A APAV diz que na sequência de repto e financiamento do Gabinete da Secretária de Estado da Cidadania e Igualdade abriu um Centro Temporário de Acolhimento de Emergência para vítimas de violência doméstica que “vai acolher mulheres que sejam vítimas de violência doméstica, acompanhadas ou não de filhos até aos 18 anos”.

Trata-se de “um equipamento provisório que deverá funcionar nos próximos três meses, extensíveis por mais três meses, estando dependente da evolução sanitária do país”.

Segundo a instituição, o Centro possui um Posto de Rastreio de COVID-19, que dispõe de quartos de espera e de confinamento para as mulheres que entram, caso se revele necessário.

“Neste momento extraordinário, em que são muitas as questões relacionadas com o confinamento social e a necessária quarentena devida à COVID-19, sabe-se, sobretudo através de relatos vindos de países que já aplicaram as mesmas medidas, que tem existido um eventual aumento de situações relacionadas com a violência doméstica”, descreve a APAV.

Como pedir ajuda

APAV
Linha de Apoio à Vítima: 116 006 (dias úteis das 9h00 às 21h00)
Email: apav.sede@nullapav.pt

Linha Internet Segura: 800 21 90 90

Messenger: apav.portugal

Skype: apav_lav.

 

Gabinete de Apoio à Vítima de Paços de Ferreira

Localização: Câmara de Paços de Ferreira

Telefone: 255 860 777
Email: apav.pacosdeferreira@nullapav.pt
Horário: Segunda, terça, quinta e sexta-feira: 9h00 – 13h00 e 14h00 -17h00

 

UAVMD – Unidade de Apoio à Vítima Migrante e de Discriminação – Porto
Morada: Centro de Recursos Sociais da Câmara do Porto
Rua da Fábrica Social, 17, Piso 2
4000-201 PORTO
Telefone: 22 550 29 57
Email: uavmd.porto@nullapav.pt
Horário: dias úteis: 10h00-13h00 / 14h30-18h00