O Núcleo da Assistência Médica Internacional (AMI) Lousada entregou, esta quarta-feira, dezenas de brinquedos a 60 crianças carenciadas do concelho, na tradicional festa de Natal que a instituição promove todos os anos.
Ao Verdadeiro Olhar, o presidente da AMI Lousada, Vasco Bessa salientou que, são muitas mais as crianças beneficiadas, ultrapassando 100 os menores que vão receber um brinquedo até ao Natal.
“Muitos pais não têm meio de transporte para se deslocar à AMI Lousada pelo que os filhos não puderam receber o brinquedo que a instituição tem para lhes dar. Em todo o caso, algumas famílias a quem habitualmente damos o cabaz de Natal já receberam os respectivos brinquedos para entregar aos seus filhos. As restantes famílias que ainda não receberam os brinquedos vão recebê-los quando vierem levantar os cabazes”, disse, salientando que nenhuma criança cujo agregado familiar está referenciado na instituição vai deixar receber uma pequena lembrança.
Falando da entrega de brinquedos, iniciativa que se realiza há cerca de 10 anos, Vasco Bessa, destacou que o propósito é proporcionar um Natal diferente aos mais pequenos cujos agregados familiares vivem com dificuldades.
“É uma forma de nos associarmos à quadra natalícia e proporcionar um sorriso a cada criança. É um pequeno gesto, mas que faz toda a diferença. Os mais novos agradecem-nos com sorrisos e os pais revêem-se neste gesto”, afirmou, frisando que a entrega dos brinquedos contou com o apoio de duas superfícies comerciais do concelho.
A par dos brinquedos, Vasco Bessa informou que as crianças levam, também, para casa um pijama, um agasalho para fazer face às baixas temperaturas que se têm feito sentir, um presente de um feirante do concelho que também se associou a esta causa.
“Estamos a falar de produtos em bom estado e que vão proporcionar um Natal melhor quer aos mais pequenos quer às famílias”, sustentou.
O presidente da AMI Lousada realçou que a instituição entregou no início do ano lectivo mais de cem mochilas com material a acessórios para a escola aos alunos dos vários estabelecimentos de ensino do município, numa acção que contou com a colaboração de uma cadeia de hipermercados nacional.
Cabazes de Natal beneficiam cerca de 300 famílias
A par da entrega dos brinquedos, a AMI Lousada procedeu já à entrega dos habituais cabazes de Natal, com produtos alimentares direccionados para a quadra do Natal.
“Trata-se, igualmente, uma iniciativa que vimos realizando há vários anos, que consiste em entregar um cabaz às famílias mais carenciadas do concelho, agregados que estão devidamente referenciados e sinalizados pela nossa técnica”, expressou.
O responsável pela AMI Lousada declarou, ainda, que, este ano, e contrariamente ao que tem sido prática, a instituição criou dois tipos de cabazes, um semanal e outro mensal, mais reforçado e com mais produtos.
“Além do cabaz semanal, os agregados que estão devidamente sinalizados pelos nossos serviços recebem, também, um cabaz de produtos semanal”, assegurou, salientando que todos os produtos oferecidos resultam dos peditórios feitos pela AMI Lousada e dos excedentes que foram oferecidos por uma superfície comercial da vila.
Referindo-se ao perfil dos agregados que recorrem à instituição, Vasco Bessa defendeu que a grande maioria são famílias com vários filhos, baixas qualificações, de zonas rurais que têm parcos rendimentos, se encontram desempregados ou a auferir o rendimento social de inserção.
“Mas também temos pessoas que se deslocam à instituição que não imaginávamos que o pudessem fazer, com quem nos cruzamos na rua, que tinham uma vida estável e por razões diversas ficaram numa situação económico-financeira débil”, avançou, reiterando a ideia de que há pessoas da classe média que caíram na armadilha do desemprego, passando a recorrer ao apoio da AMI Lousada.
O presidente da AMI manifestou, por outro lado, que a localização das actuais instalações da instituição, um espaço da Câmara de Lousada, cuja renda é paga pela autarquia, fez com que muitos agregados e cidadãos passassem a recorrer aos serviços da instituição. “Estamos a falar de um espaço que se encontra num sítio mais recôndito, não tão exposto como acontecia com as anteriores instalações e talvez por isso as pessoas passaram a solicitar mais o nosso apoio”, confessou, ressalvando que, nos últimos anos, o número de pessoas e agregados que acorrem à AMI tem vindo a aumentar.
Segundo Vasco Bessa a maioria das pessoas que recorrem à AMI Lousada são de Lousada, mas também existem agregados de Paços de Ferreira, Felgueiras e até de Penafiel que o fazem. No concelho de Lousada, as freguesias que mais recorrem à instituição são as de Meinedo e Silvares.
“Faltam voluntários”
Segundo Vasco Bessa, faltam voluntários para ajudar a instituição nas várias actividades e acções que realiza anualmente. “Temos 10 voluntários, uma assistente social, mas são poucos para fazer face às inúmeras solicitações que temos. Lanço o repto para que mais pessoas se voluntariem e nos ajudem, pois há muito trabalho a realizar. No início éramos uma instituição sem expressão, hoje somos uma instituição com visibilidade quer no concelho quer na região”, asseverou, relevando o apoio quer da Câmara de Lousada quer das associações e instituições particulares de solidariedade social.
“Julgo que prestamos um verdadeiro apoio à comunidade e a quem na procura, não viramos a cara a ninguém e procuramos, dentro das nossas possibilidades, contribuir para minimizar os problemas sociais da comunidade”, confessou ainda.
Cecília Dias, assistente social do núcleo da AMI Lousada, recordou que os processos dos beneficiários da instituição são escrupulosamente tratados e monitorizados.
“Compete aos beneficiários fazerem prova de todos os elementos e só mediante a prova desses dados é que lhes é conferido o respectivo apoio”, asseverou, reconhecendo que o apoio da AMI não se traduz apenas no fornecimento de géneros alimentícios, mas também na entrega de vestuário. “Há sempre necessidades a colmatar”, atestou, reconhecendo que a AMI presta um serviço social relevante e que o número de pedidos que chegam à instituição é crescente.
“Apesar da retoma da economia e dos indicadores apontarem para isso mesmo, para as famílias que estão com necessidades é-lhes mais difícil sair da crise. Daí que este contributo também seja fundamental”, anuiu, acrescentando que além das famílias com filhos existe uma franja de casais que já estão reformados que dependem das magras reformas que têm e que recorrem ao apoio da AMI.
“Famílias agradecem apoio”
António Pereira, 56 anos, residente na freguesia de Aveleda, concelho de Lousada, com um filho menor de 15 anos a seu cargo destacou que sem o apoio que ele e o filho auferem da AMI Lousada a sua vida seria mais difícil. “A ajuda da AMI é importantíssima. Recebo o rendimento mínimo, a prestação da renda é bastante elevada, pelo que o dinheiro não abunda”, expressou, reconhecendo que a AMI Lousada presta um apoio fundamental às famílias mais carenciadas do município.
“Trabalhei durante vários anos na indústria hoteleira, mas fiquei desempregado e com a minha idade é mais difícil arranjar emprego”, referiu.
“Maria”, nome fictício, residente em Vilar do Torno, Lousada, assumiu que o contributo que recebe da AMI tem-lhe permitido minimizar as muitas dificuldades com que se defronta no dia a dia. “Tenho quatro filhos, além do abono de família, não tenho outros apoios. Eu e o meu marido estamos ambos desempregados pelo que esta ajuda, numa altura destas, é bem-vinda”, garantiu.
A AMI Lousada serve 600 utentes.