O comandante dos Bombeiros Voluntários de Penafiel, António Rodrigues Paulino, anunciou, no sábado, no tradicional jantar de Natal da corporação, que contou com a presença de cerca de 300 bombeiros, que vai deixar de exercer as funções de comandante, por limite de idade.

Num discurso emocionado, António Rodrigues Paulino lembrou que exerceu as funções durante 14 anos e invocou estar prestes a atingir o limite de idade, imposto por lei, os 65 anos.

Apesar do anúncio de despedida, o comandante prometeu manter-se à frente do comando até que seja encontrado um substituto pela actual direcção, processo que só deverá estar concluído dentro de alguns meses e após a tomada de posse dos órgãos sociais que foram recentemente eleitos em eleições para a instituição.

“Temos de cumprir as leis. Como estou prestes a fazer 65 anos coloquei o meu lugar à disposição da actual direcção. Com a mesma alegria que entrei é com a mesma alegria que saio. Até diria mais, há políticos que não têm idade para estar na política, mas no toca a servir as instituições já há um limite de idade mesmo que esse trabalho seja feito a custo zero”, disse, agradecendo a Alberto Simões, ex-presidente da direcção dos Bombeiros de Penafiel, um dos responsáveis, frisou, por ter assumido a função de comandante.

Ao Verdadeiro Olhar,  o comandante recordou que ao longo destes 14 anos viveu momentos verdadeiramente únicos que jamais esquecerá.

“Recordo-me de um incêndio na vila de Abragão, com proporções  alarmantes e ventos fortes. Ficamos cercados pelas chamas, mas felizmente, tive a sorte e o arrojo de ter salvo cinco bombeiros e de me ter salvo a mim próprio, numa altura em que todos já me davam como morto”, disse, sustentando que o que mais o desagradou, nestes últimos anos, foi a “ingratidão” demonstrada por algumas pessoas.

“O que mais me magoa enquanto comandante é ver a ingratidão de algumas pessoas, a falta de reconhecimento. Só se lembram dos bombeiros quando precisam deles. Devem lembrar-se deles porque são soldados da paz e dão a vida para defender os outros”, afiançou.

Ao seu sucessor, António Rodrigues Paulino deixou palavras de incentivo e motivação. “Espero que tenha o arrojo  necessário para este missão e que nunca lhe falte a motivação e a coragem”, confessou.

O presidente da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penafiel, Eduardo Nunes, recentemente eleito, destacou o empenho e o profissionalismo do actual comandante e prontificou-se a resolver esta situação o mais rapidamente possível assim que os órgãos eleitos tomem posse.

“Conto com ele para me ajudar nesta transição e continuar a colaborar com os bombeiros como sempre o fez”, referiu.

O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, realçou a coragem e o contributo que António Rodrigues Paulino sempre dedicou aos soldados da paz.

“Por exigências da lei não vai poder continuar a assumir funções como comandante dos bombeiros como gostaríamos que acontecesse, mas quero expressar publicamente a admiração por tudo o que ele fez em prol da corporação. Nem sempre fez tudo bem, terá tido as suas falhas como temos todos, mas dispensou muito do seu tempo e do seu saber a esta casa e contribuiu para elevar a causa dos bombeiros voluntários”, avançou.

António Rodrigues Paulino iniciou o quadro de comando em 2003. Foi bombeiro durante oito anos e exerceu, também, o cargo de vice-presidente da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Penafiel.

Apresentada nova ambulância de socorro

A tradicional ceia de Natal dos Bombeiros de Penafiel ficou, também marcada pela apresentação de uma nova ambulância de socorro, custeada a expensas da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penafiel.

Além da nova ambulância de socorro, a direcção ofertou aos bombeiros vários aparelhos Respiratório Independente Circuito Aberto, usualmente designado de Aricas, cuja aquisição foi suportada pelos Bombeiros de Penafiel e pela comunidade local através da realização de uma caminhada que contou com mais de mil pessoas.