Fotografia: João Sousa

O aluno João Sousa, de Lousada, da classe de piano da professora Marta Moreira, obteve o 3.º Prémio no I Concurso Ibérico Adelina Caravana que decorreu no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga.

Na I edição do concurso deste ano, o piano esteve em evidência tendo contado com pianistas consagrados.

Ao Verdadeiro Olhar, João Sousa destacou que a atribuição deste prémio foi  corolário de todo um trabalho realizado no Conservatório do Música do Vale do Sousa e da consciência artística que desenvolveu ao longo destes anos e que lhe deu as ferramentas necessárias para fazer música.

“Acho que para qualquer músico é um privilégio participar em qualquer actividade que promova um ambiente de enriquecimento e de partilha musical, o que faz da minha participação neste concurso, por si só, importante. O 3.º prémio é sem dúvida algo muito gratificante a acrescentar a esta participação, nesta fase tão importante da minha carreira como músico”, disse, repartindo este prémio com a professora do Conservatório de Música do Vale do Sousa, Marta Moreira.

“Sim, é bom ver o trabalho recompensado. Ainda assim, este prémio não é um ponto de chegada, mas um ponto de passagem para os inúmeros desafios que tenho pela frente”, frisou.

O aluno lousadense realçou que o seu objectivo enquanto aluno passa por evoluir, quer a nível musical, quer a nível académico e não excluiu a possibilidade de tocar, também, no estrangeiro.

“O resto, certamente, virá por consequência. Embora seja difícil, não só em Portugal, mas em todo o lado, creio que com trabalho e originalidade, é possível. Definitivamente, é umas das experiências que mais gostava de ter”, sustentou.

João Sousa manifestou, ainda, que  o estudo da música não tem interferido com os estudos académicos. “Não tive que conciliar os estudos porque desde o décimo ano que frequento o ensino artístico especializado em frequência de articulado. Este ensino permite-me ter apenas as disciplinas de formação regular (português, inglês, filosofia e educação física) e aprofundar o estudo da música, com diversas disciplinas desta temática”, afiançou.

“Achava “bonita” a forma como os pianistas tocavam e gostava do som do instrumento, mas não acredito que tivesse um porquê definido aos 9 anos”

Falando do piano, o músico lousadense referiu que é um instrumento exigente e requer bastante estudo.

“Embora não tenha começado a estudar piano quando ingressei no Conservatório do Vale do Sousa, este instrumento sempre foi a minha primeira opção. Penso que na altura achava “bonita” a forma como os pianistas tocavam e gostava do som do instrumento, mas não acredito que tivesse um porquê definido aos 9 anos”, confessou.

Já a professora de música  do Conservatório do Vale do Sousa, Marta Moreira, realçou que  o I Concurso Ibérico “Adelina Caravana” foi um desafio que lançou ao João, aluno finalista do Conservatório do Vale do Sousa, tendo sido o terceiro concurso de piano em que  participou. Falando das qualidades artísticas de João Sousa, a docente de piano realçou que o jovem é um aluno muito especial e ao contrário dos discentes que se apresentam regularmente nestas actividades, tem apenas seis anos de estudo deste instrumento.

“Normalmente, os alunos que se apresentam nestes concursos estudam piano desde os 4/5 anos de idade e de forma muito intensiva. Mesmo sem todo esse background, o João revela um talento muito evidente: uma sensibilidade musical muito apurada, um nível de desenvoltura técnica bastante acentuado e uma capacidade intelectual claramente acima da média. Assim, o alto nível artístico com que se apresentou neste último concurso não foi surpresa para mim (que estive lá a assistir às provas todas) e ficamos ambos muito satisfeitos com a prova do João”, adiantou.

Fotografia: João Sousa

“No curriculum de João Sousa consta, também, o 3.º prémio que conseguiu no nível III do 12.º Concurso Internacional de Piano do Alto Minho, os prémios que já conquistou em concursos internos do CVS – 2.º prémio na 1.ª e 2.ª edição do Concurso Interno de Piano e 1.º prémio na 2.ª edição do Concurso Interno do Secundário)”

Ao Verdadeiro Olhar, Marta Moreira destacou que o concurso deste ano contou com  presença de músicos nacionais e internacionais de excelente qualidade o que acabou por valorizar ainda mais o terceiro lugar obtido pelo seu aluno.

