Assim começa aquele lindo poema de José Gomes Ferreira que Fernando Lopes Graça musicou e divulgou. Este podia ser o nosso grito de alerta.
Acordai paredenses e não vos deixeis embalar pelas promessas de quem pouco ou nada fez para além disso mesmo, promessas. Acordai e não acrediteis no mesmo canto de cisne que vos prometeu, pavilhões, estradas, estádios de futebol, pistas olímpicas, edifícios sumptuosos, uma cidade inteligente, o maior mastro do mundo e sei lá que mais. As faces mudam mas o discurso e a escola são as mesmas.
O que ganhamos? Nada do que foi prometido. Até as novas escolas que tanto defendem como uma das obras mais icónicas deste mandato, têm sido mais famosas pelos problemas que condicionaram do que pelas vantagens que trouxeram. Mas só vê quem quer ver. Perdemos a proximidade das escolas básicas, perdemos o estádio e o multiusos de Paredes. Perdemos tudo o que deveria ter sido feito e não foi. Há mais ginásios nas freguesias mas que nem todos podem usufruir. Não são geridos pelos fregueses.
Não vos deixeis enganar pelas súbitas, mas pequenas e curtas, demonstrações de preocupação pelas dificuldades sentidas pelas vossas associações e grupos desportivos que durante anos e anos sempre se queixaram do desinteresse manifestado pela sua autarquia municipal. É vê-los a porem-se em bicos de pé para recolherem as rosas e os louros. Mas poucas vezes se veem no início, no nascer das iniciativas, quando estas não passam de projetos sonhados por gente boa e empreendedora que felizmente Paredes tem. Sim, Paredes tem tido gente lutadora, persistente, com iniciativa para criar estruturas sociais, desportivas ou empresariais. Valha-nos isso. Mas é pouco. As iniciativas, por muito valor que tenham individualmente, repetem-se, atropelam-se e continua a faltar o que é essencial. Falta planificação, estratégia, estímulo e orientação para que seja feito o que mais precisamos.
O que precisa Paredes? Tanta coisa. Quase tudo. Cada freguesia devia planificar o que pretende ser, o que quer ser, o que lhe falta para ser e estabelecer metas. Metas que os fregueses assumam, defendam e reivindiquem do poder municipal e do governo. Tal como estão dispostos a fazer os fregueses da Sobreira com o seu plano de uma “Vila Residencial” apresentado no dia 14 de Maio. No mesmo sentido estará a recente constituição da associação “Abraçar Paredes”. Assumida a incapacidade de desenvolver um projeto de eventos culturais que realmente interessem aos Paredenses, a câmara municipal entregou a esta comissão de cidadãos a sua dinamização, dando-lhe como sede a Biblioteca Municipal. Dizem-se independentes do poder político. Sejam ou não sejam, façam o que é necessário para abanar esta sociedade que vive adormecida nos “silêncios vis” como diz a canção.
Mas muito mais há para fazer. Acordai Paredenses desse vosso silêncio. “Acordai e acendei de almas e de sóis, este mar sem cais, nem luz de faróis…” Acordai…