“A Arte de Caçar Destinos”, assim se intitula a mais recente obra do escritor Alberto S. Santos, que foi apresentada, esta quarta-feira, no jardim do Museu Municipal de Penafiel e que contou com a presença do jornalista da TSF, Fernando Alves, que assina o prefácio. O penafidelense Germano Silva, jornalista e historiador, é o autor do posfácio.
A obra, agora editada, a quinta do autor, integra um conjunto de sete contos, seis dos quais são passados em Penafiel, concelho e cidade, e remete para o universo das tradições, das crenças e práticas mágico-religiosas, sobretudo, do Norte de Portugal.
As histórias que estão plasmadas nesta obra têm como referência a Quinta de Quintandona, em Lagares; o Castro Monte Mozinho, a Cidade Morta; Fonte Arcada; e Luzim, entre outros locais simbólicos do concelho.
A freguesia de Fonte Arcada e o Lançamento do Mastro, tradição que consiste em colocar um eucalipto com cerca de 30 metros, enfeitado com hortênsias, no monte de S. Domingos, é uma das referências do livro. O ritual remete para o culto da fertilidade masculina e está, também, ligado à memória das festas e ao ciclo das colheitas, lembrou o autor.
“Histórias passam-se em diferentes locais do concelho”
Segundo o autor, “A Arte de Caçar Destinos” é um reportório de misteriosas histórias, em que o sobrenatural se insinua e o profano convive com o religioso, num obra que retrata, também, os usos e costumes de uma região e a consciência colectiva de um povo.
“São várias histórias que procuram captar o imaginário português, mais propriamente, o imaginário do Entre o Douro e Minho e de Penafiel e que se traduz num conjunto de histórias que partem do nosso património, do concelho e da riqueza identitária e simbólica que elas têm na construção dessa identidade”, disse.
Reconhecido pelos seus romances históricos de grande sucesso, Alberto S. Santos destacou que os temas retratados, nesta obra, têm, sobretudo, a ver com as tradições orais, os ciclos agrários, as crenças que foram atravessando as várias gerações.
Falando da pesquisa que fez para esta obra, o escritor afirmou ter descoberto que Penafiel tem uma história “riquíssima” que deve ser preservada sob pena de se desvanecer.
“Acho que contar histórias à volta do nosso património e das nossas tradições é a melhor forma de as honrarmos e de as preservarmos no tempo”, expressou.
Quanto à veracidade dos contos que preenchem a mais recente obra do autor, Alberto S. Santos admitiu que misturou factos com “estórias” que remetem para o nosso imaginário, o mundo das crenças, dos mitos que tornam difícil distinguir o que é real do mundo da ficção.
“Os leitores vão ter o prazer de distinguir entre o que querem acreditar e o que não querem, entre o que é real e o que é sobrenatural”, acrescentou, desejando que os leitores possam usufruir desta experiência e perceber melhor a sua cultura e aquilo que são enquanto povo e comunidade.
“Alberto Santos sempre teve uma relação afectiva com Penafiel”
O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, reconheceu o talento do escritor e realçou o facto de Alberto Santos ter escolhido o Museu Municipal para proceder à apresentação oficial da obra.
“Este livro vai seguramente ser mais um sucesso. Alberto Santos é um escritor que tem um carinho especial pela cidade e pelo concelho e isso ficou patente pela escolha do local para a apresentação oficial deste trabalho”, assegurou, lembrando que Alberto Santos foi presidente da Câmara de Penafiel e desempenha funções como presidente da Assembleia Municipal, mantendo uma relação afectiva com o município.
Quanto ao livro em concreto, o chefe do executivo afirmou não ter tido, ainda, a oportunidade de o ler, mas reconheceu que é uma obra que fala do território, com inspirações da vida do município e vivências da cidade e do concelho.
“É uma obra que vai dizer muito aos penafidelenses, que remetem para a sua infância e ajudam a definir a tradição e a alma portuguesa”, asseverou.
“A Arte de Caçar Destinos” vai ser apresentada já, esta quinta-feira, no Porto, seguindo-se Lodares (Lousada), Portimão, Sesimbra e outras localidades.
Alberto S. Santos publicou os romances “A Escrava de Córdova”, em (2008), “A Profecia de Istambul” (2010), “O Segredo de Compostela” (2013) e “Para Lá de Bagdad (2016)”. Participa na série de contos de autores lusófonos Roça Língua (2014).