“No entanto, ao contrário do que normalmente acontece nas categorias mais avançadas dos concursos de Piano, neste o João tinha mais 15 concorrentes a competir com ele, dois deles espanhóis, e muitos com prestações absolutamente inacreditáveis. Falo de alunos com igualmente 17 anos (ou até menos) a tocar o mesmo repertório que se encontrava na categoria acima (de alunos mais velhos e, portanto, já inseridos no Ensino Superior) e de forma extraordinária”, frisou.

Marta Moreira reconheceu, ainda, que qualquer prémio representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido, pelo aluno, pelos professores e pelo Conservatório do Vale do Sousa.

“Na minha perspectiva pessoal, a participação em qualquer concurso já é uma vitória, um marco importante nos seus percursos artísticos. Participar num concurso implica uma preparação muito diferente da que se exige normalmente num percurso académico, mais intensiva e persistente. Nem todos os alunos conseguem trabalhar para participar neste tipo de atividades, principalmente pela pressão que lhes está implícita”, avançou, salientando que no modelo de ensino em que estamos inseridos, os contextos de aprendizagem são bastante diferentes daquele que observamos em Conservatórios mais antigos, mais reputados.

“Os alunos do Curso Básico de Música só têm uma aula semanal de 45 minutos de Instrumento, enquanto que nos conservatórios públicos, têm duas aulas semanais ou uma de 90 minutos, por exemplo. Se pensarmos em alunos de Escolas Profissionais de Música, a discrepância entre os contextos educativos é ainda mais evidente”, expressou.

“Se tivermos em conta que o João já tem participado em vários concursos, tanto internos do Conservatório do Vale do Sousa como externos, é extremamente gratificante constatar que o trabalho desenvolvido no Conservatório consegue atingir níveis de excelência mesmo em situações menos favoráveis quando comparado com outros conservatórios”

A docente de piano do Conservatório do Vale do Sousa atestou, também, que é gratificante constatar que o trabalho desenvolvido no Conservatório consegue atingir níveis de excelência quando comparado com o de outros conservatórios em que o ensino da música tem mais carga horária.

“Se tivermos em conta que o João já tem participado em vários concursos, tanto internos do Conservatório do Vale do Sousa como externos, é extremamente gratificante constatar que o trabalho desenvolvido no Conservatório consegue atingir níveis de excelência mesmo em situações menos favoráveis quando comparado com outros conservatórios. É óbvio que isso só é possível com um trabalho muito empenhado e focado de alunos como o João, e nesse sentido, é muito importante que se valorize e se reconheça este trabalho”, sustentou.

Publicidade

Reportando-se às qualidades e à mestria de João Sousa, a docente constatou que João Sousa, é um jovem extraordinário que não precisa de somar prémios no seu currículo para se empenhar no seu crescimento artístico.

“A sua motivação intrínseca é já bastante alta. Um dos aspectos mais gratificantes de trabalhar com ele, para mim pessoalmente, é constatar que o seu real objectivo é atingir um alto nível artístico pelo valor da Arte em si, como instrumento de comunicação com o público. É um pianista com uma visão muito própria do que é ser pianista, algo incomum em jovens desta idade.  Ainda assim, conquistar um prémio como este é sempre um marco importante, particularmente num ano em que se encontra a concluir o Curso Secundário de Música e a concorrer ao Ensino Superior de Música. Este é um ano muito desafiante e este tipo de incentivos ajudam a conhecer o nosso real valor, o que para qualquer performer se assume determinante”, acrescentou, reconhecendo que ser pianista é um ato de coragem.

“Só alguém muito corajoso é que consegue enfrentar o palco completamente sozinho, perante uma plateia cheia, e ambiciona transmitir a essa plateia uma mensagem, um discurso. Quanto mais palcos e mais contextos de performance conseguirmos proporcionar aos nossos alunos, mais completa irá ser a sua formação”, acrescentou.