Diz o dicionário que utopia é a ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários em que tudo está organizado de uma forma superior e perfeita. Descrição que nos leva a afirmar que será também sinónimo de um sonho ou algo inatingível. Há, no entanto, acções que a colocam no plano do concretizável e a utopia às vezes é tornada realidade. É o caso de um projecto de alunos do 11.º ano da Escola Secundária de Valongo que querem combater o desperdício alimentar e ajudar a comunidade. Daqui poderá ser criado um frigorífico comunitário no centro de Valongo.
Os alunos foram os autores de um projecto que venceu a competição “PAN-Utopia 2100” da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que tem por objectivo mobilizar os alunos do ensino básico e secundário. “Age localmente, pensa globalmente” foi a máxima aplicada pelos alunos do 11.º CT1 e duas alunas do 9.º A da Escola Secundária de Valongo quando desafiados para desenvolver um projecto em torno do tema do desperdício alimentar, explicou ao VERDADEIRO OLHAR Olga Almeida, professora de Inglês e responsável pela coordenação do projecto, sublinhando que o desafio foi que os alunos “reflectissem do ponto de vista da sustentabilidade, bem como na justiça ou injustiça social na distribuição dos alimentos”. Segundo a responsável, o projecto, que funcionou de forma transversal a todas as disciplinas, permitiu aos alunos fazer uma “reflexão muito ampla de quantas pessoas passam fome e a quantidade de desperdício alimentar feito diariamente”. Nas suas pesquisas ficaram a saber que, anualmente, um milhão de toneladas de alimentos são desperdiçados, o suficiente para acabar com a fome a nível mundial e que em Portugal, todos os dias, desperdiçam-se 50 mil refeições diárias. Conscientes da importância de reduzir o desperdício alimentar quer por questões de justiça social, quer de sustentabilidade do nosso planeta, os alunos construíram um plano de acção com ideias estruturadas, objectivos e custos para implementar a nível local e começar a mudança na sua comunidade.
Instalar frigorífico comunitário no centro de Valongo
Uma das ideias passa pela instalação de um frigorífico comunitário no centro da cidade de Valongo, onde possam ser colocados bens alimentares, em condições de consumo, para todos os que necessitam possam usufruir daquilo que outros não consumiram. A ideia é que todos os que podem abasteçam para tirar quem precisa. Os alunos já contactaram com padarias e confeitarias da cidade, no sentido de colaborarem com a doação dos bens alimentares que não forem consumidos até ao fecho do estabelecimento. Num espírito de colaboração, serão os alunos que farão essa recolha. A comunidade escolar da Secundária de Valongo será envolvida no projecto, ficando encarregues da limpeza do frigorífico e da vigilância dos alimentos disponíveis. “Com este projecto, os alunos percebem bem que com pequenas coisas podemos ajudar muitas outras pessoas”, diz Olga Almeida, sublinhando que “não conseguimos resolver a fome no mundo, mas podemos ajudar localmente, na comunidade”. Depois das férias escolares, o trabalho será retomado em Setembro para que as ideias constantes do plano de acção e do regulamento preparado possam ser concretizadas no terreno que terão com certeza impacto na comunidade. O projecto deverá ser apresentado publicamente em meados de Outubro.
